A
administração de Cavalcante, município localizado no Nordeste goiano, uma das
regiões mais carentes do Estado, tenta encontrar meios para enfrentar os
efeitos da pandemia do coronavírus no município. Com cerca de 10 mil
habitantes, a localidade recebeu 90 doses da vacina contra a Covid-19,
insuficientes para atender nesta primeira etapa os 177 trabalhadores da saúde.
Até agora,
são 73 casos e 2 mortes pela doença confirmados. Com pouca infraestrutura,
Cavalcante, ao norte da Chapada dos Veadeiros, recebe milhares de turistas
todos os anos.
No ano
passado, agentes de endemias foram deslocados para a barreira sanitária na
principal rodovia de acesso ao município, a GO-241. O resultado foi o
crescimento vertiginoso de casos de leishmaniose tegumentar, doença provocada
por um protozoário que ocasiona feridas difíceis de cicatrizar. A Secretaria de
Saúde do município montou uma força-tarefa para cuidar dos casos diagnosticados
e fazer a prevenção. Em 2019 foram registrados pela pasta 16 casos de
leishmaniose tegumentar, já em 2021 foram 41.
Secretária
de Saúde de Cavalcante, Gessélia Batista disse ao POPULAR que a barreira
sanitária foi desativada. Os agentes comunitários de endemias estão em campo
tentando identificar casos de leishmaniose tegumentar e veterinários cuidam de
animais domésticos. A doença, conhecida como “ferida brava”, é transmitida por
insetos do gênero Lutzomyia, os conhecidos mosquitos-palha. Eles se contaminam
após picar pessoas ou animais portadores da doença, principalmente cães, gatos
e ratos. Para Gessélia, a falta de veículos da pasta para realizar ações
efetivas na zona rural contribuiu para aumentar os casos.
Vacinas
Sobre as
vacinas contra a Covid-19, houve uma grande decepção com a chegada do primeiro
lote ao município. “Havia uma grande expectativa porque a situação da saúde no
município é muito complicada. Não temos estrutura nem para buscar casos mais
graves na zona rural. Nossos respiradores são portáteis e não há Unidade de
Tratamento Intensivo (UTI).” A única unidade hospitalar da cidade funciona sem
alvará sanitário. Casos até mesmo de parto são encaminhados para Goiânia, a 500
quilômetros de distância, ou Planaltina, no Distrito Federal.
Mesmo com
orçamento apertado, a nova gestão de Cavalcante, agora comandada por Valmir
Souza Costa, o Vilmar Kalunga, ex-presidente da Associação Quilombola Kalunga,
tenta estruturar a Patrulha da Covid para fiscalizar estabelecimentos
comerciais que têm relaxado com protocolos sanitários. Esta semana houve uma
reunião, com a participação do representante do Ministério Público, para
discutir o assunto.
O município
tem em seu território quatro quilombos, compondo grande parte do contingente
populacional. Pelo plano de vacinação do governo estadual, mais de 20 mil
pessoas integram as comunidades tradicionais quilombola que estão em sétimo
lugar na lista de prioritários para receber a vacina.
Em
Cavalcante, o acesso às cachoeiras que atraem turistas de todo o mundo está
fechado desde março de 2020. Adriano Paulino, presidente da Associação Kalunga
do Engenho, onde está a principal delas, de Santa Bárbara, conta que o anúncio
da chegada da vacina animou sua comunidade. “Estamos vivendo de auxílios e da
agricultura familiar. Cerca de 70% da nossa economia está baseada no turismo.
Pensávamos em reabrir nossas atrações quando a vacina chegasse, mas não
esperávamos que fosse nessa quantidade.”
Embora
esteja em andamento a preparação de um plano de reabertura das cachoeiras para
março, Adriano Paulino não está seguro de que isso irá ocorrer, mesmo que os
720 membros da comunidade sejam imunizados.
“Não adianta
nos proteger e os visitantes não. Haveria um foco de contaminação porque vem
gente de todo lugar. Não adianta priorizar somente a economia”, diz. Todo o
Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga conta com aproximadamente 8 mil
pessoas.
Para a
regional de saúde Nordeste 1 foram enviadas 440 doses destinadas
prioritariamente aos profissionais de saúde que estão na linha de frente no
combate à Covid-19. Campos Belos, o município-polo, recebeu 198. As demais
foram para Cavalcante (90), Divinópolis de Goiás (70), Monte Alegre de Goiás
(50) e Teresina de Goiás (40).
Vacinação
irá alcançar 281 indígenas e começará nesta quinta-feira (21)
Nesta
primeira etapa da vacinação contra o coronavírus (Sars-CoV-2) em Goiás, 281
pessoas que moram em aldeias indígenas serão imunizadas. De acordo com
informações da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), o processo de
vacinação neste grupo irá começar nesta quinta-feira (21).
A pasta
explicou, em nota, que a organização para vacinação compreende uma atuação
conjunta com profissionais do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do
Araguaia e que eles estão sendo deslocados até as comunidades indígenas para
dar assistência no início a imunização dessas pessoas.
Dessa forma,
ao todo, serão 562 doses desse primeiro lote de vacinas destinadas para esse
grupo. Neste primeiro momento, apenas indígenas aldeados irão receber a vacina
e não precisarão se deslocar até a cidade para serem imunizados, sendo que os
profissionais de saúde irão até as comunidades para realizar o procedimento.
Receberão as
vacinas os indígenas em moram na Aldeia Avá Canoeiros, em Minaçu; Aldeias Iny /
Karajás, Bdé Buré e Buridina, em Aruanã, e os que estão na Terra Indígena
Tapuios e Aldeia Carretão, nos municípios de Nova América e Rubiataba.
O titular da
secretaria municipal de Saúde de Aruanã, Paulo da Silva, explica que diversos
profissionais de saúde da cidade já foram imunizados e estão esperando apenas a
chegada dos servidores do DSEI do Araguaia para dar início a imunização dos
indígenas. “Esperamos fazer esse trabalho nesta quinta, no máximo até nesta
sexta-feira (20)”, diz.
Fonte e texto: O Popular
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