Os dias
passam lentos e cheios de incertezas para os familiares de Romilda de Fátima
Santana, de 73 anos, que desde o dia 3 deste mês está desaparecida. Ela foi
vista pela última vez ao decidir pegar um caminho alternativo para voltar à
sede da fazenda de um parente, na zona rural de Niquelândia, no Norte de Goiás.
Apesar da força-tarefa criada para reforçar as buscas com efetivo do Corpo de
Bombeiros de Goiás e do Distrito Federal e das Polícias Civil e Militar de
Goiás, nenhum vestígio da mulher foi encontrado. “Acreditamos que ela está viva
em algum lugar”, disse um dos três filhos de Romilda, Carlos Andrelino.
O caso
mobilizou dezenas de pessoas ainda naquele domingo quando Romilda saiu para um
passeio com uma familiar, duas crianças e um cão. Por decisão própria, ela se
separou do grupo e ao lado do cão pegou um “trieiro” que, depois de andar cerca
de 300 metros, a levaria de volta à fazenda que fica próxima à GO-237, a
Rodovia da Fé, que dá acesso ao santuário de Nossa Senhora do Muquém e às
margens do lago de Serra da Mesa. Mas não foi o que ocorreu. Três dias depois o
animal chegou à sede da propriedade muito cansado, com sede e faminto, mas
sozinho. E a mulher nunca mais foi vista.
As equipes
de buscas trabalharam exaustivamente durante mais de dez dias. Delegado de
Niquelândia, Rony Loureiro Barros acredita que Niquelândia nunca tenha visto
uma força-tarefa com esse contingente, sem contar amigos e familiares de
Romilda que se uniram para reforçar a procura. As equipes contaram com o apoio
de dois helicópteros, drones, embarcações e de cães dos CBs de Goiás e do DF
que atuaram em Brumadinho (MG). Houve uma comunicação forte em distritos locais
e cidades próximas, como Colinas do Sul e Barro Alto. “Tecnicamente foi feito
tudo o que era possível. Na mesma semana do desaparecimento dela foi instaurado
inquérito policial, ouvimos pessoas e colhemos informações técnicas. As
investigações vão continuar e nenhuma hipótese é descartada.”
Carlos
Andrelino conta que a angústia é enorme no meio familiar. Romilda é casada há
50 anos com o aposentado Zugman de Santana, de 71 anos de idade, que não se
conforma com seu desaparecimento. “Ele sente muita falta. Na hora das
refeições, fica perguntando onde estará minha mãe, se ela está se alimentando.”
Os parentes da mulher acreditam que ela teve um surto mental e pegou carona
para algum lugar. Romilda perdeu um dos seis netos em fevereiro do ano passado
por falência múltipla de órgãos, fato que a abalou muito. O rapaz de 28 anos
tinha se graduado em Medicina três anos antes.
Após o
encerramento das atividades da força-tarefa, integrantes da família ainda
permaneceram alguns dias na área onde Romilda sumiu, mas, sem nenhum vestígio,
optaram por voltar para Goiânia, onde vivem no bairro de Novo Horizonte. “Sei
que minha mãe não morreu e que ela está em algum lugar. Um dia vamos achar,
mais cedo ou mais tarde”, afirma Carlos Andrelino. Fotos de Romilda continuam
sendo divulgadas em perfis de amigos e familiares nas redes sociais com
contatos para a hipótese de alguma informação de seu paradeiro.
O fato de a
idosa desaparecer e nem uma pista ter sido encontrada intriga a família. “Não
tem explicação, a não ser o lapso de memória. Ela tem uma mãe de 91 anos, irmãs
com quem falava todos os dias, os três filhos, os cinco netos e o marido. Minha
mãe não tirava o pé de casa sem a presença dele” enfatiza Carlos Andrelino. Segundo
ele, a família ficou ainda mais intrigada ao descobrir que Romilda seria o
quarto caso de desaparecimento no município de Niquelândia desde 2016, como
veicularam alguns veículos de imprensa.
Outros
desaparecimentos podem ser lendas urbanas
Os casos de
pessoas desaparecidas em Niquelândia apontados como sem solução seriam de
Odilon Lopes dos Santos, de 89 anos, que teria saído de sua residência na zona
rural, numa área conhecida como Riacho Fundo, para visitar um compadre que
morava próximo. O fato teria ocorrido no dia 27 de março de 2016. O outro
registro foi do mesmo ano, em agosto, quando a família de Valdemir Pereira
Martins procurou a polícia para dizer que ele saiu de casa nas proximidades do
bairro Boa Vista e não retornou. Em 2018, no mês de julho, José Lopes do
Nascimento, que morava sozinho perto da mineradora Anglo American, também sumiu
sem deixar pistas.
O delegado
Rony Loureiro informou que são situações distintas ocorridas sem nenhuma
ligação entre si e que apenas uma das pessoas mencionadas que teriam sumido sem
deixar rastro antes de Romilda é considerada oficialmente como desaparecida,
que é o trabalhador José Lopes. “Estamos investigando, fazendo diligências.”
De acordo
com o delegado, o caso de Valdemir Martins não pode mais ser apontado como
desaparecimento. Quando ele sumiu a família fez o registro na Polícia Civil,
mas no ano passado Valdemir foi pego numa abordagem policial em Goiânia e
nenhum parente apareceu na delegacia para comunicar o fato. O delegado informou
ainda que não conseguiu localizar nenhum registro oficial de desaparecimento do
idoso Odilon Lopes, mas que a busca vai continuar.
Dos três
casos anteriores ao de Romilda, somente o de José Lopes ainda está sob
investigação. “É importante ressaltar que são pessoas diferentes, que não se
conheciam. Cada um estava na área rural por motivos distintos, um estava
trabalhando e a outra passeando. Dizer que houve quatro desaparecimentos na
região em tão pouco tempo sem saber a realidade dos fatos é criar uma lenda urbana”,
disse o delegado Rony Loureiro.
Fonte: O
Popular
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