Preocupados com acesso à saúde, kalungas esperam ser incluídos entre grupos prioritários a receber vacina contra a Covid-19 em Goiás
Moradores do
território kalunga no nordeste de Goiás relatam preocupação por não estarem
entre os primeiros a serem vacinados contra a Covid-19. Segundo uma moradora,
as unidades de saúde ficam a dezenas de quilômetros de distância dos locais
onde as famílias moram e isso faz com que todos temam casos graves da doença.
A reportagem
entrou em contato com a Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) por
e-mail na manhã desta quarta-feira (20) para pedir um posicionamento sobre a
situação e aguarda retorno.
Prefeito da
cidade de Cavalcante, um dos três municípios em que se encontra o território
quilombola, Vilmar Souza Costa afirmou que há mais de 1,7 mil famílias, somando
cerca de 10 mil pessoas na comunidade kalunga. Ele, que já foi presidente da
Associação Kalunga por seis anos, disse que se preocupa principalmente por causa
da dificuldade de acesso ao atendimento médico nesses locais.
“A urgência
é porque muitas pessoas moram longe da cidade. Precisamos de apoio na
locomoção. Muitos lugares não têm energia, talvez tivesse que trazer todo mundo
para cá para vacinar”, disse.
Moradora do
Vão da Horta, dentro do território kalunga, Divina Matos contou que soube de
quatro pessoas conhecidas que foram infectadas pelo coronavírus e que duas
delas morreram. Ela se preocupa de a doença chegar à família dela.
“A unidade
de saúde mais próxima é a 70 km daqui. O mais difícil é o acesso ao
tratamento”, comentou.
Vilmar
pontuou ainda que, o quanto antes conseguirem vacinar a comunidade, mais cedo
conseguem voltar a receber turistas, que é a principal fonte de renda de grande
parte da população do território kalunga, já que é um sítio histórico.
“Muita gente
querendo emprego porque não tem renda. Com a vacina, facilitaria abrir o
turismo no local”, afirmou.
Prioridade
na vacinação
O Ministério
da Saúde (MS) prevê que as comunidades quilombolas, assim como as ribeirinhas,
recebam a imunização com prioridade, mas não estão entre as primeiras
categorias a receber as doses da vacina.
O governo de
São Paulo, por exemplo, incluiu os quilombolas entre os primeiros a serem
imunizados. Em Búzios (RJ), a primeira idosa a ser vacinada foi uma moradora do
Quilombo da Rosa, Dona Eva, de 111 anos.
Porém, em
Goiás, a prioridade máxima é de quatro grupos, segundo a SES-GO:
77.549
trabalhadores de saúde que atuam na linha de frente contra a Covid-19 (HCamps,
prontos-socorros, Samus, UPAs, motoristas de ambulâncias);
8.828
pessoas com 60 anos ou mais que estão institucionalizadas (em asilos,
instituições psiquiátricas ou similares);
475 pessoas
com deficiência institucionalizadas;
320
indígenas vivendo em aldeias.
Fonte: G1
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