Sabe aquele
anfitrião que recebe as visitas com café no bule, bolo assado e que sai logo
mostrando os cômodos da casa para o recém-chegado? Na casa de 'seu' Ramiro é
quase assim. O café tem, mas em vez do tour residencial ele leva visitantes
para dentro daquilo que costuma chamar de sua segunda casa: as cavernas de
Terra Ronca.
O guia
Ramiro Hilário dos Santos nasceu ali mesmo, em uma casa rural de chão batido,
localizada a poucos metros da caverna que dá nome à região: a impressionante
Terra Ronca. “A caverna é o quintal da minha casa”, conta, orgulhoso.
Não seria
exagero dizer que Ramiro é o próprio homem das cavernas. Foi batizado e se
casou dentro de uma, tem no currículo a descoberta de 159 delas (11 com rio e
148 secas) e é considerado o primeiro goiano a explorá-las. Ele não tem pressa
em apresentar cada uma das formações rochosas e conduz visitantes de acordo com
o ritmo dos forasteiros.
Antes das
primeiras instruções para a empreitada caverna adentro, Ramiro ajoelha-se
diante do altar construído pelo avô Antônio Hilário dos Santos, o Antoninho da
Lapa, e pede proteção para aquela sequência de imagens religiosas, dispostas
bem na porta de sua segunda casa.
É ali,
diante de uma construção desbotada, que culmina a Romaria do Bom Jesus da Lapa
de Terra Ronca, manifestação católica que enche o local de romeiros entre os
dias 5 e 6 de agosto.
Durante a
visita guiada, Ramiro ajuda turistas a se equilibrarem sobre a pedra estreita
que interrompe a passagem e, quando a gente se dá conta, está imerso no
interior da caverna escura e com água batendo no peito, em certos trechos da
travessia.
De tanta
intimidade com a região, ele teve até seu nome incorporado ao de um peixe raro
descoberto pelo próprio guia, o ituglanis ramiroi (uma espécie endêmica da
Caverna São Bernardo, que é encontrada em canais superiores alimentados por
água de infiltração na rocha).
Nas
cavernas, para cada formação que mereça ser vista, Ramiro lança a potente
lanterna de LED que traz no bolso do macacão. É ali que ele prepara uma das
experiências mais marcantes de toda a visita.
O guia pede
que meu acompanhante coloque a mão sobre meu ombro, antes que todas as luzes
dos capacetes sejam apagadas. Ramiro se afasta e nos sugere ouvir o silêncio e
aproveitar o escuro total. Sem nos avisar, o guia se dirige até a parte
posterior de uma das cortinas e dá início a um show de luzes com sua única
lanterna, iluminando, ele mesmo, todas aquelas formações milenares.
E é só
naquele momento que a gente consegue entender o nome oficial daquela imensa
sala de tetos altos: Salão das Cortinas.
Serviço
O CAT
(Centro de Atendimento ao Turista) fica no centro de São Domingos, onde os
guias podem ser contratados. As diárias custam R$120**, aproximadamente. Tel.:
(62) 3425-1110 / (62) 9632-9498.
Site oficial
do turismo de Goiás: www.goiasturismo.go.gov.br
Fonte: UOL
Comentários
Postar um comentário