domingo, 7 de julho de 2019

Auditor “fantasma” atuava em esquema no Ipasgo, diz investigação



A Gerência de Auditoria (GA) do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo) possuiu entre seus profissionais cadastrados, um auditor médico que não existe. O auditor “fantasma”, usado para praticar fraudes, está no sistema do plano de saúde há mais de três anos, pelo menos.

A Operação Morfina, deflagrada pela Polícia Civil na semana passada, identificou que, entre agosto de 2015 e novembro de 2018, esse falso profissional autorizou 404 alterações indevidas no sistema do Ipasgo que beneficiaram 16 empresas da área da Saúde, entre clínicas e laboratórios.

Duas provas reveladas pelos investigadores permitiram que o esquema fosse descoberto: uma coincidência e uma confissão. A coincidência aconteceu em fevereiro deste ano, quando um médico foi até a Gerência de Credenciamento (Gecred) do Ipasgo para adicionar o endereço de uma clínica em seu cadastro de profissional que presta serviço ao plano de saúde.

Ao puxar o credenciamento deste médico no sistema, os servidores do Gecred perceberam que o auditor, que permitiu seu credenciamento, não tinha qualquer vínculo trabalhista com o Ipasgo, nem mesmo registro por meio da impressão digital. Ou seja, o profissional não existia. Ele foi bloqueado do sistema em maio.

Já a confissão foi dada em depoimento no início do inquérito, aberto pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap), há cerca de um mês. O depoente foi um funcionário da Hominus Gestão e Tecnologia Ltda, conhecida como GT1, empresa terceirizada responsável pelo sistema de informática do Ipasgo. Ele confirmou a existência de um auditor “fantasma” e desenhou a forma como o grupo criminoso se organizava.

O funcionário também confessou que recebia entre R$ 600 e R$ 800 para realizar alterações indevidas no sistema. Essas alterações eram de vários tipos: o credenciamento de médicos e empresas para prestar serviço para o Ipasgo, a inserção de planos de cobertura e a emissão de faturas de serviços supostamente prestados, isso tudo sem passar pelos critérios exigidos. O valor total das alterações indevidas ainda não foi calculado, mas chega à casa dos milhões.

Na semana passada, foram ouvidos na Dercap oito funcionários da GT1, um servidor concursado do Ipasgo e um faturista, que seria uma espécie de lobista, que fazia a ponte entre as empresas e o sistema do plano de saúde. Todos confirmaram saber da existência de algum esquema de corrupção no instituto, mas nenhum confessou participação nele. Pelo menos seis funcionários fizeram alterações indevidas diretas no sistema utilizando o auditor “fantasma”, segundo a apuração.

Meio

Os investigadores suspeitam que esta fraude no sistema, revelada nesta primeira fase da Operação Morfina, possibilitou uma série de outras irregularidades dentro do Ipasgo que ainda serão investigadas. Uma auditoria realizada pela nova gestão do plano de saúde, desde janeiro, aponta várias suspeitas que passam por superfaturamento, serviços pagos que não foram prestados e até usuários irregulares que são atendidos pelo Ipasgo. (Veja o quadro).

“É cedo para falar em número, mas tem material para diversos inquéritos”, declara o delegado Rhaniel Almeida, da Dercap, responsável pela investigação. No entanto, Almeida pondera que muitas destas suspeitas ainda não estão descritas no inquérito e que ainda serão apuradas. As investigações também foram realizadas pela Superintendência Estadual de Prevenção e Combate à Corrupção.

A Operação Morfina foi deflagrada na última segunda-feira. Foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão, além de oito suspensões do exercício de função pública. Também foram realizadas seis intimações simultâneas de suspeitos para prestar depoimento.

Segundo os investigadores, esta primeira fase foi necessária para “estancar a sangria” e impedir a continuidade do esquema. Questionado se a publicização da operação não permitiria que empresas e pessoas envolvidas atrapalhem as investigações, o delegado Rhaniel Almeida respondeu que não. “Quem fez fraude não tem como apagar o rastro (do sistema)”, garantiu.

A GT1 tem argumentado que a responsabilidade de fiscalizar os funcionários cabe ao Ipasgo.

Fonte: O Popular

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