Sinal de
alerta para a Covid-19, os casos de síndrome respiratória aguda grave (Srag)
apresentam tendência de aumento na região Nordeste do Estado, segundo alerta o
último Boletim InfoGripe da Fundação Fiocruz, referente à semana epidemiológica
47 (26/11). Nos dados que serviram de base para a análise dos pesquisadores se
destacam algumas cidades. É o exemplo de Nova Roma, que teve acréscimo de
1.016% na quantidade de casos em função do problema de saúde entre os informes
de 14 de outubro e o desta quinta-feira (26).
Em números
absolutos, a variação foi de 6 para 67. Incrementos significativos neste
indicador também foram verificados em municípios como Pirenópolis, Campo Limpo
de Goiás e outros. Em um ranking elaborado pelo POPULAR com as 20 localidades
que tiveram variações acima 50 registros de Srag ainda aparecem Alto Paraíso de
Goiás, São João d’Aliança, e Alvorada do Norte (veja quadro).
O
comparativo de mortes no mesmo período tem entre os municípios, cidades do Sul
e Sudoeste de Goiás com as maiores variações porcentuais: Itumbiara (40,7%),
Pires do Rio (37,5%), Goianésia (35,1%), Jataí (34,8%) e Santa Helena de Goiás.
Quando os dados de óbitos são vistos de forma absoluta, os locais com maior
população aparecem no topo da lista (veja quadro).
A indicação
da Fiocruz foi elaborada considerando o longo prazo, ou seja, intervalo das
seis semanas anteriores. Nesta avaliação, o Sudoeste tem indicativo de
estabilidade. Já as porções mais ao Norte e a parte inferior do Leste são
apontados com probabilidade moderada de queda. Quando a análise leva em conta o
curto prazo - período de 3 semanas anteriores -, só os municípios do Sul têm
indicativo de redução. Todo o restante do Estado apresenta tendência para a
estabilidade.
A Srag é
caracterizada por sintomas gripais mais exacerbados e que exigem uma
internação. Ela pode ser causada pela Influenza ou outros problemas de saúde,
mas neste momento, pesquisadores e autoridades consideram que a Covid-19,
doença causada pelo coronavírus Sars-CoV-2, tem participação majoritária nos
registros do tipo. Os casos de Srag são investigados para saber a causa, mas
nem sempre a identificação é possível.
Em todo o
Estado, entre a primeira quinzena de outubro e esta semana, a variação nos
casos foi de 18,8%. No mesmo período as mortes aumentaram 19,84%.
A Fiocruz
ressalva que a interrupção na inserção de registros no Sivep-Gripe - sistema do
Ministério da Saúde - entre o fim da semana epidemiológica 45 e começo da
semana 46, provocou alteração nas estatísticas. A instituição considera que
isto pode resultar em eventual perda na acuracidade da estimativa de casos
recentes em alguns locais, mas acredita que com o passar do tempo, isto tenha
menos interferência nos resultados.
Pesquisador
da Fiocruz, Daniel Villela afirma que a parcela de registros da Covid-19 dentre
os casos de Srag pode chegar a 90%, de maneira geral. Ele acredita que
eventuais aumentos nas infecções provocadas pelo coronavírus podem estar associados
ao abandono de medidas sanitárias por parte da população, como o uso de
máscaras. Para ele, é importante ressaltar os cuidados e reforçar a capacidade
de atendimento.
“O poder
público tem de estar atento à questão do atendimento da rede de saúde. Para as
pessoas terem leitos indicados para Covid-19 e Srag com uma taxa de ocupação
(abaixo de 80%) que, inclusive permita ter uma absorção de um eventual
aumento”, considera Villela.
Variação
A
vice-presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado de
Goiás (Cosems-GO) e que também responde pela Secretaria de Saúde de São João
d’Aliança, Andréia Abbes, diz que a situação na região é de relativo controle.
Ela afirma que houve acréscimo na regional do Entorno Sul, onde estão
municípios como Cristalina, Novo Gama e Valparaíso, mas não na macrorregião com
o um todo. “O impacto da eleição nós ainda vamos ver”, ressalva.
Andréia diz
que até o momento a rede pública tem dado suporte adequado aos casos de
Covid-19. “A gente ainda consegue tratar os pacientes e os leitos estão com
ocupação de 45%.” Ela lembra um caso de um paciente grave que precisou de
internação. “A vaga saiu rápido, mas para Goiânia.” Este tipo de relato é
motivo de questionamento da estrutura pelo presidente do Conselho Estadual de
Saúde, Venerando Lemes. “Nós não temos uma rede adequada em Goiás.” Ele pontua
que a alta complexidade está centralizada em Goiânia, Anápolis, Aparecida de
Goiânia e com menor capacidade em Rio Verde, Itumbiara e Ceres.
Goianésia
aparece com variação de 35% nas mortes entre os boletins de outubro e novembro.
O secretário de Saúde de local, Hisham Hamida apresentou outros dados à
reportagem e disse que o município aumentou a testagem e que há um cenário de
“estabilização com tendência de queda”.
SES
considera situação normal
Superintendente
de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO),
Flúvia Amorim afirma que a região destacada no boletim da Fiocruz com tendência
de alta já tinha esta previsão. Ela argumenta que os dados de Covid-19, uma das
causas da síndrome respiratória aguda grave (Srag), demoraram a aumentar no
Nordeste do Estado. “Se você pegar o painel nosso, você vai ver que esta é a
região com menor número de casos, mesmo quando a gente teve um pico, lá foi uma
região o menor número de casos.
A
superintendente acrescenta que como a incidência foi baixa no começo, “há
muitas pessoas suscetíveis”. A dinâmica da doença, pelo que a gente tem visto
lá fora, é em local que você teve menos casos, você pode ter mais registros em
um segundo momento, ou então ele vai ser o último a ter o aumento de casos.”
Sobre a
estatística, Flúvia ressalva que, em função da instabilidade no sistema do
Ministério da Saúde, as análises podem ser prejudicadas. Isto varia se ela é
realizada pela data de inserção do caso ou pela data de ocorrência.
A respeito
da distância de grande parte dos municípios do Nordeste do Estado para a região
Central do Estado, onde está a estrutura mais robusta de saúde, Flúvia diz que
há leitos de UTI em hospitais reservados para casos de Covid-19 em Formosa (5)
e Porangatu (10).
Questionada
sobre uma possível segunda onda, a superintendente disse que a SES-GO não
considera que isto esteja ocorrendo em Goiás no momento, mas pode ocorrer no
futuro. “Provavelmente, existe uma grande possibilidade de um novo aumento de
casos daqui a um mês e meio.”
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