Fazenda de R$ 46 milhões na divisa de Goiás com a Bahia, na região de São Domingos-GO motivou execução de advogados em Goiânia
A disputa
por uma fazenda no valor de R$ 46,7 milhões pode ter motivado morte dos
advogados Marcus Aprigio Chaves, de 41 anos, e Frank Alessandro Carvalhaes de
Assis, de 47, no último dia 28, no escritório deles, no Setor Aeroporto, em
Goiânia. O apontamento é das investigações da Polícia Civil de Goiás (PC-GO).
O agricultor
Nei Castelli, de 58 anos, é investigado como suspeito de ser o mandante dos
assassinatos. Ele foi preso nesta terça-feira (17) pela PC-GO por volta das 17
horas em Catalão. Outras quatro pessoas são consideradas como possíveis
envolvidas no crime, sendo que uma delas foi morta durante operação policial.
Três foram presas.
A terra fica
na divisa de Goiás com a Bahia, na região de São Domingos, Nordeste do Estado
goiano. A área é conhecida como Rainha da Serra ou Fazenda dos Netos. De acordo
com as investigações, a família Castelli comprou a fazenda no início dos anos
2000. Outro fazendeiro que diz ser o verdadeiro dono das terras, Roberto
Wypich, ganhou na Justiça o direito de reintegração de posse em novembro de 2019.
Marcus e Frank eram advogados de Wypich.
Na sentença,
a juíza Érika Barbosa Gomes considerou que a família agiu com má-fé, já que
teria comprado a terra de um terceiro, Jair Joãozinho Perímetro, sabendo que o
verdadeiro dono era outro. A terra já era cenário de imbróglios judiciais desde
os anos 1980, mas envolvendo outros proprietários, sem ser a família Castelli.
Outro ponto
apontado na sentença em desfavor dos Castelli foi o fato de terem usado a terra
durante anos, mesmo depois de o Poder Judiciário ter proibido benfeitorias nas
terras em 2002. A família pedia que, caso perdesse a terra, tivesse o
ressarcimento das benfeitorias que fez no lugar, como construção de silos e
preparação do solo para o plantio de soja e milho. Benfeitorias essas que teriam
custado quase R$ 200 milhões.
A defesa da
família Castelli também chegou a pedir o usucapião da terra, ou seja, o direito
de propriedade por conta do tempo que já estavam nela.
Além de
negar o pagamento das benfeitorias e dar o direito de reintegração de posse
para Wypich, a sentença de 2019 obriga a família Castelli a pagar as custas e
despesas processuais e os honorários dos advogados da parte vencedora, no caso,
as vítimas Marcus e Frank. O valor dos honorários é 10% do valor da fazenda.
Nei chegou à
Delegacia de Investigações de Homicídios (DIH), em Goiânia, escoltado pela
Polícia Civil por volta das 20 horas desta terça-feira. Ele não se pronunciou e
foi levado para dentro da delegacia, onde seria ouvido pelos investigadores.
Até o fechamento desta matéria, Nei não tinha defesa constituída.
Dentre os
supostos envolvidos no crime, estão um homem e uma mulher presos no Tocantins
no último dia 9. Um dos presos teria dado carona e repassado dinheiro para os
dois executores ficarem em Goiânia até o dia dos homicídios.
O delegado
responsável pelas investigações, Rhaniel Almeida, participou da prisão do
suposto mandante em Catalão. Ele e o titular da DIH, Rilmo Braga, devem falar
mais detalhes da operação em uma entrevista coletiva na manhã desta
quarta-feira (18).
Reconhecimento
Em nota
pública, a Associação dos Magistrados em Goiás (Asmego) parabenizou a Polícia
Civil pela prisão dos supostos autores do crime. Na nota são citados o
secretário de Segurança Publica, Rodney Miranda, e o delegado geral, Odair
Soares. Marcus Aprígio Chaves é filho do desembargador Leobino Valente Chaves.
Frank Alessandro Carvalhaes de Assis é filho de um delegado aposentado,
Francisco de Assis.
Assassinatos
foram encomendados por R$ 500 mil
Os
assassinatos a tiros dos advogados Marcus Aprígio Chaves, de 41 anos, e Frank
Alessandro Carvalhaes de Assis, de 47, foram encomendados por R$ 100 mil, caso
os executores ficassem impunes, e R$ 500 mil caso fossem presos. É o que aponta
investigação da Delegacia Estadual de Homicídios (DIH) da Polícia Civil de
Goiás.
Antes, no
dia 9 de novembro, um homem e uma mulher foram presos em Porto Nacional e
Palmas, no Tocantins, suspeitos de ter sido os intermediários com os matadores.
De acordo
com a Polícia Civil, o casal teria confessado a participação no crime com
detalhes. Um deles teria dado carona para os dois pistoleiros até Goiânia, onde
cometeram os assassinatos. Esse intermediário também teria dado dinheiro para
que eles se mantivessem na capital até o dia do crime. A dupla também apontou o
fazendeiro Nei Castelli, de 58 anos, como mandante do crime.
Responsável
pela execução e por dar os tiros que mataram os advogados na tarde do dia 28 de
outubro, no Setor Aeroporto, segundo a Polícia Civil, Pedro Henrique Martins
Soares, de 25 anos, foi preso pela Polícia Civil em Porto Nacional (TO) no dia
30 de outubro. Na noite do mesmo dia, Jaberson Gomes, suspeito de participar do
momento do assassinato, foi morto. Ele teria reagido a uma abordagem da Polícia
Militar do Tocantins.
Ainda
segundo as investigações, antes de morrer, as vítimas chegaram a manter
conversas por mensagens em que diziam ter receio de morrer por ordem do
mandante preso. A suspeita de que as mortes poderiam ter relação com a atuação
profissional foi levantada desde o dia do ocorrido.
No dia do
crime, os dois suspeitos chegaram ao escritório dos defensores sem horário
marcado para aquela data.
Depois de
levados para a sala de atendimentos, onde Frank já estava trabalhando, um deles
teria pedido uma quantia em dinheiro. Marcus teria dado R$ 2 mil em espécie,
mas eles ainda ordenaram que os dois ficassem de costas e atiraram. A
secretária teria corrido para outra sala e se escondido dentro de um banheiro.
Ela ligou para a polícia e informou o crime. Tudo isso aconteceu por volta de 14h35.
O Corpo de Bombeiros foi chamado às 15 horas e, ao chegar ao local, constatou a
morte das duas vítimas do crime.
Fonte: O Popular
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