Carlos
Eduardo Alves de Moura, 18 anos, é mais um jovem do interior cheio de sonhos.
De origem humilde, ele nasceu em Campos Belos, cidade do Nordeste Goiano com
cerca de 20 mil habitantes, e estudou toda a sua vida em escola pública. A
história de Carlos poderia ser igual a tantas outras, se não tivesse sido
transformada pela educação.
Com poucos
recursos, ele soube aproveitar as poucas oportunidades que teve e conseguiu um
feito que encheu sua pequena cidade de orgulho. Aos 18 anos, foi aceito pela
Universidade de Minerva, nos Estados Unidos, onde poderá estudar Ciência da
Computação com foco em Inteligência Artificial.
Seu
desempenho fez com que fosse aprovado com uma bolsa quase integral, porém o
pouco que falta para garantir a continuidade de seu sonho é muito para a
família simples. Agora, a cidade tem se movimentado para garantir com que
Carlos possa viajar. A reportagem, o jovem promissor contou um pouco de sua
trajetória.
“Ainda no
ensino fundamental, estudei em uma escola estadual quando um professor da UEG
realizou um projeto de pesquisa que ensinava inglês básico aos estudantes. Me
inscrevi e acabei apaixonado pela oportunidade de falar outra língua, o que
para mim parecia mágico. Quando o curso acabou procurei uma opção online, que
era mais barata, e prossegui os estudos”, relata Carlos.
O estudante
participou de um processo seletivo e foi selecionado para cursar o ensino médio
integrado ao curso técnico de Informática para Internet no Instituto Federal
Goiano – Campus Campos Belos. Nesta época, começou a receber uma bolsa de cerca
de R$200 reais que aplicou integralmente em um curso de inglês presencial.
“O valor não
era suficiente, mas com muita dificuldade meus pais completavam o valor do
curso”, detalha. Seu desempenho fez com que Carlos se destacasse na escola e
nas aulas de inglês. Para ajudá-lo, o dono da instituição permitiu que ele
desse algumas aulas de inglês básico, o que o ajudou a continuar fazendo o
curso.
Apoio dos
professores
No ensino
médio, o interesse pela computação cresceu e ele foi encorajado por professores
a buscar novas oportunidades de estudo. Nessa época, ele já trabalha como professor
de inglês e dominava a leitura e escrita da língua inglesa. “No IFGoiano tive
contato com o professor Janailton que me falou sobre programas para pessoas de
baixa renda em universidades no exterior”, conta.
Um dos
requisitos segundo o estudante era não estar matriculado em universidades, por
isso, apesar de se saído muito bem no Enem, Carlos apostou todas as suas fichas
no programa para estudantes no exterior. “No fim de 2019 me inscrevi, em março
saiu o resultado e vi que tinha passado”, comemora. Com mais de três mil inscritos, ele estava
entre os 20 brasileiros aprovados.
Carlos
Eduardo aguarda o resultado de outras seleções, mas frisa que seu foco sempre
foi a aprovação na Universidade de Minerva. A bolsa de aproximadamente 96% é
outro fator que o encoraja a seguir em frente. Para se ter uma ideia, para quem
não tem desconto, o custo é de cerca de US$ 30 mil anuais, o equivalente a R$
156 mil por ano na cotação de hoje, incluindo despesas de alojamento e
refeições.
Dificuldade
financeira
“Recebi a
bolsa de acordo com os minha situação financeira, o que faz com que falte US$
1950 anual. Eles dão muito apoio, no primeiro ano pagam passagem aérea e uma
quantia para que o aluno possa se estabelecer. Apesar disso, existem outros
custos residuais”, conta o rapaz, em tom de preocupação.
No entanto,
o sonho de Carlos tornou-se o sonho dos professores e alunos de sua antiga
escola, e também de sua comunidade. No próximo mês, eles pretendem realizar uma
vaquinha online e um bazar para levantar recursos para ajuda-lo.
Com jeito
tímido, mas cheio de determinação, o estudante demonstra lucidez ao reconhecer
que pode influenciar muitos outros jovens a transformarem suas vidas. “Fiz
escolhas até sem um motivo muito claro, que foram me levando a lugares onde nunca
imaginei estar. Isso me alegra e sei que posso encorajar outras pessoas a
perseguirem seus sonhos.”
“Para mim
parecia algo tão distante então se eu puder plantar essa semente já é muito
bacana. Quero encorajar as pessoas do interior a sonhar, a estudar inglês,
quero ajudar a minha família e o máximo de pessoas que eu conseguir. Essa não é
uma vitória só minha, mas de muitas pessoas. Foram conselhos, cartas de
recomendação, muitas pessoas participaram desse caminho.
Por fim,
Carlos reforça a esperança em conseguir estudar nos Estados Unidos e ir cada
vez mais longe. “Eu tive muita motivação, tive um empurrãozinho, tive
oportunidades. Meu pai não concluiu sequer o ensino fundamental e minha mãe tem
ensino médio. Eu e minha irmã somos os primeiros da família a ter a
oportunidade de prosseguir nos estudos. Às vezes fico pensando em tudo como
aconteceu, como cheguei até aqui”, encerra.
Fonte e
texto: Jornal Opção
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