“Meu tempo
terminou; que as novas gerações assumam com responsabilidade e espírito público
a política em nossa cidade”, diz Iris Rezende (PMDB), ao anunciar que não
disputará a Prefeitura de Goiânia e que encerra a carreira política de 58 anos.
Sempre
recorrendo a citações bíblicas e de Deus nas justificativas, o ex-governador e
ex-prefeito vira do avesso o cenário político da capital com a decisão.
“Pedi que,
se fosse da vontade de Deus, colocasse no meu coração a vontade de ser
candidato. Essa vontade não veio”, afirmou, em entrevista no seu escritório
político no Setor Marista.
Iris garante
que não há chance de o vaivém de 2014 se repetir. À época, quando o empresário
Júnior Friboi também era pré-candidato, ele anunciou desistência, depois recuou
e acabou disputando a eleição para governador de Goiás.
Foi naquele
ano, em 26 de outubro, dia do resultado das urnas e de mais uma derrota para o
governador Marconi Perillo (PSDB), que o peemedebista diz ter decidido que não
voltaria a concorrer a cargo eletivo.
Segundo ele,
a liderança nas pesquisas na capital este ano e os pedidos de aliados e de
populares fizeram com que ele repensasse a decisão. A um mês do fim das
convenções partidárias, no entanto, Iris diz que o anúncio é definitivo.
“Não, não
vou rever. Nunca titubeei nas minhas atitudes”, garante. “Deus me deu dois
dons: a vocação política e a facilidade para tomar decisões”, completa.
Por trás da
decisão do peemedebista está não apenas a derrota em 2014 - quando ele tinha
convicção de que a população não reelegeria o governador depois do escândalo do
caso Cachoeira -, como também a insatisfação com o próprio partido, em Goiás e
em âmbito nacional.
A
participação do PMDB nacional no acordo para enterrar o relatório final da CPI
do caso Cachoeira no Congresso e a relação do presidente em exercício Michel
Temer (PMDB) com o governador estão na lista de descontentamentos de Iris.
A derrota na
disputa pelo comando do partido em Goiás e as declarações de lideranças da
legenda em defesa da “aposentadoria” de Iris também pesaram, além da falta de
apoio em alguns municípios em 2014.
O
ex-governador não fala de insatisfações, mas dá as dicas nas entrelinhas. Diz
que não pretende se “apequenar”. Afirma que não vai dar palpite nas eleições
nem participar da campanha. “Que o PMDB faça o que quiser. Estou desistindo de
ser candidato e não vou entrar nisso.” A crise política nacional e os sucessivos
escândalos de corrupção também contribuem para o “desestímulo e frustração”,
nas palavras dele de Iris.
O jornal O
Popular teve acesso à carta que Iris divulgará hoje, em que anuncia a
desistência, em 12 parágrafos (leia ao lado).
“Encerro
minha trajetória como homem público com a consciência tranquila e o coração em
paz. Procurei retribuir como político e ser humano a tudo que essa cidade e
esse Estado me proporcionaram.”
Iris já
havia elaborado uma outra carta, em que confirmava a pré-candidatura a prefeito,
como esperavam o PMDB e partidos aliados. Assinou a da desistência.
Sem plano B,
o PMDB goianiense agora terá de definir se lançará outro nome do partido - os
mais citados são do deputado estadual e presidente do diretório municipal,
Bruno Peixoto, e do vice-prefeito de Goiânia, Agenor Mariano - ou se apoiará
candidato de outra legenda. Também é incerto o destino do DEM e do
Solidariedade, que até então apoiavam Iris.
Fonte: O
Popular
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