segunda-feira, 25 de julho de 2016

São Domingos/GO: Festa do Padroeiro – Pela Tradição e Turismo




Em 2015, aqui no Blog A.C. eu postei um artigo relatando a historiografia da Festa do Padroeiro da cidade.

Dando continuidade às reflexões sobre o evento, gostaria de destacar agora a necessidade de manter os elementos “tradicionais” da festa e logicamente fazendo as adaptações convenientes com os novos tempos.

É o tipo de festa predominantemente da cultura sertaneja ou mais especificamente da religiosidade popular com participação voluntária.

Quem faz a festa é o povo. Por “convenção”, os Dominicanos reúnem para celebrar a cultura, transmitida por gerações. Por “devoção” os peregrinos reúnem para celebrar sua crença. E num evento popular deve haver os cuidados dos órgãos públicos para conduzir da melhor maneira possível. Por um período, a Prefeitura acreditava que não tinha nada a ver com a festa. Era só fazer a “locação” das barracas dos vendedores ambulantes e estava bom.

Já os “Festeiros” - pessoas nomeadas dentro da comunidade religiosa para organizar a festa, carregam no peito a certeza de estarem contribuindo não só com a sua comunidade enquanto igreja, mas também enquanto cidadão dessa municipalidade. Nas demandas materiais que o evento exige muitas vezes os festeiros(voluntários) colocam à disposição até mesmo os próprios recursos financeiros.

A Prefeitura, através da Secretaria de Turismo e Secretaria da Cultura devem cuidar e fazer adequações nos espaços públicos para o maior fluxo de pessoas durante a festa e promover atrações da nossa cultura para os visitantes, fazendo um trabalho direcionado na perspectiva do potencial turístico do evento.

Conclui-se que, tanto a Secretaria do Turismo como os Festeiros, precisam de recursos financeiros para fomentar o enredo festivo.
 
Nesse raciocínio, propusemos ainda na Administração 2009-2012 que os recursos deveriam vir da “cobrança das locações das barracas”. Esses valores cobrados são obtidos “por causa da festa”, então é justo que esses recursos devem retornar em melhoria do próprio evento.

O planejamento com antecedência é primordial para as demandas dos grupos envolvidos – tanto os Festeiros como a Secretaria do Turismo – em comum acordo deveriam apresentar uma planilha com as demandas necessárias para desenvolver os elementos que compõem o enredo da festa.

A seguir, os grupos concluem a maneira mais adequada de fazer as cobranças das taxas de locações das barraquinhas e por fim, como irão apresentar a prestação de contas à comunidade.

Vale a pena ressaltar o esforço da atual Gestão Municipal em incorporar eventos artísticos/culturais à festa, mas o fato é que durante quase toda a Administração 2013-2016 o contexto político prejudicou uma melhor junção de esforços entre as partes que organizam os festejos de Agosto.

O que estou abordando, vimos recentemente na semana da Festa de Trindade. Vários órgãos do Governo Estadual, do Município e voluntários estavam engajados naquele evento que, apesar de ser religioso não deixa de ser turístico.  Foi um trabalho planejado com antecedência e em conjunto com a comunidade religiosa.

Esse distanciamento dos órgãos envolvidos com a festa tende a acabar de vez com o nosso sonho turístico. Engana-se quem acredita na efetivação turística apresentando apenas como referencia as belas paisagens.

O cenário é mais amplo, vale muito a cultura de um lugar, as celebrações, a festas, os rituais, o jeito de viver de um povo. O atrativo inicial ainda são as paisagens naturais, mas os turistas são pessoas que deseja conhecer diferentes pessoas.

Origens- Oficialmente, a Paróquia São Domingos foi criada em 23/07/1825. O que nos leva crer que a festa já era comemorada anteriormente.  Em 2016 teremos então 191 anos ou mais de religiosidade popular.  A partir de 1989, devemos reconhecer que a cidade passou por uma mudança profunda na sua estrutura física, várias ruas próximas da Igreja Matriz desapareceram.

Na época, os vendedores ambulantes e as barraquinhas foram retirados das proximidades da Praça Matriz e os acomodaram em outros pontos da cidade.

Resultou que a festa transformou-se em dois eventos desvinculados. Essa separação foi prejudicial, uma vez que até mesmo a comercialização das lembrancinhas da festa (camisetas, botons, chaveiros, imagens religiosas, fitas) e comidas típicas desapareceu.

Algumas cidades da região já perderam por completo a configuração original da sua festa do padroeiro e outras ainda mantém. Como por exemplo, a Festa da Padroeira Nossa Senhora dos Remédios em Arraias -TO. As ruas próximas à Igreja Matriz ficam tomadas de ambulantes, configurando uma só festa, unida, e que indica o caráter respeitoso para com o sagrado.

O Comércio não atrapalha as cerimônias litúrgicas nem a quermesse, e esses reconhecem o direito à liberdade de todos. As vias públicas são tomadas pelo povo proporcionando à cidade uma atmosfera festiva intensa, organizada, celebrativa. Não há morador desprovido dos seus direitos de ir e vir. É uma festa popular, na rua, na frente de casa. É o jeito sertanejo invadindo por alguns dias o ambiente urbano.

A Terra dos meus Sonhos (Silvio Brito)
Você precisa conhecer a minha terra...
Lá não tem muros, nem um tipo de barreiras,
Preconceitos nem fronteiras de país ou religião.
Todo mundo se respeita, isso que é constituição...

 (Por Dalvan Gomes- Professor de História CEJH)

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