Em 2015,
aqui no Blog A.C. eu postei um artigo relatando a historiografia da Festa do
Padroeiro da cidade.
Dando
continuidade às reflexões sobre o evento, gostaria de destacar agora a
necessidade de manter os elementos “tradicionais” da festa e logicamente
fazendo as adaptações convenientes com os novos tempos.
É o tipo de
festa predominantemente da cultura sertaneja ou mais especificamente da
religiosidade popular com participação voluntária.
Quem faz a
festa é o povo. Por “convenção”, os Dominicanos reúnem para celebrar a cultura,
transmitida por gerações. Por “devoção” os peregrinos reúnem para celebrar sua
crença. E num evento popular deve haver os cuidados dos órgãos públicos para
conduzir da melhor maneira possível. Por um período, a Prefeitura acreditava
que não tinha nada a ver com a festa. Era só fazer a “locação” das barracas dos
vendedores ambulantes e estava bom.
Já os
“Festeiros” - pessoas nomeadas dentro da comunidade religiosa para organizar a
festa, carregam no peito a certeza de estarem contribuindo não só com a sua
comunidade enquanto igreja, mas também enquanto cidadão dessa municipalidade.
Nas demandas materiais que o evento exige muitas vezes os
festeiros(voluntários) colocam à disposição até mesmo os próprios recursos
financeiros.
A
Prefeitura, através da Secretaria de Turismo e Secretaria da Cultura devem
cuidar e fazer adequações nos espaços públicos para o maior fluxo de pessoas
durante a festa e promover atrações da nossa cultura para os visitantes,
fazendo um trabalho direcionado na perspectiva do potencial turístico do
evento.
Conclui-se
que, tanto a Secretaria do Turismo como os Festeiros, precisam de recursos
financeiros para fomentar o enredo festivo.
Nesse
raciocínio, propusemos ainda na Administração 2009-2012 que os recursos
deveriam vir da “cobrança das locações das barracas”. Esses valores cobrados
são obtidos “por causa da festa”, então é justo que esses recursos devem
retornar em melhoria do próprio evento.
O
planejamento com antecedência é primordial para as demandas dos grupos
envolvidos – tanto os Festeiros como a Secretaria do Turismo – em comum acordo
deveriam apresentar uma planilha com as demandas necessárias para desenvolver
os elementos que compõem o enredo da festa.
A seguir, os
grupos concluem a maneira mais adequada de fazer as cobranças das taxas de
locações das barraquinhas e por fim, como irão apresentar a prestação de contas
à comunidade.
Vale a pena
ressaltar o esforço da atual Gestão Municipal em incorporar eventos
artísticos/culturais à festa, mas o fato é que durante quase toda a
Administração 2013-2016 o contexto político prejudicou uma melhor junção de
esforços entre as partes que organizam os festejos de Agosto.
O que estou
abordando, vimos recentemente na semana da Festa de Trindade. Vários órgãos do
Governo Estadual, do Município e voluntários estavam engajados naquele evento
que, apesar de ser religioso não deixa de ser turístico. Foi um trabalho planejado com antecedência e
em conjunto com a comunidade religiosa.
Esse distanciamento
dos órgãos envolvidos com a festa tende a acabar de vez com o nosso sonho
turístico. Engana-se quem acredita na efetivação turística apresentando apenas
como referencia as belas paisagens.
O cenário é
mais amplo, vale muito a cultura de um lugar, as celebrações, a festas, os
rituais, o jeito de viver de um povo. O atrativo inicial ainda são as paisagens
naturais, mas os turistas são pessoas que deseja conhecer diferentes pessoas.
Origens-
Oficialmente, a Paróquia São Domingos foi criada em 23/07/1825. O que nos leva
crer que a festa já era comemorada anteriormente. Em 2016 teremos então 191 anos ou mais de
religiosidade popular. A partir de 1989,
devemos reconhecer que a cidade passou por uma mudança profunda na sua
estrutura física, várias ruas próximas da Igreja Matriz desapareceram.
Na época, os
vendedores ambulantes e as barraquinhas foram retirados das proximidades da
Praça Matriz e os acomodaram em outros pontos da cidade.
Resultou que
a festa transformou-se em dois eventos desvinculados. Essa separação foi
prejudicial, uma vez que até mesmo a comercialização das lembrancinhas da festa
(camisetas, botons, chaveiros, imagens religiosas, fitas) e comidas típicas
desapareceu.
Algumas
cidades da região já perderam por completo a configuração original da sua festa
do padroeiro e outras ainda mantém. Como por exemplo, a Festa da Padroeira
Nossa Senhora dos Remédios em Arraias -TO. As ruas próximas à Igreja Matriz
ficam tomadas de ambulantes, configurando uma só festa, unida, e que indica o
caráter respeitoso para com o sagrado.
O Comércio
não atrapalha as cerimônias litúrgicas nem a quermesse, e esses reconhecem o
direito à liberdade de todos. As vias públicas são tomadas pelo povo
proporcionando à cidade uma atmosfera festiva intensa, organizada, celebrativa.
Não há morador desprovido dos seus direitos de ir e vir. É uma festa popular,
na rua, na frente de casa. É o jeito sertanejo invadindo por alguns dias o
ambiente urbano.
A Terra dos meus
Sonhos (Silvio Brito)
Você precisa
conhecer a minha terra...
Lá não tem muros,
nem um tipo de barreiras,
Preconceitos nem
fronteiras de país ou religião.
Todo mundo se
respeita, isso que é constituição...
(Por Dalvan Gomes- Professor de História CEJH)
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