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MP e UFG mostram estudos de impacto socioambiental em cachoeiras de comunidade calunga em Cavalcante/GO




O Ministério Público de Goiás, em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), apresentou, em duas audiências públicas diferentes, os resultados da avaliação de qualidade ambiental do meio físico no entorno das Cachoeiras da Capivara, Santa Bárbara e Candarú e dos impactos sociais do turismo na comunidade calunga do Engenho II, em Cavalcante.

Os estudos, desenvolvidos a pedido da promotora de Justiça Úrsula Catarina Fernandes Silva Pinto, foram executados ao longo dos últimos dois anos por cerca de 20 pesquisadores dos Laboratórios de Geomorfologia, Pedologia e Geografia Física (Labogef) e de Estudos e Pesquisas das Dinâmicas Territoriais (Laboter).

Na comunidade calunga do Engenho II, onde estão localizadas as três cachoeiras alvo do estudo, a audiência reuniu cerca de 170 pessoas na última quarta-feira (29/8). Ao iniciar o encontro, a promotora Úrsula Catarina fez um histórico da demanda, esclarecendo a preocupação de preservação ambiental do Ministério Público, tendo em vista a necessidade da preservação dos atrativos naturais para que estes se mantenham e possam continuar contribuindo para o desenvolvimento da comunidade.

“O Engenho II é um exemplo de comunidade quilombola. Assim, é preciso o comprometimento de todos para a implementação de um turismo ambientalmente correto, pois esta é a casa de vocês, que devem se unir para preservar as riquezas dessas terras”, ponderou.

Ela acrescentou ainda que havia sido apresentada ao MP a informação de possíveis impactos gerados pelo turismo na comunidade, como a diminuição de água da Cachoeira Santa Bárbara, a mais visitada no Engenho II, além de poluição provocada pelo uso de protetor solar e bronzeadores. Visando levantar dados que comprovassem ou refutassem cientificamente essas informações, foi feita a parceria com a universidade, que fez o estudo com o acompanhamento do analista ambiental da Coordenação de Apoio Técnico-Pericial (Catep) do MP-GO Thiago Brito.

O público desta audiência foi majoritariamente de moradores, guias e condutores da comunidade. Entre as autoridades presentes estiveram o prefeito de Cavalcante, Josemar Freire; o presidente da Câmara, Rui Maciel; o comandante da Polícia Militar Alberto; o advogado da Associação Calunga da Comunidade do Engenho II, Cleuton César, e o coordenador dos Brigadistas da PrevFogo do Estado de Goiás, Augusto Avelino.

Os estudos

Uma das principais questões levantadas pelo estudo foi respondida pela professora Karla Faria, que coordenou a Avaliação da Qualidade Ambiental do Meio Físico no Entorno das Cachoeiras da Capivara, Santa Bárbara e Candarú . Conforme esclareceu, o estudo sugere a limitação de até 350 visitantes/dia na Cachoeira Santa Bárbara, com a concomitante restrição de até 44 visitantes/hora.

Por ser a atração mais visitada da comunidade, o resultado da análise científica era aguardada. Contudo, segundo esclareceu o presidente da Associação Quilombo Kalunga, Vilmar Souza Costa, já havia um entendimento da comunidade sobre a necessidade desta limitação, que tem sido atualmente definida em 350 visitantes por dia na Cachoeira Santa Bárbara.

Conforme detalhou, em reunião anterior realizada com a promotora, os associados já haviam se atentado para a importância do regramento do atrativo e implementado esta medida, que já está em vigor. Ele acrescentou que diversas outras providências ambientais estão sendo implementadas na comunidade.

As demais recomendações desta análise foram quanto à necessidade de manejo nas áreas situadas próximas às vias de circulação, bem como nas cabeceiras dos córregos, que estão bastante expostas a processos erosivos, assim como a manutenção periódica e adequada das estradas vicinais que interligam o povoado às cachoeiras e também que seja avaliado o estado de conservação do sistema de esgotamento da comunidade Engenho II.





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