Ministério Público entra com ação por improbidade administrativa contra Marconi Perillo. Entre 2011 e 2017, deixou de ser investido o valor de R$ 2,2 bilhões em Educação
O
ex-governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) e o Estado de Goiás são alvos de
uma ação civil pública do Ministério Público de Goiás (MP-GO) por improbidade
administrativa. Segundo o documento, assinado pela promotora Villis Marra, nos
últimos sete anos, o Estado investiu menos de 25% da receita de impostos em
Educação.
A
Constituição Federal prevê essa aplicação mínima dos recursos dos estados em
manutenção e desenvolvimento de Ensino, o chamado MDE. Considerando isso, de
acordo com as investigações, entre 2011 e 2017, deixou de ser investido o valor
de R$ 2,2 bilhões em Educação.
Esse déficit
foi possível porque na prestação de contas do Estado, no final de cada ano,
valores referentes a servidores inativos, pensionistas e merenda escolar eram
incluídos no gasto de “manutenção e desenvolvimento de Ensino”. No entanto, a
legislação que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, define
que gastos com programas suplementares de alimentação não constituem despesas
de manutenção e desenvolvimento do ensino.
Em seu
texto, a ação civil pública do MP-GO cita uma série de documentos que
demonstram que gastos com servidores inativos não podem ser incluídos nas
despesas de MDE, como uma lei de 1996 e manuais de demonstrativos fiscais da
Secretaria do Tesouro Nacional desde 2007, que devem ser seguidos pelas
unidades da federação.
Valores
empenhados, ou seja, que estão sinalizados para serem pagos, mas que ainda não
foram, também eram incluídos como despesa de manutenção e desenvolvimento de
Ensino. Esses valores eram colocados como restos a pagar na MDE com o
compromisso de serem quitados no ano seguinte, mas a maior parte deles foi
cancelada. Mais de 80% dos R$ 1,4 bilhões a pagar entre 2011 e 2017 foi
cancelado.
A inclusão
desses itens dentro do gasto de Educação na prestação de contas anual permitiu
que o Estado “simulasse” o investimento dos 25% previsto pela Constituição
Federal, interpreta a promotora Villis Marra, que se refere à conduta da gestão
como “pedalada fiscal”. Isso também permitiu que a aprovação das contas do
Estado pelo Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO), mesmo que com
ressalvas e observações técnicas.
Outro lado
Procurado
pela reportagem, o gabinete de imprensa do Governo de Goiás, que também
respondeu pelo ex-governador Marconi Perillo, informou que as contas do Estado
foram aprovadas pelo TCE-GO, incluindo o custeio da Educação. “Os relatórios de
demonstram que o Executivo cumpriu rigorosamente a vinculação constitucional,
com base na legislação vigente”, diz a nota de resposta.
O texto do
gabinete também diz que houve um profundo debate entre o Poder Executivo e os
órgãos de controle sobre a composição do investimento em Educação e que “após
entendimento, as cortes aprovaram a prestação de contas apresentadas”.
A nota ainda
lembra que o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) “atestam o compromisso do Governo de
Goiás, em nossas gestões, com o ensino-aprendizagem”.
A Secretaria
da Educação do Estado de Goiás (Seduce) também foi procurada pela reportagem,
mas informou que a resposta oficial do Estado só seria divulgada pelo gabinete
de imprensa.
Fonte: O
Popular
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