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Quase 21 anos após o crime, acusados de matar ex-prefeito de Monte Alegre de Goiás ainda não foram julgados e família espera por Justiça




O tempo não consegue apagar as marcas de um crime que desestruturou uma família em Monte Alegre de Goiás, no interior do Estado. No dia 26 de agosto de 1999, o então prefeito do município, José da Silva Almeida, conhecido como Zé da Covanca, foi assassinado em casa.

Foram três tiros que interromperam a vida do político, deixaram filhos órfãos e uma viúva sem o seu companheiro de vida. E essa dor se torna ainda mais intensa por conta do sentimento de impunidade.

Passados quase 21 anos do crime os acusados ainda não foram julgados.

Um júri chegou a ser marcado em agosto de 2016, em Campos Belos, comarca que abrange Monte Alegre de Goiás, mas foi suspenso após indícios de que jurados estariam sendo ameaçado.

Em janeiro deste ano, foi acolhido o pedido de desaforamento para Goiânia. Porém, até agora não há data prevista para realização do júri.

Durante todos esses anos, a família aprendeu a lidar com a dor da perda e a espera pela Justiça. Anderson Fábio Almeida, filho mais velho de Zé da Covanca, diz que a última notícia que a família teve foi em relação ao desaforamento para Goiânia.

Ele ressalta que não sabem o motivo para uma demora tão grande, já que o caso envolve uma pessoa pública e que teve muita repercussão.

“É uma vida inteira de espera. Deduzimos que a intenção da defesa dos réus é que o crime prescreva. Mas temos lutado para que não ocorra tamanha injustiça”, salienta.

Nos primeiros 8 anos após o crime, a família constituiu advogado e acompanhou severamente o andamento do processo. Porém, segundo Anderson, cansou da “lentidão da Justiça e do descaso”.

Hoje, eles estão sem advogado e são representados por promotores de Justiça.

Expectativa

Com o desaforamento para Goiânia, a família tem a expectativa de que o julgamento não sofra qualquer tipo de influência por parte dos acusados, havendo assim finalmente Justiça.

“Temos a esperança de que seja um julgamento justo e que seja provado e reconhecido a culpa dos acusados e que os mesmos paguem pelos crimes planejados e cometidos”, completou Anderson.

Sentimento

Os familiares de Zé da Covanca dizem que, com a demora em realizar o julgamento deixa em todos os sentimentos de impunidade e indignação. “Meu sentimento é de injustiça.

Meu marido estava no auge da vida política, conquistando direitos e desenvolvimento em prol do município. Minha família ficou totalmente desestruturada emocional e psiquicamente e não se sabe se irá melhorar”, ressalta Vandya Almeida, primeira dama à época e viúva de Zé da Covanca.

Vandaya diz que o crime deixou marcadas sem limites e insegurança diante de tudo e de todos. “E a saudade corrói a alma. Era meu companheiro de vida, envelheceríamos juntos. Foi tirada sua vida no auge da sua sabedoria”, diz.

A ex-primeira dama diz que tem expectativas positivas quanto à condenação dos acusados. O que, segundo diz, trará paz de que a Justiça foi feita.

Após o crime, a ex-primeira dama ainda ficou na cidade por sete meses para cumprir seus deveres na função pública. Posteriormente, a família mudou-se para uma propriedade rural no mesmo município e para Brasília. Todos passaram por acompanhamento psicológico e psiquiátrico para lidar com o ocorrido.

Revolta

Ângela S. Almeida Ramos, a filha de Zé da Covanca que estava na casa no momento do crime, diz que o sentimento é de revolta com a situação de injustiça e impunidade. Ela diz que, enquanto a família passa por essa dor durante todos esses anos, os criminosos vivem normalmente como se nada tivesse acontecido.

“Como se a vida do meu pai não fosse nada. E, toda vez que tentamos buscar Justiça, nos revoltamos ainda mais, pois percebemos que o crime está perto de prescrever”, observa. Após o crime, Ângela ficou em estado de choque, com traumas e cicatrizes difíceis de reparar.

Ela diz que, escutava qualquer barulho, até quando estava dormindo, sentia medo de serem os criminosos para matá-la. Ela diz que se apega em Deus para conseguir seguir em frente.O crime

De acordo com a denúncia, em agosto de 1999 os acusados mataram o ex-prefeito com três tiros em sua casa, localizada em Monte Alegre.

Consta ainda que o crime foi articulado pelo então vice-prefeito, Antônio, e seu então cabo eleitoral José Roberto, que planejaram o assassinato com o propósito de proveito político. Ele foi morto em casa, com três tiros, na cabeça, nariz e pescoço.

Os acusados são Antônio Pereira Damasceno, ex-vice-prefeito de Monte Alegre e mandante do crime; Luís Carlos Medeiros, apontado como um dos executores; Floriano Barbo Neto, que foi presidente da Câmara de Vereadores do município e José Roberto Macedo Pinheiro, na época, cabo eleitoral do então vice-prefeito.

Pelo crime, também foram acusadas outras três pessoas, sendo que uma morreu há cerca de 10 anos em uma troca de tiros com a polícia e outros dois nunca foram localizados.

Fonte: Rota Jurídica

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