A previsão
de retorno das aulas presenciais em Goiás foi adiada de agosto para setembro. O
adiamento foi deliberado em reunião do Centro de Operações de Emergências (COE)
estadual de combate ao novo coronavírus, na tarde desta quarta-feira (22) e se
deve ao atual cenário epidemiológico do Estado, com aumento de infectados e
mortes. O posicionamento do COE deve ser seguido pelos representantes das
escolas públicas e privadas de Goiás, conforme já sinalizado.
Na reunião
também foi deliberado que não há proibição das escolas já realizarem atividades
presenciais de caráter administrativo com a presença de professores, desde que
seguindo protocolos de segurança, como distanciamento e uso de máscara.
A decisão de
retorno em setembro poderá será discutida novamente no dia 15 de agosto e
poderá ser revista, dependendo do cenário epidemiológico do Estado na época. As
aulas presenciais em Goiás foram interrompidas entre os dias 15 e 18 de março.
O prazo de suspensão das aulas presenciais até 30 de julho, em nota técnica da
Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES-GO), deve ser estendido para 30 de
agosto.
Onze Estados
brasileiros ainda não definiram um mês de retorno das aulas. Entre os que já
têm data de volta, há casos em que a definição foi só da rede pública ou
privada. Alguns Estados definiram setembro como Tocantins, São Paulo, Rio
Grande do Sul, Santa Catarina e Piauí. No caso de São Paulo, que começou a
pandemia duas semanas antes de Goiás, a data prevista de retomada é 8 de
setembro. (Veja quadro).
O adiamento
da previsão de retorno para setembro, em Goiás, foi baseado em um estudo
técnico realizado por um subgrupo do COE. Por nota, a SES-GO defendeu que só
será possível uma retomada segura das aulas presenciais a partir do momento que
o Estado apresentar uma redução no registro de novos casos, mantendo essa
tendência de queda por, no mínimo, duas semanas consecutivas.
Esse
subgrupo do COE também avaliou um projeto de protocolo apresentado na semana
passada pelo sistema educativo de Goiás com uma série de regras para as escolas
seguirem quando ocorrer o retorno das atividades presenciais. O projeto de
protocolo foi feito em conjunto por representantes da rede de ensino pública e
privada.
O parecer
desse subgrupo é que essas regras de retomada das aulas devem ser mais
detalhadas, com orientações mais específicas sobre o que fazer quando há algum
aluno com suspeita de ter Covid-19, normas direcionadas para o Ensino Superior,
uso de refeitórios e cantinas, entre outros parâmetros. O protocolo deve ser
aperfeiçoado e apresentado na próxima reunião.
Discussão
interna
Desde o
início da pandemia, representantes das redes de ensino privadas e públicas têm
defendido publicamente a posição de se preparar protocolos de retorno, mas
deixar a definição da data para autoridades de saúde.
No entanto,
parte do setor privado defende o retorno das aulas em agosto. Há relatos de
inadimplência e até desmatrícula. A Secretaria Estadual de Educação (Seduc)
recebeu 2.260 novos estudantes transferidos só em Goiânia desde o início da
pandemia.
Outra
preocupação é com o risco de fechamento das creches privadas, que recebem
alunos de 0 a 6 anos e costumam ter estrutura econômica menor. A reabertura de
atividades econômicas também tem gerado pressão sobre os gestores da educação,
já que os pais estão voltando a trabalhar e sem ter onde deixar os filhos no
horário comercial.
A reportagem
apurou que a SES-GO defendeu na reunião do COE que o adiamento da previsão de
volta às aulas para setembro traz tranquilidade para a compra de equipamentos
necessários na retomada.
O Ministério
Público do Estado de Goiás (MP-GO) fez uma defesa de que deve ser deliberada a
forma de escalonamento de retorno das turmas, com a definição das etapas que
vão voltar primeiro.
Já a União
Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, seccional Goiás (Undime-GO)
defendeu a criação de comitês municipais para criar protocolos de retorno
específicos para cada cidade.
Colégios
preparam volta independente de quando
Colégios de
Goiás estão se preparando há meses para um possível retorno das aulas
presenciais. Na rede privada, unidades têm investido na compra de câmeras e
pacotes de internet com mais potência para transmitir as atividades para os
alunos do grupo de risco e que optarem por continuar a assistir as aulas de
casa. É o caso do Colégio Integrado, que atende estudantes do ensino
fundamental II e ensino médio em Goiânia.
“A gente já
começou este processo de preparação para esse retorno no fim de maio. Em algum
momento ele precisa acontecer. Quanto antes a gente se programasse, melhor
estaria preparado para esse retorno”, defende o diretor-geral da instituição,
Thiago Oliveira.
Eles explica
que foi definido um grupo que montou protocolos de como o colégio se preparar
na parte de segurança, mas também de ensino e adaptação. Bebedouros foram
substituídos por pias para lavar as mãos, as turmas serão pequenas e com
espaçamento entre as carteiras, alunos receberão máscaras, terão as
temperaturas medidas, os intervalos serão intercalados com proibição de
agrupamentos de mais de dez alunos.
Um dos
desafios para os profissionais da Educação será o ensino híbrido, com aulas
presenciais e a distância ao mesmo tempo. “O professor vai ter de se adaptar a
um modelo que, querendo ou não, será não só presencial e nem somente remoto. Já
imagino aulas que vou usar quadro e recursos do projetor considerando se o
aluno em casa consegue enxergar”, descreve o professor de biologia do
Integrado, Flávio César Borges. Ele avalia que, quando as aulas presenciais
retornarem, os alunos com dificuldade de se expressar a distância vão ter o
benefício de ver o professor, apesar do distanciamento mínimo de 1,5 metro.
Volta com
informação
Flávio
defende que para o novo modelo dar certo, independente do tipo de colégio, os
professores devem ser bem orientados sobre as regras de devem seguir. “As
escolas precisam se preocupar com estas informações para os professores, de
como vai ser. Eles devem estar aptos a seguir protocolos de segurança”, avalia
o profissional.
O professor
de biologia defende que há uma expectativa de retorno entre os professores, mas
que os cuidados com a saúde devem prevalecer. Ele aponta como positivo o
adiamento das aulas para setembro, devido ao cenário epidemiológico. O próprio
Integrado tinha uma previsão de retorno no fim de agosto. “É uma mistura de
sentimentos. Pela profissão a gente está doido para voltar, mas tem que colocar
a vida em primeiro lugar.”
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