Em
entrevista à TV Anhanguera ontem (28), o governador Ronaldo Caiado (DEM) disse
que a retomada das aulas presenciais só poderá ocorrer de forma tranquila e
confiável depois que a vacina contra o novo coronavírus (Sars-CoV-2) estiver
disponível. Ele ainda disse que espera que se construa um “sentimento de
unanimidade no País para que este retorno só seja autorizado após a vacina.” A
fala gerou repercussão e a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) informou que
segue as orientações das notas técnicas da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
A pasta e o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino de Goiás
(Sepe-GO) defendem a discussão.
Apesar de a
afirmação ser opinião pessoal do governador, pais de alunos estão preocupados.
A comerciante Ana Carolina Batista, de 38 anos, tem um casal de filhos, de 8 e
12 anos. Ela diz que está dividida e ainda não consegue se decidir sobre o
retorno. “Por um lado eu penso que preciso da escola porque meu trabalho está a
pleno vapor e não tenho com quem deixar as crianças, mas por outro, não sei se
terei coragem de mandá-los para a escola por enquanto”, diz.
Ana Carolina
diz que tem levado os filhos para o trabalho. “Eu ainda tenho esta opção, mas
penso em quem não tem. Nestes casos a escola é fundamental.” A comerciante diz
que vai esperar as decisões técnicas para avaliar, quando for a hora, se vai ou
não levar os filhos para a escola.
A
comerciante diz que os filhos vivem dizendo que querem voltar para a escola,
que em casa não estão aprendendo com o ensino remoto. “Mas não é só isso que
conta. A gente se preocupa com a segurança deles e da família. Dizem que
crianças são, na maioria, assintomáticas.”
A diretora
de vigilância epidemiológica da Prefeitura de Goiânia, Grécia Pessoni confirma
que a maioria das crianças e adolescentes é assintomática e que poucos pais
fazem testes nos filhos nos casos de suspeita. O total de casos confirmados da
doença em Goiânia na faixa etária até 19 anos sempre gira em torno de 3%. No
último boletim, publicado na tarde de ontem, a Secretaria Municipal de Saúde
informou que existem 15.411 confirmações, sendo 272 casos de crianças até dez
anos e 521 confirmações em crianças e adolescentes entre 10 e 19 anos.
Coordenadora
de escola particular em Goiânia, Valéria Lúcia de Almeida, diz que tem feito
pesquisa com os pais para saber sobre o retorno. Ela garante que muitos pais
que tinham medo de levar os filhos de volta para a escola já afirmam que podem
se sentir seguros a depender das estratégias que podem ser tomadas. “Como somos
uma escola pequena, estamos mantendo contato próximo com os pais para
acompanhar a evolução desta expectativa.”
Valéria diz
que já há discussão interna para uma possível volta em setembro, conforme foi
sugerido há poucos dias pelo Centro de Operações de Emergências (COE) em Saúde
Pública de Goiás. “A gente percebe que muitos pais têm, na escola, o suporte
para trabalharem e realizarem suas atividades. A gente espera que nas próximas
discussões do COE sejam levadas em consideração as questões sociais e de saúde
pública. Se é possível voltar o funcionamento de galerias comerciais, acredito
que escolas também têm condição de reabrir com cautela e cuidados.”
Conselho
Presidente
do Sepe-GO, Flávio de Castro disse que acompanhou a fala do governador na
entrevista ontem. Ele diz que o ideal para a retomada geral do funcionamento de
todas as atividades seria a vacina, mas defende discussão mais aprofundada sobre
o tema. Ele diz que a questão das escolas precisa ser olhada com carinho,
justamente pelo que a escola significa e representa na sociedade.
Uma nova
reunião para discutir a retomada das aulas presenciais em Goiás está marcada
para ocorrer no dia 15 de agosto. O COE deverá, novamente, analisar os dados
técnicos de evolução da doença no Estado para definição sobre esta questão.
“Neste momento queremos ter a tranquilidade para discutir de forma segura este
retorno. Precisamos definir o que poderia ser feito e de que forma para
garantir a segurança e a saúde dos nossos alunos neste retorno.”
O presidente
do sindicato ainda diz que não defende a definição de uma data, mas acredita
que é necessário que se programe isso dentro de uma realidade de casos em Goiás,
como ocorreu com todas as outras áreas econômicas. “Para todas as atividades só
será realmente seguro e confiável quando tivermos a vacina. Quando se aventa
discutir o retorno das aulas começam as críticas, mas precisamos de mais
carinho para olhar esta situação. Mesmo sem data, é preciso pensar em
estratégias.”
Fonte: O
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