PM é preso suspeito de atirar em professor de comunidade quilombola durante abordagem, em Monte Alegre de Goiás
A Polícia
Civil investiga o caso de um professor de 25 anos da rede estadual que foi
supostamente agredido e baleado por um aspirante a oficial da Polícia Militar
na noite de terça-feira (1º), em Monte Alegre de Goiás, na região nordeste do
estado, onde o jovem dá aulas para uma comunidade quilombola. O delegado a
cargo da investigação, Carlos Eduardo Florentino da Cruz, confirmou que o
militar foi preso.
O PM foi
autuado por constrangimento ilegal, majorado pelo uso de arma de fogo, fraude
processual, coação e ameaça. Já o professor foi autuado por lesão corporal
grave pelo excesso doloso de sua legítima defesa. As circunstâncias da
discussão ainda não foram reveladas pela polícia.
A reportagem
não localizou a defesa do policial militar para se manifestar sobre o caso até
a última atualização desta reportagem.
Um relatório
preliminar da Polícia Civil aponta que o policial militar supostamente agredia
um adolescente em uma rua da cidade, quando o professor tentou passar de carro
pelo local. O automóvel do militar teria bloqueado a passagem em toda a rua e o
professor precisou parar.
Ao avistar o
carro do professor, o policial militar teria se dirigido a ele, obrigando o
jovem a descer do veículo. Segundo a defesa do professor, que preferiu não se
identificar, ele recebeu diversas coronhadas do PM no rosto enquanto descia do
carro e, depois, já fora do veículo, foi atingido por tiros no braço.
Após ser
atendido no Hospital Municipal de Monte Alegre, o professor foi transferido
para Goiânia, onde se prepara para uma cirurgia que vai retirar o projétil
alojado no braço, conforme informou a defesa dele.
A Polícia
Militar informou, em nota, que as circunstâncias dos fatos serão apuradas pela
delegacia de Campos Belos, como também pela corregedoria da PM.
A reportagem
pediu um posicionamento para a Secretaria Estadual de Educação (Seduc), já que
o professor supostamente agredido faz parte da rede de ensino, mas não recebeu
retorno até a última atualização desta reportagem.
Versão divergente
A versão
descrita no relatório da Polícia Civil diverge do que descreve a defesa do
professor. Os policiais que estiveram no local da briga analisaram imagens de
câmeras de segurança e constataram que "o [professor] partiu para cima do
policial após ser constrangido por ameaça".
O documento
diz ainda que, "dada a violência com que o professor agrediu o policial
com uma garrafa, restou ao militar fazer uso da arma de fogo em legítima
defesa".
"Realmente
o policial fez o uso de sua arma em evidente ato de legítima defesa, com
disparo de arma de fogo e, mesmo assim, foi golpeado na cabeça e no punho com a
garrafa, vindo a causar-lhes lesões graves", atesta o relatório.
Em outro
trecho, o relatório afirma que os disparos de arma de fogo realizados pelo PM
contra professor foram em "legítima defesa".
"Esta
autoridade policial entende que houve legítima defesa para poder afastar o
ímpeto agressivo do [professor]" e que o militar acabou
"utilizando-se dos meios de que disponha de forma moderada".
A defesa do
professor admite que ele agrediu o policial, mas afirma que isso ocorreu
"após receber as primeiras coronhadas no rosto".
Perseguição
até hospital
O relatório
da Polícia Civil também registrou que o aspirante da PM perseguiu o professor
até o Hospital Municipal de Monte Alegre, onde ele recebia atendimento médico.
Uma
enfermeira do hospital relatou à corporação que o policial entrou no local
"transtornado, ameaçando matar o professor".
Fonte: G1
Comentários
Postar um comentário