O hacker Francisco Bruno de Souza Costa, preso pela Polícia Civil no último dia 21 por desenvolver vulnerabilidade no sistema do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran), tinha vida de luxo em Alto Paraíso de Goiás. Com a fraude, o criminoso causou prejuízo de, ao menos, R$ 1.371.658,99 aos cofres públicos.
Costa
comprou uma casa por R$ 800 mil em Alto Paraíso de Goiás. A residência foi alvo
de mandado de busca e apreensão.
No local,
ele mantinha uma sala com equipamentos de informática de alto valor, usados
para invadir sistemas. Francisco Costa é casado com uma blogueira e tem uma
filha.
A
investigação, conduzida pela Divisão Especial de Repressão à Corrupção
(Decor/Cecor), aponta que o bandido conseguiu cancelar multas e retirar
restrições judiciais e administrativas.
Com isso,
era possível conseguir licenciamento e fazer transferência de propriedade de
veículos com pendências. Francisco Costa desenvolveu um programa malicioso e
passou a vendê-lo para outros hackers.
“No local em
que ele morava, foram encontrados R$ 11 mil em espécie, uma caminhonete de luxo
e diversos equipamentos avançados de informática.
Francisco
também possuía acesso à internet via satélite. Residia próximo a um ponto
turístico da cidade, o Morro da Baleia”, detalhou o delegado responsável pela
investigação, Luiz Eduardo Mendes.
Laudo
pericial produzido pelo Instituto de Criminalística da PCDF, por meio da Seção
de Perícias de Informática, apontou que o montante dos valores das multas
canceladas indevidamente chega a R$ 1.371.658,99. A ação foi batizada de
Operação Backdoor.
Proprietários
ou usuários dos veículos solicitavam as fraudes por meio de despachantes, que,
por sua vez, encomendavam o serviço de alteração no sistema Getran a hackers
especializados nesse tipo de crime. Em alguns casos, as mudanças foram feitas
para liberar veículos destinados a leilão.
“Os
suspeitos agiram de maio de 2019 a janeiro de 2020. As multas pertenciam a 612
veículos. As restrições judiciais e administrativas desbloqueadas utilizando o
mesmo modus operandi pertenciam a um total de 80 carros”, detalhou o delegado
Wenderson Teles, chefe da Decor.
Mister
hacker
Nas redes
sociais, Francisco mantinha uma página em que oferecia sistemas de segurança da
informação. Em seu perfil, nomeado de Mister Hacker, ele postava fotos da
família, de viagens e de sua atuação como hacker. Na página, o criminoso afirma
já ter sido preso. Assinala ainda que não tem formação na área de tecnologia e
que trabalhou com carteira assinada por cinco anos, período o qual define como
“escravidão”.
Em um site
mantido por Francisco, serviços são ofertados para empresas e particulares. Um
dos anúncios promete salário de “seis dígitos para hackear redes de
computadores e invadir os sistemas de TI legalmente”. Para as empresas, ele
oferece treinamento contra ataques na internet.
Acesso
ilegal
O nome da
operação faz referência ao Backdoor, programa malicioso usado para permitir ao
agressor remoto acesso não autorizado a um sistema privado de informações. Ele
explora as vulnerabilidades de segurança. Um Backdoor trabalha em segundo plano
e, enquanto isso, os criminosos conseguem acessar o computador comprometido sem
que o usuário perceba.
É muito
semelhante a outros vírus malware e também algo difícil de detectar. O agressor
pode utilizar um backdoor para espionar atividades on-line, acessar arquivos e
pastas, controlar todo o sistema operacional e atacar outros computadores.
Edward
Snowden
Em 2013,
esse recurso ganhou notoriedade quando Edward Snowden revelou um esforço de
décadas pela agência de espionagem norte-americana, em parceria com a GCHQ da
Grã-Bretanha, para pressionar empresas a instalar backdoors em seus produtos,
principalmente os fabricantes de sistemas de criptografia.
Assim, esses
acessos secretos permitiam que as agências de inteligência conseguissem
contornar as proteções de segurança e, dessa forma, tivessem acesso a sistemas
e a dados.
Fonte:
Metrópoles
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