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Posse, Buritinópolis, Cavalcante, Flores e Alto Paraíso-GO: 70 pequenos produtores devem fornecer mandioca para a Ambev


A Ambev deve comprar ainda neste mês 600 toneladas de mandioca, no valor total de cerca de R$ 300 mil, de 70 agricultores familiares do Nordeste de Goiás, para extrair fécula que será utilizada em cerveja a ser fabricada em Anápolis e comercializada no mercado goiano. Até o final do ano, volume deve chegar a 750 toneladas. O lançamento da nova cerveja é previsto para novembro ou dezembro.

Nessa primeira etapa da parceria, estão sendo cadastrados pela Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e de Pesquisa Agropecuária (Emater) pequenos produtores de Posse, Buritinópolis, Cavalcante, Flores de Goiás e Alto Paraíso.

Secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) do Estado, Antônio Carlos de Souza Lima Neto ressalta que a parceria tem “o propósito de priorizar municípios com maior vulnerabilidade social e fomentar atividade que gere renda”. O secretário explica que a Ambev vai pagar preço de mercado e que não há subsídio direto do governo estadual. “A parceria com uma grande empresa já vai fortalecer as atividades econômicas na região”, acredita.

No município de Posse, a pequena propriedade que Edson Guedes Pereira da Silva, de 47 anos, recebeu do pai, assim como um de seus sete irmãos - os outros migraram em busca de melhores oportunidades -, é uma das que se dedicam ao cultivo de mandioca, tradicional no Nordeste goiano. Agora, oportunidade é o que surge ali. Edson conta que vai vender para a Ambev mandioca que “já está mais avançada, não é de mesa”, o que em seus cálculos deve render em torno de R$ 15 mil.

“Já assinamos os papéis”, conta o pequeno produtor, animado com a ideia, apesar de reclamar do preço. “Já estou colhendo, mas tá fraco o comércio. Por isso aceitei vender barato para eles, 50 centavos o quilo”, comenta. Ele diz que, descascada, a mandioca chega a 3 reais no mercado local. O trabalho de limpar e descascar é realizado em família, por ele, a mulher e três filhos.

Para colher de uma vez uma quantidade maior, o agricultor afirma que será preciso um mutirão. Concluído o negócio, deve aguardar as chuvas de outubro, preparar a terra e plantar de novo. Além de investir na plantação parte do que receber na venda, ele não sabe ainda o que fará. “É tanto plano, numa época dessa, dessa pandemia que parou tudo...”

Colher em maior quantidade com rapidez é mesmo um desafio, confirma Jermir Pinto de Melo, de 63 anos, que há cinco anos trabalha em Buritinópolis em sistema de “meia” com o proprietário das terras onde começou a plantar mandioca no ano passado. “Aqui é tudo no enxadão, não tem mão de obra, não tem máquina pra colher, ninguém nunca imaginou uma chance dessas”, diz após ser cadastrado para vender para a Ambev.

Jermir conta que ainda não assinou contrato, mas que tem 40 toneladas para entrega imediata, “é só arrancar, pôr no caminhão e levar”, o que também pretende fazer em mutirão. “O maior problema, que não é só pra mim, é do pequeno agricultor, é que não tem pra quem vender”, atesta, comemorando a perspectiva de um comprador garantido: “Foi a melhor coisa que apareceu aqui, nos assentamentos, para pequenos produtores e para incentivar os jovens.”

Preço

Desde 1989 atuando como coordenador dos escritórios da Emater na Região do Vale do Paranã, Damásio Kennedy confirma que devem ser realizadas colheitas de mandioca em regime de mutirão para obter, em curto prazo, volumes maiores do produto destinados à Ambev. O primeiro passo para se cadastrar, expõe ele, é o produtor confirmar interesse em vender mandioca para a Ambev por 500 reais a tonelada. “O valor da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) é referência. A Ambev não exige o tipo, pode ser a mandioca de mesa e a industrial, que serve para fazer farinha.”

Na análise do coordenador, o negócio compensa para os pequenos agricultores. “Do jeito que arranca, já manda, e em maior quantidade.” Para obter preço melhor, Damásio cita todo o processo de colher, lavar, descascar, transportar, moer, fazer farinha, quase sempre transferido a um terceiro no sistema de “meia”, o que reduz o lucro final do produtor.

O coordenador da Emater ressalta que as negociações com a Ambev continuam em andamento, mas antecipa provável realização de contratos para o próximo ano e 2022, o que daria aos produtores garantia para ampliar a área plantada e fazer investimentos.

Damásio menciona que existe um implemento para colheita, um subsolador que extrai a mandioca, que poderia ser adquirido com divisão de custos para uso coletivo nas propriedades da região. Observa ainda que a Emater vai fornecer tecnologia, assistência técnica e orientação por agrônomos.

Orientação e crédito

Há cinco anos investindo na piscicultura e também no cultivo de mandioca em Buritinópolis, Lucas Fernandes Ferreira, de 40 anos, reclama de falta de suporte técnico, informações, orientação e acesso a crédito para os produtores do Nordeste goiano. “O governo finge que está ajudando e o agricultor finge que está bom, tem medo de perder a ajuda do trator da prefeitura no ano que vem. Vive de migalhas”, critica.

Sobre a parceria com a Ambev, ele cobra maior clareza. “Até agora, não fui cadastrado nem vi nada concreto para o produtor. Qual a logística? Qual quantidade? Qual a duração dessa parceria? Que garantia vamos ter? Anápolis, onde está a fábrica de cerveja, fica a 600 km da região, a que custo essa mandioca vai chegar para eles?”

Lucas Fernandes diz ter plantado meio hectare que deve render 10 toneladas de mandioca e enfatiza que “ninguém planta em maior escala sem ter garantia da compra, um contrato”. O produtor, lembra ele, dispõe de poucos recursos, precisa às vezes vender o pouco que tem para investir, porque “pegar dinheiro no banco é complicado”, precisa ter o “pé bem no chão mesmo”. Segundo ele, o principal é o preço pago pelo comprador ser viável.

Procurada pela reportagem para dar informações sobre a compra de mandioca de pequenos produtores goianos e a nova cerveja que será fabricada em Anápolis com fécula de mandioca, a assessoria de imprensa da Ambev limitou-se a dizer que vai aguardar a conclusão do projeto antes de divulgar mais detalhes.

Fonte: O Popular

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