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Estudo vê risco de morte de peixes e impacto no fornecimento de água caso retardante de fogo caia em rios da Chapada dos Veadeiros


Um relatório anexado nesta segunda-feira (19) à ação popular que pede a proibição do uso de retardante de fogo no combate a incêndios aponta que, caso o produto tenha caído em áreas de rio da Chapada dos Veadeiros, podem ocorrer danos ambientais, como morte de peixes e afetar o abastecimento de água na região.

Além disso, uma liminar foi anexada pedindo que seja informado, em até 24 horas, o local onde foi feito o lançamento do produto.

O parecer foi elaborado por um engenheiro e um gestor ambiental após o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmar em um vídeo que foi usado um retardante para conter as chamas na Chapada dos Veadeiros. A declaração causou revolta na população local devido aos possíveis efeitos adversos que o produto pode causar.

A reportagem entrou em contato por e-mail com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para saber o local onde foi lançado o produto e se os órgão tinham algum posicionamento sobre o relatório, mas não obteve retorno até a última atualização dessa reportagem.

No estudo, foram analisados as informações do produto disponibilizadas pelo fabricante, legislação ambiental e testes já feitos com o retardante para determinar os impactos ambientais. Em seguida, foram consideradas as características da região da Chapada dos Veadeiros.

Efeitos

O relatório aponta que o produto, um pó que é misturado na água e lançado de aviões, é feito à base de nitrogênio. De acordo com o documento, caso esse retardante caia em rios, pode gerar um desequilíbrio ambiental.

“O acúmulo em excesso deste elemento químico em um ecossistema aquático pode causar o crescimento e multiplicação de plantas aquáticas, algas, fito plânctons e cianobactérias pela oferta de alimento, diminuindo o nível de oxigênio pelo aumento de sua demanda, aumentando a turbidez da água através de uma coloração esverdeada e podendo ocasionar assim a mortandade de peixes e outros animais da fauna aquática, processo chamado eutrofização”, aponta o estudo.

Conforme o parecer, essa alteração poderia prejudicar o abastecimento de água na região, além de prejuízos a atividades de pesca e criação de animais. Outro impacto seria no turismo, que está diretamente ligado ao uso da água pelos visitantes.

“Caso tenha sido lançado apenas no solo, o impacto é menor, mas no ecossistema aquático o risco de dano é muito grande. Nos dias próximos ao lançamento do retardante também foram registrados chuvas e vento forte, o que pode ter levado esse produto para os rios. Mas como os órgãos ambientais não disseram até o momento onde foi o lançamento, não temos como fazer um estudo mais preciso”, disse o engenheiro ambiental Felipe Borges Alves.

Liminar

Devido a essa falta de informação, foi pedido, dentro da ação popular que já está na Justiça, que o Ibama informe os locais exatos onde houve o uso do retardante de fogo. Além disso, eles solicitaram que seja determinada a suspensão do consumo de água, pesca caça e consumo de frutas e vegetais pelo prazo de 40 dias e que seja providenciado à população atingida a água e alimentação necessária durante esse período.

Além desse pedido, a ação popular ainda requer a proibição do uso do retardante de fogo até que o produto seja regulamentado. As liminares ainda serão analisada pela Justiça.

Notificação do governo de Goiás

No último dia 13 de outubro, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Semad) notificou o ICMBio para saber se o retardante foi lançado, além de no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, sob responsabilidade federal, na Área de Proteção Ambiental do Pouso Alto, que fica ao redor do parque e é de responsabilidade do estado. O motivo é que o uso do produto não é autorizado em Goiás.

A Semad informou nesta segunda-feira (19) que ainda não recebeu resposta sobre os questionamentos feitos.

Incêndio

O incêndio consumiu 75 mil hectares da região da Chapada dos Veadeiros. Segundo o governo goiano, no total, 24.198 hectares de mata foram atingidos no interior do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, o que corresponde a 10% de sua área total, e 51.257 hectares na Área de Preservação Pouso Alto, o que representa 6% da unidade, que é de gestão do governo estadual.

Fonte: G1

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