Produto usado pelo governo federal contra fogo na Chapada dos Veadeiros não é autorizado na região, diz governo de Goiás
O Governo de
Goiás informou nesta terça-feira (13) que não é autorizado o uso de retardante
de fogo na região da Área de Proteção Ambiental (APA) do Pouso Alto, ao redor
do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.
A APA é de
gestão do estado e, segundo o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o
produto foi usado pelo governo federal para combater o incêndio que destruiu
mais de 75 mil hectares de vegetação na região semana passada.
Em vídeo
publicado pelo governo federal em rede social, Salles diz que o produto
retardante foi usado junto com a água despejada pelos aviões. Segundo o
ministro, o produto potencializa em cinco vezes a capacidade de resposta no
combate ao fogo.
Por meio da
Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), no
entanto, o governo goiano informou em nota que não foi consultado sobre o
lançamento do retardante na área e que "não há nenhuma
regulamentação" sobre o produto no estado (leia a íntegra ao final do
texto).
A reportagem
entrou em contato com o Ministério do Meio Ambiente, por email, às 8h48 desta
terça-feira (13), questionando sobre o assunto, mas não havia obtido retorno
até por volta de 14h30.
O Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por sua
vez, divulgou nota em seu site, na noite de segunda-feira (12), dizendo que não
há legislação que proíba o uso dos retardantes.
"Não há
vedação legal ou regulamento que estabeleça exigência governamental na forma de
registro ou autorização de uso de produtos retardantes de chama, não havendo
proibição no uso e nem critérios legais estabelecidos que devam ser
obrigatoriamente observados para sua utilização no Brasil", diz o texto.
A nota
afirma ainda que "em muitos países o combate químico já é bastante
difundido. Canadá, Estados Unidos e diversos países da Europa aderem a estas
tecnologias com sucesso".
O uso do
produto foi criticado, também, por moradores da região da Chapada dos Veadeiros
que protestaram pedindo a saída de Salles quando ele esteve na região, no fim
de semana. Em nota, a assessoria do Ministério do Meio Ambiente disse que “a
opinião de meia dúzia de maconheiros não tem relevância”.
Nesta manhã,
Salles participou de uma audiência na comissão do Senado que acompanha o
enfrentamento dos incêndios no Pantanal. O ministro afirmou que o governo
federal é responsável pela fiscalização de apenas 6% do bioma, e que as demais
partes são responsabilidade dos estados.
'Protesto
durante visita de Salles à Chapada
Salles
esteve na Chapada dos Veadeiros na última sexta-feira (9) e no sábado (10). O
incêndio foi totalmente extinto no domingo (11). Na ocasião, ele fez um post
nas redes sociais dizendo que estava na "linha de frente" nas ações
desenvolvidas para extinção do incêndio.
Após a
visita do ministro, moradores da região protestaram distribuindo plaquinhas
pelas ruas de Alto Paraíso com as escritas: "fora Salles". Eles
afirmavam que o ministro chegou à região após semanas de incêndio, se
"gabando" do trabalho realizado por brigadistas que, em muitos casos,
são voluntários.
Além disso,
outra situação que revoltou parte dos moradores foi a utilização do
"retardante de fogo".
Nota do
Governo de Goiás:
O Governo de
Goiás, por meio de Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável (Semad), informa que não há nenhuma regulamentação sobre o referido
produto químico em Goiás; que não foi consultado sobre sua utilização; e que
não é autorizado o uso do mesmo dentro da Área de Proteção Ambiental do Pouso
Alto, de gestão sob responsabilidade do governo goiano.
Fonte: G1
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