A cidade de
São Domingos, no nordeste de Goiás, tem um novo prefeito. Após quatro anos
conturbados, quando houve 12 trocas de gestão por suspeita de envolvimento dos
mandatários com crimes, Cleiton Martins (PSDB) obteve 3.202 votos (56,91%) e
foi eleito no 1º turno das eleições, no último domingo (2).
O tucano
concorreu ao cargo com Genésio José Rocha (PMDB), que recebeu 2.424 votos, ou
seja, 43,09%, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Nascido no
Distrito Federal, Cleiton Martins tem 38 anos, é casado e tem três filhos.
Empresário, essa será a primeira vez que assume um cargo público. Em entrevista,
ele disse que pretende "fazer a cidade avançar” assim que assumir o cargo,
em janeiro de 2017.
“Eu sei que
não vai ser fácil, pois o município passou por uma série de transtornos nos
últimos quatro anos. Mas foi por isso que fiz uma campanha voltada para
apresentar propostas e mostrar para a população que houve muito descaso com a
administração. Nosso município é muito rico, principalmente em recursos
hídricos, energia, e vamos buscar o apoio da iniciativa privada para conseguir
esse desenvolvimento”, afirmou.
Martins, que
disputou as eleições pela coligação “Juntos para a Verdadeira Mudança”, que
reúne os partidos PP, PTN, PR, PPS, PHS, PSB, PSDB e PROS, destacou não ter
nenhuma ligação política com os gestores que assumiram a cidade nos últimos
quatro anos.
“Somos da
oposição e viemos contra os últimos prefeitos e a máquina pública atual.
Acredito que, por isso, a população nos deu um voto de confiança e ganhei com
mais de 700 votos de vantagem, o que é muito para uma cidade pequena. Mas o
importante é que com o apoio do governo estadual faremos a cidade avançar”,
garantiu.
‘Dança das cadeiras’
O município,
que tem pouco mais de 11 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), começou a ter problemas em maio de 2013. Na
ocasião, o prefeito eleito em 2012, Oldemar de Almeida Pinto Filho (PMDB), e o
vice, Domingos Jacinto Oliveira Neto (PT), foram cassados pelo Tribunal
Regional Eleitoral de Goiás (TRE-GO). Ambos foram condenados pelos crimes de
compra de votos e abuso de poder.
Mas até que
um novo prefeito fosse escolhido, o vereador Rival Gonçalves da Silva (PRP),
conhecido como Fiim, assumiu o cargo interinamente. Assim, novas eleições
suplementares foram marcadas e, em julho de 2013, Etelia Vanja Gonçalves (PDT)
sagrou-se vencedora por uma diferença de apenas 14 votos.
No entanto,
em maio de 2015, a prefeita e o vice, Ruy de Oliveira Pinto, também foram
destituídos após serem condenados por captação ilícita de votos e de recursos
de campanha.
Sendo assim,
a presidente da Câmara Municipal de São Domingos, a vereadora Jovita Ribeiro da
Silva (PMDB), assumiu a prefeitura. Porém, ela responde a um processo por
improbidade administrativa, onde, inclusive, foi acusada de corromper
testemunhas e destruir provas. Por isso, Jovita também foi afastada do cargo em
junho de 2015.
Na época, o
então vice-presidente da Casa, Herculanito Lima (PROS), assumiu como prefeito
interino. No entanto, Jovita entrou com recursos na Justiça e retornou ao cargo
algumas vezes, sendo que, em junho deste ano, ela obteve uma liminar que
garantiu a volta à função interinamente.
No último
dia 19, Jovita disse que já estava “trabalhando pela cidade”. “Estou feliz em
poder estar à frente da prefeitura de novo. Já retomei algumas obras e estou
dando andamento aos demais projetos que estavam parados”, garantiu.
Ela deve
permanecer no cargo até o fim deste ano, já que em janeiro do ano que vem
Martins vai assumir a gestão da cidade.
Eleições indiretas
Segundo o
juiz Fernando Oliveira Samuel, apesar do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter
determinado a realização de eleições indiretas (quando os vereadores escolhem o
novo gestor) na cidade após o primeiro afastamento de Jovita, elas não chegaram
a ser realizadas e Herculanito continuou como prefeito até a volta da
peemedebista.
A reportagem
tentou contato com Herculanito, que, segundo o juiz, após voltar para a Câmara
Municipal, deveria ter organizado as eleições diretas na cidade, mas ele não
foi localizado para comentar o caso até a publicação desta reportagem.
Em nota
enviada no último dia 16 de setembro, o TSE não destacou os motivos da
não realização das eleições indiretas. Já sobre o pleito suplementar, destacou
que ele foi suspenso em razão de uma liminar, publicada em junho de 2015. A
decisão foi do ministro João Otávio Noronha.
“Essa
decisão vale até o julgamento do Recurso Especial Eleitoral. Esse recurso já
foi julgado e negado pelo Plenário do TSE. No entanto, ainda está na fase de recursos
e houve um embargo de declaração apresentado por Etélia Vianja Moreira
Gonçalves. O Plenário ainda analisará esse recurso em data não definida”,
destacou o TSE.
Fonte: G1
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