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Homenagem aos 59 anos de Divinópolis de Goiás



DIVINÓPOLIS: AQUI É GOIÁS!

Aqui é um Goiás
Que fica longe “do Goiás”
Aqui o goiano é diferente
Ele é sertanejo
E tem um sotaque arrastado.

Aqui é o nordeste de Goiás
Que fica longe “do Goiás”
Aqui tudo é tão longe
Que nem “o Goiás” sabe onde fica

Mais aqui é Goiás
Um Goiás do sertanejo
Que pouca escrita há sobre ele
E tem um povo guerreiro

Neste Goiás há cantiga
Há histórias
Há gente que sonha
Que nem o Goiás sabe

Aqui é um Goiás sofrido
Que pede ajuda
Pede chuva
Pede estrada
E tem reza o ano inteiro

Aqui é um Goiás
Que tem roça de toco
Que tem cheiro de mato
E tem um grande cerrado

Aqui é Goiás!

PERSONAGENS E FATOS QUE MARCAM A HISTÓRIA DE DIVINÓPOLIS

Aqui neste Goiás distante “do Goiás” nasceu nossa Divinópolis de Goiás. Aqui que por muito tempo foi uma região contornada e evitada que concentra um cerrado densamente preservado. Um território que pertencia ao Estado de Goiás e que economicamente se via ligado a Bahia. Os nossos currais tinham como espelhos os currais do Vale do São Francisco. Uma região que se ligou a nossa devido à seca prolongada.

Contar a história de Divinópolis de Goiás é contar a história de vários sujeitos. Sujeitos estes que corriam da seca do sertão baiano em busca de oportunidades e um futuro promissor para seus descendentes. Muitos se tornaram tropeiros e com suas tropas foram chegando nestas lindas paisagens e veredas de água cristalinas. Eles caminhavam por dias embaixo de sol e chuva tocando seu rebanho bovino. Entre idas e vindas alguns voltavam outras permaneciam neste chão. Famílias foram se formando, então tivemos: Os Castro e Silva, os Dias de Carvalho, os Rodrigues Neto, os Ferreira Lima e mais famílias foram se entrelaçando.

Alguns que aqui chegaram merecem o nosso destaque pelas benfeitorias ao lugar. Seu Luís Pereira Cirineu foi um destes, um jovem arraiano em busca de oportunidade chega ao município de São Domingos e logo é apresentado ao Povoado Galheiros, e por aqui ficou. Ele foi um personagem importante no processo de emancipação do município que ocorreu em 14 de novembro de 1958.

Nestes 59 anos de emancipação foram muitas histórias, muitas lutas e várias conquistas.

Seu Ramiro Pinto Magalhães foi o primeiro prefeito indicado. Nesta terra de sertanejos uma mulher veio a protagonizar. Em 1960 na primeira eleição para prefeito, Dona Felismina Aires Cirineu foi eleita à primeira prefeita da cidade e a primeira mulher eleita prefeita no Estado de Goiás e a segunda no Brasil.

Uma mulher que marcou a história da região e do Brasil. Com Liderança e competência em administrar o município. Uma mulher forte que atualmente com seus 91 anos relata com lucidez muito do que viu e viveu em Divinópolis e tem da comunidade respeito e admiração.

No rol dos administradores municipais destacamos: Aureliano Juarez Gomes um homem à frente de seu tempo que muito contribuiu para o desenvolvimento e crescimento do município. Como podemos destacar nas escolas construídas na sua gestão.

Destacamos ainda a figura inesquecível do senhor Filoneto José dos Santos, que por mais de duas décadas realizou obras de grande vulto que elevou está cidade ao status que verificamos hoje.

Ainda temos outros aspectos a serem lembrados:

Destacamos em primeiro lugar, “Mãe Roberta”, uma parteira que tanto contribuiu trazendo ao município a luz da natalidade. Outro destaque foi o casal Mãe Cota e Seu Elesbão, que deixaram sua marca na generosidade e no profissionalismo. Por meio de orientações as famílias carentes e ao ensino da alfaiataria.

São tantas histórias, tantas pessoas e muitos a destacar:

O Senhor Zeca Preta o primeiro que fez linha de transporte entre Divinópolis e cidades vizinhas;

O Senhor Sebastião Ferreira um dos primeiros comerciantes de secos e molhados e dono do primeiro posto de gasolina da cidade; o Padre Geraldo que além de padre foi um dos primeiros professores; o Casal Lucas e Lucília grandes evangelizadores e donos da primeira Farmácia; e nossas eternas professoras Odelita e Gené.

Tantos sujeitos que marcaram esta história: Dé Crente, Seu Cesário, Domingos Tocador, Zecão, Seu Horácio, Seu Valdemir, Delegado Delinto, Dona Jandira, Tio Edson, Dona Corina, Seu Docão, Joaquim Ludovino, Manuel Ludovino, Sinésio, Seu Inocêncio, Dona Flora, Seu Atanásio, Maria dos Cais, Toin dos Cais, Antônio dos Cais, Seu Roque Pimentel, Maria do Arraial, Rosa Preta, Seu Antero, Dona Alexandrina, Rosendo Neiva, Seu Nego, Seu Miúcho, Zé Pilota, Simão, Canuta Justina e Seu José Dórico.

 Zona Rural

A Zona Rural se destaca com seus vários personagens nas comunidades de: Vazante, Porteiras, Melancia, Mangabeira entre outras. Para relatar um pouco desta história destaco: Dona Mariana Torres Quintanilha (Dona Maró). Hoje com seus 97 anos nos relata com lucidez a vida na roça naqueles tempos idos do inicio do século XX. Segundo ela as vestes eram feitas de algodão, os alimentos eram coletados e processados artesanalmente. E a até dos “Revoltosos” da coluna Prestes tiveram que esconder.

São muitas lembranças desta terra que tem como padroeiro São João Batista e tem grande devoção ao Divino Espirito Santo, que como diz a lenda, chegou aqui em forma de pomba no meio dos tropeiros que descasavam embaixo das árvores. Com essa acolhida o “Divino Espirito Santo aqui se aportou e nunca mais daqui saiu”.

As Riquezas naturais do município

“Aqui há uma vazio de gente, e uma grande riqueza natural” (Oliveira, 2017).

O Rio

A descrição dos rios na região foi citada por Cunha Mattos (1842, p. 142) da seguinte forma:

“... O Rio S. Domingos: nasce no boqueirão deste nome, que tem a figura de trompa, na Serra Geral, três léguas e meia ao oriente do arraial de S. Domingos. É composto dos rios Galheiros e dos Macacos, de outro galheiro e de vários córregos que nascem na Serra Geral e do Rio Manso, que vem do norte. O Rio S. Domingos nasce de três fontes ou olhos de água, tão volumosos que apenas se unem tornam-no muito considerável. Junto ao arraial tem vinte braças de largura e quatro palmos de fundo. Légua tão aumentado pelas águas subterrâneas deste distrito de S. Domingos à foz do rio, no Paranã, tem dez léguas em linha reta.”

Estas informações revelam a grande importância dos rios na região. Os rios que passam pelo município são: o rio galheiros, o rio manso, o riacho seco, o rio bonito. Um córrego que passou dentro da cidade e que hoje já não existe é o córrego da Boa perna. Com o crescimento cada vez maior da criação de gado na região os rios atualmente encontram-se ameaçados visto que muitos já sofrem grandes assoreamentos.

Naquela época eu venho a destacar as nossas mulheres que plantavam roça nas beiras do rio Galheiros e do Córrego boa perna. Em seus relatos nada era vendido elas abasteciam suas casas e o excedente era doado a outras famílias “gestos de solidariedade que necessitamos resgatar”.  Destaco aqui algumas guerreiras que plantavam no Boa Perna: Nicinha, Mariazinha, Nelci e Mirte.

Nesta simples homenagem muitos nomes não foram citados, haja vista a grande quantidade de pioneiros que por aqui estão e estiveram. Este texto foi escrito para rememorar alguns fatos e personalidades relevantes da nossa história. Espero que ele instigue a memoria das crianças e dos jovens para que preservem e valorizem seu passado, revigore seu presente e melhore seu futuro.

Por Francielle Rego Oliveira Braz

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