Alto Paraíso
de Goiás, no nordeste goiano, viveu um dia agitado na última sexta-feira (19):
um lobo-guará entrou na cidade e acabou acuado por cães no quintal de uma casa.
Assustado, pulou o muro e refugiou-se na lavanderia de uma pousada vizinha.
O rebuliço
só foi contornado com a chegada da equipe do Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros, que fez o resgate e a soltura do animal em área próxima à unidade de
conservação, que fica na região.
“Foi um
trabalho e tanto, durou o dia todo. Começou de manhã, quando recebemos o
chamado dos moradores, e só terminou no final da tarde, quando soltamos o
lobo-guará na natureza. Em condições normais, o animal não costuma atacar as
pessoas, mas, como estava fora de seu habitat e muito assustado, exigiu que
atuássemos com toda a cautela”, disse o chefe do parque, Fernando Tatagiba.
Segundo ele,
mesmo experiente no manejo de animais silvestres, a equipe do parque só
conseguiu conter o lobo depois de horas de acompanhamento de suas reações e com
a “valiosa” ajuda de um casal de veterinários da cidade e a orientação de
servidores do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros
(Cenap), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
“O lobo foi
liberado em uma área de cerrado bem conservado próximo ao parque, longe da
cidade e das rodovias, onde acordou da aventura e seguiu para a natureza”,
contou Tatagiba, ao informar que o animal é uma das quatro espécies de canídeos
silvestres brasileiras ameaçadas de extinção.
As
principais ameaças, de acordo com Tatagiba, são a fragmentação e destruição de
habitats, o efeito de rodovias (atropelamento e isolamento de populações),
conflitos com humanos (que acabam matando os lobos em represália pela morte de
animais de criação) e impactos causados por animais domésticos (especialmente
cães, que transmitem doenças e os perseguem ao invadirem ambientes naturais ou
semi-naturais).
Importância da ampliação do parque
Ainda
segundo o chefe do parque, três das quatro espécies de canídeos silvestres
ameaçados ocorrem na Chapada dos Veadeiros, o que justifica ações de proteção
envolvendo todo o território, especialmente para além dos limites da unidade de
conservação. “É preciso garantir áreas em bom estado de conservação nas
propriedades privadas, formando corredores ecológicos, além de uma gestão
adequada das rodovias”, defendeu Tatagiba.
Desde o ano
passado, o governo federal vem negociando com o governo do Estado de Goiás a
proposta de ampliação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros de 65 mil
hectares para 242 mil hectares.
Entre as
justificativas está a necessidade de se ter uma área maior para a preservação
de espécies ameaçadas e a formação de corredores ecológicos com as reservas
particuladores do patrimônio natural (RPPN) que existem ao lado do parque. Os
entendimentos estão avançados e em breve deverá ser selado um acordo.
Comunicação
ICMBio
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