O esplendor das cavernas de Terra Ronca; área preservada em São Domingos e Guarani de Goiás abriga centenas de cavernas
Foto reprodução: Marcelo Peregrino |
O “ronco”
das águas no interior das cavernas deu nome ao Parque Estadual Terra Ronca,
localizado nos municípios de São Domingos e Guarani de Goiás, na divisa de
Goiás com a Bahia.
A paisagem
do Cerrado e a Serra Geral de Goiás, com trilhas, veredas, rios e cachoeiras
completam o cenário de um destino encantador de ecoturismo localizado a 600
quilômetros de Goiânia e 400 quilômetros de Brasília.
Para quem
busca as belezas escondidas nas entranhas da terra, a região ainda é pouco
explorada pelo turismo, mas muito pesquisada por geólogos, biólogos e
espeleólogos que já localizaram centenas de cavernas.
São cavernas
“secas” e “molhadas”, muitas delas atravessadas pelos rios que cortam o parque.
Um misterioso e sombrio mundo subterrâneo revelado aos visitantes pela luz das
lanternas, tendo o auxílio de condutores experientes.
Os pontos de
apoio das expedições que visitam o parque são as cidades de São Domingos e
Guarani de Goiás, onde é possível chegar pelas estradas asfaltadas que partem
da BR-020, principal ligação entre Brasília (DF) e Barreiras (BA).
Uma estrada
de terra com 70 quilômetros interliga as duas cidades nas extremidades do
parque.
A maioria
dos atrativos fica na metade desse caminho, na altura do povoado de São João
Evangelista, que também oferece hospedagem, alimentação e condutores locais
autorizados a entrar nas cavernas.
A Agência de
Notícias do Turismo acompanhou, durante três dias, a aventura de turistas de
Brasília, Goiânia, São Paulo e João Pessoa pelos encantos da região.
Coincidentemente,
o cenário que lembra as narrativas do clássico de Guimarães Rosa, Grande Sertão
Veredas, foi o mesmo da viagem de Rúbia Guimarães Rosa. A paulista, que
trabalha numa editora de livros ficou encantada com o esplendor subterrâneo de
Terra Ronca.
A
exuberância escondida no interior das cavernas de Terra Ronca foi esculpida por
rios subterrâneos durante mais de 600 milhões de anos. Além da água corrente
sob a terra, os cenários, decorados caprichosamente pela ação da natureza, são
deslumbrantes.
Os tesouros
subterrâneos de valor inestimável, foram formados a partir do gotejamento no
teto, gerando esculturas tanto de cima para baixo (estalactites), como de baixo
para cima (estalagmites).
Essas
frágeis estruturas, conhecidas como espeleotemas, levam milhares de anos para
serem esculpidas e na maioria das cavernas sua visualização requer o uso de
lanternas. A luz artificial revela formas que lembram flores, fungos, colunas,
castelos, bolos, anjos, cortinas e imagens sacras, entre outras.
As cavernas
mais visitadas são: Terra Ronca, Angélica, São Mateus, São Bernardo, São
Vicente e Lapa do Bezerra.
A que deu
nome ao parque está dividida em duas partes por causa de um desmoronamento.
Terra Ronca I é a mais visitada e exuberante com entrada de 96 metros de altura
por 120 de largura.
Salões
esplendorosos chegam a mais de 700 metros de comprimento por 100 de largura.
A travessia
do rio da Lapa, com água na cintura, leva os turistas a outra extremidade da
caverna, Terra Ronca II, com 120 metros de boca e caminhada de 1 quilômetro
pelo seu interior.
O Oco das
Araras é margeado por uma dolina (espécie de cânion) de 80 metros de altura. Os
visitantes ainda se deparam também com o Salão dos Namorados, adornado por
colunas de estalactites, estalagmites, ninhos de pérolas calcárias, flores de
aragonita e calcita que lembram porcelana.
A caverna
Angélica está entre as mais belas e maiores do Brasil. A travessia completa, de
14 quilômetros, com pernoite em seu interior, leva 24 horas seguindo o curso do
rio Angélica.
Na visitação
turística regular, os salões inferior, superior, dos espelhos e das cortinas
são as maiores atrações. Já a caverna São Bernardo se destaca pelo Salão das
Pérolas esculpidas pela água.
A caverna
mais radical é a de São Vicente e é possível acessá-la por uma descida de
rapel. O rio São Vicente corre no interior da caverna formando 12 cachoeiras. O
fenômeno é muito raro.
A paisagem
interna conta com muitos salões adornados pelos espeleotemas. Já a caverna São
Mateus é acessada por uma fenda estreita, quase invisível, após uma descida
íngreme. Vencidos os obstáculos, o visitante se depara com a fragilidade das
suaves formações internas em meio a escuridão de imensas salas e galerias que
lembram catedrais.
PEIXE RAMIRO
- Entre os seres que vivem na escuridão estão os bagres cegos e albinos que se
adaptam ao ambiente sem luz.
O peixe é um
exemplo da diversidade e do patrimônio genético de Terra Ronca que, juntamente
com a beleza espeleotemática e os rios subterrâneos que fazem do parque um
espetáculo da natureza, justificam a necessidade de preservação permanente do
ecossistema.
Seu Ramiro
Hilário dos Santos, de 58 anos, é uma espécie de guardião do parque.
Batizado e
casado em um pequeno altar na entrada da lapa de Terra Ronca, onde ocorre todos
os anos a festa do Bom Jesus da lapa, no dia 6 de agosto, ele também emprestou
seu nome de batismo para o nome cientifico da variação do peixe cego de Terra
Ronca.
Uma
homenagem, tanto pela indicação do peixe aos cientistas que catalogaram a nova
espécie de bagre, como pela descoberta de boa parte das cavernas já mapeadas
pelos espeleologistas.
Fonte:
Governo de Goiás
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