“Damos as mãos para que não falte leito a nenhum cidadão que necessite”, diz Caiado em anúncio sobre restrições mais severas
O governador
Ronaldo Caiado recebeu, na tarde deste sábado (27/02), no Palácio das
Esmeraldas, prefeitos de municípios da região metropolitana de Goiânia que
anunciaram o início de um novo protocolo de isolamento para conter o
agravamento da pandemia da Covid-19. A medida, definida após uma série de
tratativas, selou um acordo entre os 20 gestores municipais da região e terá
apoio do governo estadual para consolidar as ações que visam resguardar vidas.
“Todos nós damos as mãos para podermos não deixar faltar leito a nenhum cidadão
que necessite de um atendimento médico e até do atendimento em UTI [Unidade de
Terapia Intensiva]”, afirmou o governador.
Ao
cumprimentar os prefeitos “pela coragem ao assumir uma posição em defesa da
vida”, com o respaldo do governo do Estado de Goiás, Caiado lembrou das
tentativas recentes de contenção do vírus e “endurecimento de regras”
anteriores ao Carnaval que foram descumpridas. “A ponderação que faço nessa
hora é que reflitam bem. De um gesto impensado, apesar de vocês terem sido
alertados, no momento do Carnaval, é isso que se produz hoje neste momento: ou
seja, a conta está sendo paga num momento difícil, de uma sobrecarga, de um
vírus que tem a capacidade de transmissibilidade muito maior que o anterior e
com consequências muito mais trágicas que o anterior.”
A vigência
dos decretos dos municípios é de sete dias com validade a partir da próxima
segunda-feira (1°/03). Após o prazo, será realizada uma avaliação pelas
administrações municipais sobre a necessidade de prorrogar o fechamento por
mais sete dias. As normativas editadas pelas prefeituras determinam o
fechamento de todas as atividades não essenciais, com particularidades para
cada município, mas com regras comuns a serem seguidas.
O tom
adotado pelos prefeitos foi sinalizado na reunião realizada sexta-feira (26/02)
no Paço Municipal, em Goiânia, que também reuniu representantes do setor
empresarial. Na ocasião, Caiado reiterou a preocupação com o avanço da
Covid-19, principalmente, pela alta transmissibilidade de novas cepas da doença
e número crescente de infectados. “No momento em que tivemos conhecimento desta
nova cepa, em que nós vimos a capacidade de transmissibilidade muito maior e
atingindo também pessoas com a faixa etária bem mais jovem e com a evolução tão
rápida, nós já estávamos atentos ao fato. Hoje essa variante já é uma
contaminação comunitária e, assim, nós vemos pontos críticos no Estado de Goiás”,
alertou.
O governador
também reforçou a importância da contrapartida da população. “Ninguém quer
causar prejuízo a quem quer que seja. O que nós queremos é salvar vidas. Um
período curto para nós baixarmos esse percentual e não chegarmos ao ponto que a
população não tenha serviço médico para ser atendida”, defendeu ao lembrar os
altos índices de ocupação nas UTIs em todo o Estado. Ao mesmo tempo, assegurou
alinhamento às decisões municipais anunciadas. “Terá, por parte do governo,
total apoio dentro da premissa que sempre foi para mim uma máxima da qual eu
nunca saí: salvar vidas. Este é o nosso compromisso”, salientou.
O prefeito
de Goiânia, Rogério Cruz, endossou as palavras do governador em defesa da vida
e alertou sobre a mortalidade do vírus, mesmo para os casos em que há pronto
atendimento médico. “Quero aqui lembrar que não adianta aumentar leitos. A cada
dez pessoas que entram no leito de UTI, cinco perdem a sua vida. Portanto,
contamos com o apoio de toda a população goianiense, de todos que residem nos
municípios do Estado Goiás, para que possam fortalecer o nosso pedido, o nosso
decreto”, defendeu.
Para o
prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, a medida é
“desconfortável”, mas necessária para conter o crescimento da Covid-19. “Sempre
fui favorável ao setor produtivo, às pessoas poderem trabalhar, mas o instinto
de sobrevivência nesse momento fala mais alto. O que não podemos é deixar de
dar o atendimento às pessoas que, nesse momento, necessitam de acompanhamento
médico, quem sabe de uma UTI, quem sabe de ser entubado”, ponderou.
Mendanha
conclamou os moradores de Aparecida que se solidarizarem com as famílias em
luto. “Mais do que nunca, peço a minha população para se unir nesse momento, ao
em vez de estarmos em casa nesses sete dias recebendo amigos, que nós possamos
todos estar imbuídos em realmente enfrentar a Covid-19 e todos nos
solidarizando com aqueles que estão sofrendo, aqueles que perderam entes
queridos”, assinalou.
O sentido de
união em um “momento difícil” foi destacado pelo prefeito de Goianira, Carlão
da Fox. “Nós tomamos essa atitude, sabemos que vamos desagradar muitas pessoas,
mas não podemos, em momento algum, abrir mão da nossa responsabilidade”.
O
procurador-geral de Justiça, Aylton Vechi, definiu a situação como “o momento
mais grave” enfrentado na pandemia. “Pela gravidade do momento, quero dizer que
considero exemplar a postura do governador do Estado e dos prefeitos que
integram a região metropolitana”, declarou. Vechi também manifestou apoio por
parte do Ministério Público de Goiás (MP-GO) aos gestores e todos que atuam à
frente de instituições e poderes em defesa da sociedade. “O MP continuará
trilhando e exercendo a suas funções, apoiando os prefeitos dos municípios da
região metropolitana e todos aqueles que eventualmente precisarem ajustar a sua
postura para que nós tenhamos vidas salvas”.
Técnicos
Os
secretários de saúde, na esfera estadual e municipal, também participaram da
reunião. Ismael Alexandrino, titular da Secretaria de Estado de Saúde,
enfatizou que as ações até agora foram tomadas de maneira “consciente” e
atendendo à avaliação do estágio da pandemia. “Nesse momento nós temos
dificuldade em ofertar no serviço privado e no serviço público leitos
suficientes para todos que estão necessitando de cuidados intensivos”, declarou
ao lembrar que o cenário se replica a nível nacional e em outras unidades
federativas. “Não são só leitos que salvam vidas. Não se enfrenta uma pandemia
sozinha, nem só com atitudes de saúde”, lembrou ao ressaltar a relevância de
atitudes conscientes por parte da população.
O secretário
municipal de saúde de Goiânia, Durval Ferreira Fonseca, reforçou que há um
limite para disponibilizar recursos e força operacional. “Fizemos nosso
trabalho e continuamos fazendo nosso trabalho, enquanto secretário, na abertura
de leitos e controle das medidas sanitárias. Mas os recursos são finitos. É
importante que todos aqueles que chamem para si sua responsabilidade civil e
junto de suas famílias, seus entes queridos se protejam”, ponderou.
Para o
secretário municipal de saúde de Aparecida de Goiânia, Alessandro Magalhães, a
decisão de fechamento é uma resolução pela vida. “Até o presente momento,
tentamos conciliar a economia com as vidas. Chegou o momento de preocuparmos
somente com as vidas. A medida mais necessária neste momento é ampliar o
distanciamento social, ampliar as restrições”, afirmou.
Mapa
A Secretaria
de Estado de Saúde (SES) atualizou, na última sexta-feira (26/02), a
classificação das regiões, conforme o mapa de risco, que aponta em quais delas
a incidência da Covid-19 está mais elevada. São previstas três situações:
alerta (amarelo), crítica (laranja) ou calamidade (vermelho). A partir da
divisão de cada localidade, a intenção é que os municípios adotem medidas de
combate e controle da Covid-19, com procedimentos padronizados.
Conforme a
atualização desta sexta-feira, na semana anterior, as regiões do Entorno Sul,
Estrada de Ferro, Nordeste II, Oeste I, Rio Vermelho e São Patrício I foram
classificadas como situação de calamidade. No período atual, com exceção da
Nordeste II que se enquadrou em estado de alerta, as cinco demais recuaram para
a situação crítica. Mesmo com esse progresso nos resultados, todas as seis
ainda devem manter as recomendações sanitárias de calamidade até apresentarem
melhora do cenário por 14 dias consecutivos.
Na análise
desta semana, somente a Nordeste I, que antes estava na cor laranja, foi
classificada em vermelho, demonstrando piora do contexto. A orientação é que os
municípios de Campos Belos, Cavalcante, Divinópolis de Goiás, Monte Alegre de
Goiás e Teresina de Goiás adotem medidas restritivas.
As Regionais
de Saúde Central, Norte, São Patrício II, Sudoeste II e Sul seguem em situação
crítica nesta semana, sem alteração do cenário em que foram inseridas no
período anterior. Já a Sudoeste I, que reúne 18 municípios, passou de alerta
para cenário crítico. Dessa forma, as seis regiões devem seguir as medidas
recomendadas na nota técnica para esta classificação.
Já a
Centro-Sul e o Entorno Norte, antes no cenário crítico, passaram para o de
alerta. Mesmo com esse avanço no quadro, ambas devem manter as medidas do
momento anterior e sustentarem este novo resultado por duas semanas seguidas.
Somente a Oeste II, Pirineus e Serra da Mesa, que juntas contam com 32
municípios, continuaram no status de alerta, sem mudanças na classificação no
intervalo de uma semana.
A
classificação das regiões leva em consideração seis indicadores, divididos da
seguinte maneira: velocidade de contágio no tempo (Rt); incidência de casos de
síndrome respiratória aguda grave e variação de mortalidade por Covid-19, para
avaliar a aceleração do contágio, e as taxas de crescimento de solicitações de
leitos de UTI, de ocupação de leitos de UTI, e de ocupação de leitos de
enfermaria, públicos e privados, dedicados para pacientes com Covid-19, para
avaliar a sobrecarga do sistema de saúde.
Fonte: Secretaria de Comunicação - Governo de Goiás
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