A pele e o
cabelo extremamente brancos tiraram o anonimato de Gleyson Barbosa dos Santos,
de 9 anos, enquanto esteve no fórum de Posse.
Tímido e de
poucas palavras, foi com o olhar que o garoto agradeceu o juiz Rodrigo de Melo
Brustolin que condenou o Instituto Nacional do Seguro Social (Inss) a pagar
para ele, no prazo de 60 dias, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) da Lei
Orgânica da Assistência Social (Loas), no valor de um salário mínimo.
A audiência ocorreu na comarca, durante a
realização do Programa Acelerar – Núcleo Previdenciário na Região Nordeste do
Estado.
O magistrado
ressaltou que o benefício pleiteado por Gleyson visa exclusivamente que as
pessoas idosas ou port deficiência que não possuem meios de prover sua
subsistência nem tê-la provida por suas famílias possam atender às suas
necessidades mais urgentes com alimentação e vestuário com o mínimo de
dignidade, até o momento em que estiveram aptas a exercer alguma função no
mercado de trabalho. Assim, para ele, ficou constatado que devido ao albinismo
a criança é “permanentemente incapaz” para o exercício de sua atividade
laborativa.
A criança é
portadora do albinismo, fazendo com ela não passe despercebida. Sem cura, a
doença é caracterizado pela ausência completa ou parcial de pigmento na pele,
cabelos e olhos. Estatisticamente, entre 1 em 17 mil e 1 em 20 mil pessoas é
albina.
Segundo
apurou a mãe de Gleyson, Maria Edilene Barbosa dos Santos, de 32 anos, não há
parentes albinos na família. Por conta disso, o choque foi tão grande quando
ele nasceu. O garoto tem três irmãos, de 14, de 11 e de 6 anos, sendo o único
albino da família.
O loirinho
“Foi um
susto, nunca imaginei que teria um filho de cabelos e pele tão brancos”, disse
Maria Edilene, de 32 anos, há 9 anos quando deu à luz Gleyson Barbosa dos
Santos.
Sem
conhecimento da doença, ela não conseguia entender o motivo do filho ser “tão
branquinho”, já que tem a pele escura e o pai do garoto é negro. “Tive outros
filhos e eles todos são de pele escura”, contou.
Ao ver sua
reação, a enfermeira cochichou em seu ouvido: “Parabéns! Seu filho é albino e lindo”.
Ela já havia ouvido falar sobre o albinismo uma única vez. Foi quando a “ficha
caiu” e ela se deu conta do que estava acontecendo. “Aí tudo mudou. Ele é minha
luz, minha vida. Foi o presente que Deus me deu. Tem coisa mais angelical?”,
indagou.
A entrada na
escola não o trouxe boas lembranças, por dois motivos: primeiro porque
descobriu que teria de suar óculos de grau e o outro foi o preconceito. “Ele
foi vítima frequente de piadinhas maldosas, o branquelo, o esquisito”, revelou
a mãe.
Gleyson não
gosta de falar sobre a sua situação, mas garante que isso não o incomoda mais.
“Minha mãe me explicou. Eu sei que sou diferente. As pessoas ficam me olhando.
Mas faço as mesmas coisas que as crianças da minha idade fazem”, disse, ao
falar que gosta de jogar futebol com os colegas da rua e tomar banho em um rio
perto da sua casa.
Porém, ele
afirma que o que mais lhe incomoda são os olhos. “Nos dias de sol forte,
geralmente ele não pode brincar, porque a luz intensa entra nos olhos e ele não
consegue enxergar”, disse a mãe. A mulher garantiu que o dinheiro do benefício
vai ajudar no tratamento oftalmológico. “Ele precisa de cuidados redobrados nos
olhos, senão pode ficar cego”, disse.
Fonte: TJGO
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