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Antigos
coronéis de Posse no nordeste goiano permanecem na memória do povo como
personagens da literatura oral, dentre eles, o coronel Augusto José Valente,
famoso caçador de onça, e o coronel Rosulino Nunes, contador de causos
fantásticos que inspirariam verdadeiras obras de ficção. Ambos exerceram a
função de juiz municipal.
Três outros
coronéis tornaram-se mitos no folclore regional. O primeiro – Argemiro Antônio
de Araújo – destacou-se pela habilidade diplomática. O segundo – José Francisco
dos Santos – passou para a história como portador de riqueza associada à
concentração de poder. E o terceiro – Pedro José Valente de Santa Cruz – ficou
famoso por sua habilidade maquiavélica.
O coronel
Argemiro, que sobreviveu aos demais, vem da mais antiga geração possense,
entrelaçado à família Balduino, dos pioneiros da cidade. Foi o homem público
que mais viveu em Posse, sempre ligado ao poder, embora sem exercer nenhum
cargo eletivo.
É mencionado
no livro Lugares e pessoas (1948), do cônego José Trindade da Fonseca e Silva,
em crônica histórica assinada pelo padre José Francisco, que acompanhou em
1921, o bispo Dom Prudêncio em visita pastoral à cidade de Posse.
Observa o
cronista que a antiga villa não tinha médico (só encontrado à época, em
Januária, daí 60 léguas) e que, em Posse, dois homens sabiam muito bem receitar
e tratar: José Balduino de Souza Décio e Argemiro Antônio de Araújo – “os quais
foram incansáveis nos seus serviços” – conclui.
O coronel José
Francisco dos Santos chegou a ser eleito 3º vice-presidente do Estado, em
1929/30, ao que consta, em lugar do coronel Joaquim Gomes Ornelas, de Sítio
d’Abadia. Presume-se que tal fato tenha gerado antigas dissensões políticas
entre Posse e Sítio.
Os nomes de José Francisco dos Santos e Pedro
de Santa Cruz são lembrados, por sua vez, como protagonistas de uma crise
política que ocorreu em Posse em 1937 e teve repercussão estadual.
Na condição
de fiscal de rendas do Estado, Pedro de Santa Cruz (procedente de São
Domingos), procedia a uma rigorosa cobrança de impostos e tal fato desagradou
(e até atingiu) o então comerciante e prefeito municipal de Posse, José
Francisco dos Santos, de quem Pedro tinha sido amigo e correligionário.
Dado ao seu
desentendimento com o coronel José Francisco, os amigos deste apelidaram Pedro
Santa Cruz de Pedro Salta Cruz, depois Pedro Santanás, afinal Satanás, e
promoveram uma serenata maldosa o com fito de expulsá-lo da cidade.
Foram nove
dias de serenata à janela de Satanás, com batuques de latas e tambores, tiros e
chocalhos, gritos e palavrões, obrigando o fiscal a fugir disfarçado de mulher,
na calada da noite.
Pedro Santa
Cruz foi ter na capital com o então governador Pedro Ludovico Teixeira, à busca
de garantias. Voltou com tudo: acompanhado de força policial e do juiz de
direito da comarca. Sobre esse episódio, ver o livro deste autor, O processo de
Satanás – um rábula diabólico em Posse.
Fonte: DM
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