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A passagem da Coluna Prestes em São Domingos/GO em 1925



Há muitas histórias bizarras que colhemos em São Domingos sobre a passagem da Coluna Prestes.

O município tem um território privilegiado de pedreiras e grutas com abertura de suspiros, onde os esconderijos pareciam mais seguros em relação aos revoltosos, porém mais perigosos em relação às onças que também buscavam refugiar-se nas mesmas locas.

Aí se duplicava o medo: das onças e dos revoltosos. Mesmo depois da volta ao redil, muitas pessoas ficavam possuídas de uma espécie de neurose de guerra.

Apesar do pavor que os revoltosos infundiam na população, em São Domingos fez-se exceção à regra.

 Ouvi algumas pessoas que a eles se referiam com simpatia. Talvez tivessem intenções maldosas, mas conhecendo a timidez do povo (ou talvez sugestionados pela beleza paisagística do lugar), passaram, em vez de saquear, a defender a cidade.

 Alguns deles resolveram abandonar o grupo (talvez nem pertencessem à Coluna Prestes) e fixaram residência em São Domingos, aí se casando e formando família.

 É o caso de um desses revoltosos que tinha sido escalado para servir de sentinela (vigia) da família Honorato (quem conta é o doutor João Honorato Pinheiro, médico filho da terra): “Foi um revoltoso quem pedira a minha mãe, dona Mundinha, para que batizasse minha irmã com o nome de Irene, explicando que a menina era bonitinha e que o nome seria uma homenagem à sua noiva, chamada Irene, que tinha deixado no Nordeste.”

Povo tão bom, tão hospitaleiro, tão fraternal, os dominicanos aplacavam até mesmo a rudeza dos cangaceiros, humanizando-os e ensinando-lhes o amor e a convivência social: pobres homens recuperados que passaram a fazer parte da história da cidade.

(Por Emílio Vieira, professor universitário, advogado e escritor, membro da Academia Goiana de Letras, da União Brasileira de Escritores de Goiás e da Associação Goiana de Imprensa)

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