A riqueza
cultural do município também contempla vários mitos e lendas que compõem o seu
acervo imaterial e podem se constituir em uma significativa área de interesse
turístico para a região, e fonte de renda, contribuindo para a fixação dos
jovens no local e a continuidade da transmissão oral entre gerações.
No Morro do
Moleque, nas proximidades da cidade de São Domingos, existe a lenda do
Galo-de-ouro.
É uma crença
popular sobre a existência de uma estátua da ave que foi fundida com ouro de
vinte quilates e mede cerca de meio metro de altura, com olhos cravejados de
diamantes e penas com diversos rubis. Suas esporas eram feitas de grandes
esmeraldas. O entrevistado José Pelegrino nos contou em 05/07/2008:
[...] Os
mais velhos ouviam o galo cantar, sem que ele fosse visto, afastava os curiosos
do local. Também tem outras histórias do Morro do Moleque, sobre assombrações,
padres sem cabeça, cobras enormes com olhos de fogo, isso quando não aparecia o
próprio demo cavalgando um porcoespinho... o ronco deles podia ser ouvido a
mais de 100 léguas de distância.
Dona Maria
(em 28/08/2008) sobre a “Cobra de Fogo” do Morro do Moleque nos relata:
[...] É uma
cobra de fogo que anda nos mato, perto do Morro do Moleque
[...]
antigamente os índios que aparecia aqui diziam que o bicho queimava por dentro
[...] não queimava o mato seco. Também é chamado de boitatá
[...] quem
encontra a boitatá pode até ficar cego.
Quanto à
lenda sobre o Nego d’água, ela diz que se trata de uma espécie de figura, de
cor negra, que mora em locas dentro dos rios e que eventualmente sai da água
para assustar pessoas desprevenidas. O guia Ramiro29, em 28/08/2008, também nos
conta:
[...] Era um
neguinho de cabelo pixaim que tinha dente azulado, e mãos e pés parecidos com
pato, [...] eram ligados por uma pele. A mania era de pegar criança na beira do
rio e dar sumiço.
Não se tem
notícia de alguma criança desaparecida por influência do neguinho.
Segundo os
entrevistados, qualquer pessoa que esteja à beira do rio no momento em que o
neguinho aparece fica “abobada” e cai nas águas do rio, morrendo por
afogamento. Todos os entrevistados são unânimes ao lembrar de terem ouvido
falar desta lenda quando eram crianças, porém há muito tempo não escutam a seu
respeito.
Em
contrapartida, a crença do Romãozinho é lembrada por todos. Trata-se da
história de um moleque malvado cuja índole contrasta com a bondade dos pais; um
trabalhador da roça e sua esposa, dedicada mãe e dona de casa. Instigado pelo
filho, que dizia que sua mãe o traia, o pai a matou. Em seus últimos suspiros a
mãe rogou uma praga sobre o moleque (RAMIRO, em 28/08/2008).
Romãozinho.
Ele atentou aqui [...] era o Saci [...] tinha umas casa aqui que ele atacava
sempre [...] mexia tudo, quebrava coisas. Minha mãe sempre me metia medo com ele
(RAMIRO, em 28/08/2008).
Observamos
que por meio da interpretação da lenda buscam identificar o significado
arquetípico do personagem principal, além de verificar a incidência de seu
dinamismo no momento atual da cultura. Essa lenda é contada até os dias atuais,
porém somente no meio rural da região.
Acervo UCG
historias cabolosas.
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