Com a
economia vinculada à extração de minério, Niquelândia, no norte do Estado, vive
sérias dificuldades um ano após a paralisação das atividades da Votorantim
Metais, agora Companhia Brasileira do Alumínio (CBA), até então maior
empregadora local direta e indiretamente.
A estimativa
é de que a circulação de recursos caiu 40% – enveredada por forte emigração,
informalidade e desvalorização dos imóveis.
Mesmo com
uma extensão territorial de 9,8 mil quilômetros quadrados, o maior município
goiano em território, Niquelândia se acomodou às benesses do minério, e muito
pouco avançou na diversificação econômica.
Há pouco
espaço para a produção agropecuária, associações, cooperativas e até mesmo ao
turismo – já que o lago Serra da Mesa está localizado a 35 quilômetros do
município.
“Dentro de
uma lógica convencional, se o município tem abundância de recursos convém fazer
exploração, mas tem que ser acompanhada, sobretudo, pela prefeitura para
trabalhar alternativas”.
“O Estado
precisa prover políticas públicas para incentivar a pecuária, a agricultura”,
diz o professor de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Goiás (UEG)
e especialista em Desenvolvimento Econômico e Formação Econômica de Goiás,
Talles Santos Faria Silva.
Nova realidade
A sensação é
que a cidade do níquel viveu um longo momento de alta temporada e agora voltou
à realidade de um município de médio porte goiano.
Mas não é
exagero dizer que não existe setor, ramo ou segmento que, direta ou
indiretamente, tenha sido impactado negativamente com a paralisação das
atividades do grupo.
“Estamos
aprendendo a viver com uma nova realidade, com uma informalidade maior, cujo
rendimento não é igual ao de antes”, diz o presidente da Associação Comercial e
Industrial de Niquelândia (Acin), Almir Pedroso da Silva.
Um dos casos
é o de Michele Cardoso Silva, que começou a vender pastéis na rua há três
meses. Antes, era diarista de segunda-feira à sexta-feira, em cinco casas
diferentes.
“Quatro
dessas famílias mudaram e a outra não pode mais pagar”, explica. Exemplo da nova
engrenagem social na cidade, Michele precisou dispensar a babá que cuidava dos
seus três filhos. O marido, que trabalhava indiretamente para a Votorantim
Metais, agora é chapa. “Tem dia que não ganha nada”, diz. A renda mensal caiu
de R$ 2,5 mil para R$ 1 mil.
Com a
incerteza causada pelo cenário, muitos moradores estão deixando a cidade. O
maior movimento foi entre os meses de março e novembro, nas contas de Wiles
Marques. Ele era operador de máquinas na Votorantim e investiu, com o dinheiro
do acerto trabalhista, na compra de um caminhão baú.
“Outros três
colegas fizeram o mesmo.” Juntos calculam que já realizaram a mudança de 400
famílias ao longo do ano.
Os
principais destinos são os municípios goianos de Barro Alto, Crixás, Goianésia,
Anápolis, Goiânia, Minaçu, Rio Verde, Trindade, além de Paracatu (MG), onde
existe uma unidade da empresa. A boa notícia é que, segundo Wiles, a maioria
saiu com novo emprego garantido.
Fonte: O
Popular
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