quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Chapada dos Veadeiros: “Meu irmão foi desapropriado e morreu sem receber”, diz proprietária de Fazenda



A administradora de empresas e psicóloga Maysa Reis, de 58 anos, proprietária da Fazenda Canastra, com quase 500 alqueires na região do Pouso Alto, é atualmente uma das principais críticas da ampliação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV).

A senhora é contra a ampliação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros?

Não é ser contra, é ser coerente. Eu não seria contra se fosse uma medida justa. Eu só quero receber o justo, o valor de mercado, ou senão que entregue para outras forças. Quem é que não quer ter o melhor ar, a melhor água? O governo federal não tem dinheiro para essas desapropriações. Tem um pessoal que foi desapropriado há 30 anos e apenas 2% das propriedades foram pagas. Meu irmão foi desapropriado e morreu sem receber. Isso eu acho uma aberração. Ainda nem indenizou o primeiro. Agora, porque artistas e Prem Baba (guia espiritual da região) estão pedindo, querem ampliar? Como eu vou ser a favor de uma história que vai se repetir? Eu sou contra o furto, o roubo, o não pagamento.

O que a senhora tem feito para discutir a questão?

Eu entrei nessa história porque eu não acreditava naquelas audiências públicas. Eu estive com o Vilmar Rocha (secretário estadual das Cidades e Meio Ambiente) e ele foi imediatamente no MMA (Ministério do Meio Ambiente) pedir mais 60 dias de prorrogação. Essa é uma fazenda que foi presente do meu pai e está completamente dentro da área de ampliação.

A senhora quer construir um condomínio de alto nível no local?

É a maior verdade que existe. Eu sou loteadora. O Setor Maysa, aqui em Goiânia, leva o meu nome porque era uma fazenda do pai. Ele foi um visionário. Guardei aquela área na Chapada por muitos anos para fazer o melhor loteamento ecológico da história. Eu tenho esse projeto para segunda moradia ou até em cotas, para pessoas que querem preservação, de alto nível e altíssima consciência ambiental. Ele (o empreendimento) seria evento mundial.

Esse empreendimento não vai impactar o meio ambiente?

De forma alguma. Se alguém apontasse algum impacto, eu até mudaria o projeto. Ali é a minha paixão, a minha natureza, a minha história de vida. Quando meu pai foi me dar uma fazenda, ele não queria me dar aquela porque não tinha terra boa. Eu disse: “pai, tem fazenda que é para gado. Eu quero uma fazenda que seja para gente”. Tempos depois, ele me deu razão. Minha fazenda tem várias cachoeiras, piscinas naturais e a nascente do Córrego Canastra. Lá passa o Rio das Almas, os córregos Jacuba e o Jacubinha. Eu vou fazer, e com certeza vou fazer, o maior loteamento dos sonhos dos que amam e preservam a natureza.

Número divergentes

Entre os pontos polêmicos do processo de ampliação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV), no Nordeste de Goiás, está o número de propriedades afetadas.

Enquanto a proposta apresentada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) fala em 90 famílias, a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) contabiliza 514 imóveis rurais.

“Não há 500 famílias dentro da área de ampliação. Os assentamentos e grandes áreas produtivas foram retirados do projeto durante as audiências públicas, para evitar atritos”, diz o chefe do PNCV, Fernando Tatagiba.

O vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) e presidente do Sindicato Rural de Alto Paraíso, Leonardo Ribeiro, alega que o número de proprietários a serem indenizados supera 500. “Esses estudos foram feitos de forma irresponsável”, critica.

Nem mesmo o Estado sabe ao certo quantos imóveis há no local. “Estamos contratando uma empresa para georrefenciar essas propriedades”, disse o representante da Secima, Rogério Rocha.

Fonte: O Popular

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