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Ameaças à Chapada dos Veadeiros: avanço imobiliário e do agronegócio põem em risco a biodiversidade




A indefinição em torno da ampliação do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (PNCV) preocupa pesquisadores, que temem o cerco se fechando em torno do último grande remanescente de Cerrado em Goiás.

Na última semana, a reportagem do O Popular visitou a região, no Nordeste goiano, e constatou o avanço da soja, dos parcelamentos imobiliários, além de queimadas e desmatamentos.

A conversão acelerada de áreas de Cerrado em campos de soja mudou completamente a paisagem às margens da GO-118, que liga o Distrito Federal à Chapada dos Veadeiros.

Há poucos anos, os imensos tampes verdes de monocultura eram comuns apenas até o município de São João da Aliança. Agora, chama a atenção até a chegada a Alto Paraíso, o principal município da região.

Apesar do tempo chuvoso, vários focos de incêndios foram avistados. Na GO-239, rodovia que liga Alto Paraíso à Vila de São Jorge, onde fica a entrada do PNCV, o número de construções se multiplica. Novos loteamentos aparecem até bem perto da Cachoeira do Abismo.

Evitar o avanço ainda maior sobre um mosaico único de ecossistemas, riquíssimo em biodiversidade e recursos hídricos, é um dos principais objetivos da proposta de ampliação do PNCV, segundo o chefe do parque, Fernando Tatagiba.

Tatagiba critica a contraproposta apresentada pelo Secretário Estadual das Cidades e Meio Ambiente (Secima), Vilmar Rocha, que pede a retirada de várias áreas do projeto definido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

“Essa proposta baseada em critérios fundiários não atende os requisitos para a preservação. Retirou vários trechos da região do Pouso Alto, transformando o que era um contínuo de ecossistemas em uma paisagem fragmentada”, diz.

Para o chefe do parque, os recortes deixam vulneráveis locais de matas secas. Esse ecossistema está altamente ameaçado e atualmente não está representado dentro do limite atual do PNCV.

Sobre a polêmica em torno do não pagamento de terras desapropriadas há décadas, Tatagiba afirma que há um recurso de R$ 7 milhões para parte das desapropriações. “Também há o mecanismo de compensação de reserva legal como forma viabilizar a regularização ambiental de imóveis rurais, associada à regularização fundiária de unidades de conservação”, garante.

A decisão de ampliar o parque é do governo federal, mas é preciso um aval do governo do Estado. No dia 29 de novembro, Vilmar Rocha anunciou o aval apenas para 90 mil hectares (ha) dos quase 158 mil ha pleiteados. A contraproposta pegou de surpresa o ICMBio, que dava como certa a ampliação de uma área contínua em vez de uma “colcha de retalhos”.

“A gente já negociou, fizemos várias reuniões desde o ano passado com representantes do governo do Estado para compatibilizar a proposta com os diversos interesses da região, fizemos diversas concessões. É uma situação delicada e estamos aguardando o posicionamento do MMA”, afirmou o coordenador de Criação de Unidades de Conservação do ICMBio, Bernardo Ferreira Brito.

*A equipe viajou a convite da WWF Brasil

Fonte: O Popular




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