Ex-morador de Iaciara/GO continua desaparecido. Ele foi visto pela última vez na terça-feira passada ao sair para pedalar no Lago Oeste, em Sobradinho II
Nem mesmo o
cansaço da busca incessante fez com que Tenisson Oliveira Boa Sorte, 47 anos,
deixasse de estar à frente da procura pelo filho. Jerônimo Amorim Oliveira, de
19 anos, foi visto pela última vez na terça-feira passada (12), ao sair para
pedalar no Lago Oeste, em Sobradinho II, e desde então não fez nenhum contato
com a família.
Na tentativa
de finalmente encontrá-lo, o pai deixou o conforto do lar para tentar sentir na
pele o que pode estar se passando com o jovem nas ruas.
O último dia
do rapaz com a família foi marcado por um desabafo. Jerônimo disse ao pai que
estava com depressão e queria ajuda. “Ele se sentou ao meu lado e começou a
chorar. Perguntei o que estava acontecendo e ele disse ‘ah, pai, nossa
família’. Conversei, disse que temos uma vida boa e que não faltava nada”,
conta o empreiteiro de obras Tenisson Oliveira.
A conversa
caminhou para o vício recente do garoto: o cigarro. “Ele me disse que queria
parar. Aconselhei para diminuir aos poucos, porque sei que de uma vez ele
poderia estranhar”, lembra. Depois, Jerônimo voltou a falar da depressão.
“Disse que precisava de uma razão para viver. Então comecei a falar os motivos
da vida, disse que ele tinha uma moto, lembrei do sonho que ele tinha em
construir uma casa em um contêiner, falei para ele trabalhar para comprar a
casa, para ocupar a cabeça”, completa o pai.
Aparentemente
acalmado pela conversa com o pai, o jovem decidiu andar de bicicleta, nas
proximidades de casa. Eram por volta das 16h30 quando Jerônimo saiu da Rua 2 do
Lago Oeste.
Dias e noites
Quando
sentiu a falta do filho, Tenisson fez questão de estar à frente das buscas. Em
seis dias de procura, o empreiteiro perdeu a noção de data e de horário. Quando
conversou com a reportagem, perguntou que dia era ontem.
Tenisson
relembra o momento em que se deu conta de que algo de ruim poderia ter
acontecido. “Comecei a me preocupar quando meu outro filho chegou da rua. Ele
me contou que Jerônimo disse que o amava antes de sair. Nós dois entramos em
desespero”, afirma.
No dia
seguinte, o pai começou a procurar o rapaz no Parque Nacional de Brasília. “Ele
dizia que tinha vontade de conhecer a barragem (de Santa Maria). Entrei no
parque e andei de lá para cá. Amigos meus também me ajudaram. Só que comecei a
ficar apavorado. Ele estava de short, camisa fina e sandália de dedo. Não ia
dar conta de ficar na mata só assim”, analisa.
Por conhecer
os gostos do filho, na última quinta-feira (14), o empreiteiro foi a Alto
Paraíso (GO). Espalhou cartazes com fotos, pediu informações e ganhou a ajuda
da Polícia Militar de Goiás. “Quando cheguei de Alto Paraíso estava angustiado.
Algo me dizia que ele ainda estava no Parque Nacional. Conseguimos um
helicóptero, mas não vimos nada”, relata.
A primeira
pista do desaparecido surgiu perto de casa: um rapaz encontrou a bicicleta de Jerônimo
em uma rua do Lago Oeste. Estava deitada ao chão, próximo à cerca do Parque
Nacional. Dessa vez, o pai conseguiu drones para fazer as buscas e ainda contou
com a ajuda dos cães farejadores do Corpo de Bombeiros. Mas Tenisson seguia sem
respostas.
Na
sexta-feira (15), ele resolveu entrar novamente na mata. “Entrei às 6h e fui
sair à meia-noite. Andei muito. Gritava. Estava certo de que ia dormir lá.
Queria saber o que meu filho teria que passar para sobreviver dentro da mata,
qual era o ambiente que ele ia enfrentar. Foi quando recebi uma notícia de que
alguém o viu no Plano Piloto”, acrescenta o empreiteiro.
Desde então,
o homem perambula pelas quadras. “Consegui uma informação de que ele tinha
comprado um pão de queijo. Uma atendente o reconheceu. Só que estou ainda mais
preocupado. Acho que ele está fugindo da gente”, lamenta. “O Plano Piloto é
muito ruim. Aqui tem muita droga, crack. Estou todo descaracterizado, sento ao
lado de mendigos para saber alguma informação”, completa.
Tenisson se
mostra forte. A reportagem, disse que só vai parar quando encontrar o filho.
“Estou me segurando nos amigos. Nunca vi tanta gente se unir. Acho que tenho um
milhão de amigos”, afirma, emocionado. “Só peço a Deus para devolvê-lo vivo.
Minha preocupação é de ele estar com a cabeça fraca e se envolver nesse meio de
droga. Mas eu o quero vivo. Machucado ou drogado, eu quero meu filho. No dia
que eu encontrá-lo, vou fazer uma festa”, desabafa.
Família
Conforme
Ritt, a ajuda da família é importante. “Porque, na maioria dos casos, os
desaparecidos retornam ao lar depois de alguns dias. Normalmente são casos de
problemas pessoais, drogas, psiquiátricos”, aponta.
A divulgação
na internet, inclusive, pode ajudar na localização. “Nesses casos, redes
sociais ajudam bastante. Quando o desaparecimento envolve um crime, a
autoridade policial pode até pedir para não divulgar. Mas é importante saber
que cada caso é um caso e que tem que ser analisado junto com o agente
responsável pela investigação”, acrescenta o delegado.
Ajude
O
desaparecimento do jovem está sendo investigado pela 35ª Delegacia de Polícia
(Sobradinho II). Jerônimo Amorim Oliveira saiu de short, camisa e chinelo.
Segundo a família, ele tem 70 kg, 1,80 m, cabelo liso, olhos castanhos e tem
uma barba rala. Quem tiver qualquer informação pode ligar nos telefones: (61) 9.9987-5996
ou 9.9999-7653.
Fonte: Jornal
de Brasília
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