Flores, Guarani, Iaciara e São João D’Aliança-GO e mais 12 municípios de Goiás já vacinam pessoas com 18 anos contra a Covid-19
Entre as 16
cidades de Goiás que já estão vacinando pessoas com idade a partir de 18 anos
contra a Covid-19, seis têm cobertura vacinal abaixo da média estadual. Com
populações que variam entre 2 mil a 172 mil habitantes, os municípios estão em
diferentes momentos quando observada a proporção de imunizados, o que reforça a
disparidade da vacinação em território goiano. Para explicar os avanços,
gestores se dividem entre os que citam baixa procura por doses e aqueles que
consideram a cobertura suficiente para ter atingido a etapa.
O avanço foi
anunciado por 15 das cidades durante esta semana. Muito antes disso, a primeira
a atingir os 18 anos foi Abadiânia, em 20 de julho. Na cidade, porém, a
celeridade em alcançar os mais jovens não é um indicativo positivo, reconhece a
secretária de saúde Joyce Mirelly de Assunção. A gestora diz que a adesão entre
adultos menores de 60 anos foi baixa. Com estoque, nesta quinta, de mais de mil
doses para aplicação de primeira dose, a gestora conta que só 58 pessoas
procuraram pela vacina.
“Nós
observamos que os mais velhos não estavam buscando os postos e tivemos de ir
abaixando (a idade)”, explica Joyce. Diante do quadro negativo, a secretária
informa que a cidade fará um “Dia D” de vacinação. “Depois disso, nós teremos
certeza sobre a procura e aí poderemos receber a autorização para vacinar
adolescentes de 12 a 17 anos”, destaca.
Os jovens
com 18 anos representam a última fase do Plano Nacional de Imunização (PNI)
antes da ampliação para adolescentes de 12 a 17 anos. Até a noite desta
quinta-feira (12), a vacinação alcançou esse estágio nas cidades de Abadiânia,
Araçu, Cachoeira Alta, Caçu, Caiapônia, Firminópolis, Flores de Goiás, Guarani,
Iaciara, Itarumã, Jesúpolis, Morro Agudo, Petrolina, São João D’Aliança,
Turvelândia e Valparaíso.
Na
atualização disponível no portal da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás
(SES-GO) nesta quinta, a média da cobertura vacinal do Estado estava em 61%
entre maiores de 15 anos. Com essa margem, cem cidades consultadas pela
reportagem mantêm as campanhas entre adultos maiores de 27 anos. Bem à frente
na faixa etária, Flores de Goiás alcançou apenas 45% da população com a
primeira dose entre maiores de 15 anos (confira o quadro).
A baixa
procura foi citada por outros três municípios que alcançaram jovens de 18 anos
em suas campanhas de vacinação. Flores de Goiás, que lidera com a cobertura
mais baixa, ainda não vacinou 51,2% dos adultos com idades entre 40 e 49 anos,
número ainda mais preocupante entre aqueles de 30 a 39 anos: 63% ainda não
receberam a primeira dose.
Araçu está
entre as 86 cidades do Estado que não registraram mortes pela Covid-19 em
julho. Mesmo assim, o indicador não deixa tranquila a secretária municipal
Simone Santos. A gestora cita a baixa adesão à vacinação e destaca que há
oscilações dos números, com possibilidade de novas altas caso a imunização não
avance de maneira expressiva. “Estava de fato mais tranquilo, mas voltou a
preocupar”, diz a secretária de Araçu, que registrou um óbito pela Covid-19 na
primeira semana de agosto.
Em outras
localidades, a vacinação a partir dos 18 anos ocorreu diante da alta cobertura.
De acordo com a secretária de Saúde de Petrolina, Jann Carla Souza, a faixa
etária foi alcançada após um processo cauteloso e com estratégia de observar a
proporção de doses disponíveis. Apesar de a cidade ter a mesma média de
cobertura do Estado com a primeira dose, atualmente ambas com 61%, a secretária
afirma que o quadro real seria de um número maior.
A secretária
de Petrolina diz que, no início da vacinação, a cidade recebeu poucas doses, o
que teria movimentado a população para receber o imunizante em outros
municípios. “Chegamos a ficar um mês no período voltado para as comorbidades”,
lembra a gestora. Assim, segundo Jann, a situação pode ter contribuído para que
o município tenha conseguido avançar mais rápido com as demais faixas etárias,
já que em outras a demanda foi reduzida. “Outra pequena parcela simplesmente
não quer receber a vacina”, salienta Jann.
Entretanto,
para a secretária, o grupo dos que não querem se imunizar é pequeno e não
impacta a efetividade da campanha. “Há mais de 45 dias que o número de
infectados é maior entre os jovens e todos estão conseguindo alcançar a
recuperação”, acrescenta a secretária.
Avanço
também nas maiores
Enquanto
parte dos municípios de Goiás avança na campanha de vacinação contra a Covid-19
por faixa etária e alcança jovens de 18 anos, as maiores cidades do Estado
seguem vacinando adultos com idade por volta dos 25 anos.
A capital
está com agendamento aberto para adultos com 28 anos ou mais. Em Rio Verde, a
campanha vacina aqueles com idades a partir de 25 anos. Aparecida de Goiânia,
Anápolis e Águas Lindas entraram em uma nova fase da campanha entre
quarta-feira (11) e esta quinta-feira (12). Todos os municípios vacinam adultos
com 24 anos ou mais.
“O objetivo
da Prefeitura ao ampliar a faixa etária é o de promover o acesso de toda
população adulta, que é a preconizada pelo Ministério da Saúde até o momento, à
vacina contra a Covid, evitando assim óbitos e agravamento da doença”, diz a
superintendente de Vigilância em Saúde de Aparecida, Daniela Ribeiro.
Os
diferentes momentos por idade não podem ser entendidos como maior ou menor
avanço. É o que defende a secretária executiva da Secretaria Municipal de Saúde
(SMS) de Goiânia, Luana Ribeiro. Em entrevista ao POPULAR na última
segunda-feira (09), a gestora disse que a cobertura é o fator mais importante a
ser observado. Pelos dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES) desta
quinta-feira (12), entre as cinco maiores cidades do Estado, Anápolis era a que
havia alcançado maior cobertura. São 49,2% da população com a primeira dose,
contra 47,7% em Goiânia, 44% em Aparecida, 45% em Rio Verde e 46% em Águas
Lindas.
Evolução
desigual é vista com preocupação
A
desigualdade nas etapas das campanhas de vacinação contra a Covid-19 entre os
municípios goianos preocupa os gestores de saúde. Enquanto algumas cidades já
estão vacinando jovens com 18 anos, outros 46 seguem com campanhas voltadas
para maiores de 30 anos. Em Campos Verdes, o prefeito Haroldo Naves (MDB) diz
que o município está vacinando apenas adultos maiores de 50 anos, o maior
atraso no Estado.
Conforme
afirma Haroldo, que preside a Federação Goiana dos Municípios (FGM), as
diferenças se devem a erros no cálculo da divisão de doses, já que as
estimativas utilizadas são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) de 2010. Os dados do IBGE indicam que a cidade teria cerca de 2.500
habitantes, mas o prefeito sustenta que são pelo menos 6 mil. Assim, o
município chega a receber apenas um frasco com nove doses em cada remessa.
“Tive de fazer um boletim de ocorrência, porque estava sendo ameaçado. A
população não entende”, destaca.
O contraste
segue em outros aspectos. Em Novo Gama, que tem mais de 100 mil habitantes,
apenas 36,5% da população foi alcançada até a atualização desta quinta-feira
(12). Mesmo assim, a previsão é de que a cidade amplie a faixa etária de 20
para 18 anos ainda nesta semana.
Segundo a diretora
de vigilância epidemiológica Marília Chissolucombe, o avanço da campanha em
Novo Gama seguiu o que foi determinado, passando por todos os públicos conforme
as doses disponíveis. “Fomos ampliando de acordo com a procura. Quando chegamos
aos 31 anos ficávamos muito tempo esperando uma nova etapa enquanto os postos
vacinavam menos que a capacidade”, detalha Marília.
Já a cidade
de Professor Jamil, que tem 3.423 habitantes, está em situação inversa. O
município é o quinto com a maior cobertura vacinal, com 81% da população tendo
recebido a primeira dose. Apesar disso, a cidade segue vacinando apenas a
partir de 28 anos. A coordenadora de Atenção Básica Cristiana Alves também
atribui a questão à falta de atualização dos números do IBGE.
“Tivemos um
salto inicial, porque temos uma população quilombola no município”, informa
Cristina, que pondera que a população geral é maior que a apontada no IBGE e
por isso consta que 81% já estão com a primeira dose. “Nós já conversamos com a
Secretaria de Estado da Saúde e ficou garantido que continuaremos recebendo
doses mesmo se constar 100% de cobertura conforme os números do IBGE, mas ainda
não tivemos vacinados todos”, diz Cristina.
Fonte: O Popular
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