Após novo
reajuste da Petrobras, gasolina tem alta nas bombas em Goiás. O preço do litro
aumentou até R$ 0,30 nas revendas goianienses no final da semana passada. O maior
valor cobrado passou de R$ 6,37 para R$ 6,67. Mas, no Estado, há valores ainda
maiores praticados especialmente nas regiões Nordeste e Noroeste. Segundo os
postos, o reflexo para o consumidor vem do que já foi ampliado pelas
distribuidoras.
Com esse cenário,
Goiânia ultrapassou o Rio de Janeiro e tem o litro mais caro entre as capitais
brasileiras. Isso segundo o preço médio da gasolina comum verificado no
levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP) sobre o período de 8 a 14 de agosto. Em comparação com a
semana anterior, quando estava na segunda posição no ranking, o valor praticado
na cidade goiana passou de R$ 6,33 para R$ 6,35.
Enquanto
isso, na metrópole carioca, houve recuo no valor médio de R$ 6,40 para R$ 6,31
conforme a pesquisa da ANP. Essa diferença depende de diversos fatores
regionais, de margens, e inclusive o custo do combustível é maior para as
distribuidoras que atuam em Goiás do que para as que atuam no Rio de Janeiro,
como mostram as tabelas, sem tributos, divulgadas pela Petrobras.
Até chegar
ao consumidor são vários custos embutidos no cálculo. Mas o movimento de alta
ocorreu na mesma semana em que a companhia anunciou o nono reajuste do ano nas
cotações nas refinarias. Como os combustíveis são commodities, os preços estão
atrelados ao mercado internacional, que diariamente tem variação. Porém, a
correção nem sempre é feita na mesma velocidade. O ex-presidente da estatal,
Roberto Castello Branco, que realizou reajustes mais frequentes, foi demitido
em fevereiro.
Com o
segundo aumento sob a nova gestão, a justificativa da Petrobras se mantém. A
empresa afirma que “o alinhamento dos preços ao mercado internacional é
fundamental” para garantir o abastecimento e diz evitar repasses imediatos da
volatilidade externa.
Ontem, de
acordo relatório diário publicado pela Secretaria da Economia de Goiás com base
nos postos que utilizam a Nota Fiscal do Consumidor (NFC-e), mais de 127
cidades tinham o valor médio do litro da gasolina acima de R$ 6,30 nas bombas.
Em 8 de junho, eram 118 municípios no Estado com preço acima de R$ 6. O que
revela a escalada no item que é essencial na cesta de consumo das famílias.
Apesar
disso, há postos em que ainda é possível abastecer com litro a R$ 5,17, o que
ocorre na própria capital goiana. “A Petrobras anunciou para distribuidora e
agora elas já repassam (o reajuste) e tem movimentação de alguns postos que
reflete esses aumentos do atacado. Chega aos poucos, porque há decisão de cada
empresário”, explica o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de
Derivados de Petróleo no Estado (Sindiposto-GO), Márcio Andrade, sobre as
diferenças nos valores.
No Nordeste
do Estado, o combustível chegou a R$ 6,88, o que é possível encontrar em
Divinópolis de Goiás. Esse é o maior valor médio encontrado pela reportagem.
Mas quando o pagamento do consumidor é por crédito, por exemplo, há casos em
que fica ainda mais pesado o custo. É o caso do Posto Pescador no Centro de São
Miguel do Araguaia. Por lá, o litro varia de R$ 6,80 a R$ 6,89. O gerente,
Sidney Pereira de Almeida, afirma que o frete faz o valor ficar um dos mais
altos.
“Reajuste é
repassado sempre que novo carregamento chega com os novos valores”, garante. De
acordo com o presidente do Sindiposto-GO, o cenário de altas ainda mais severas
no interior ocorre para além do transporte. “Tem a questão da competitividade
também, em cidades muito pequenas tem espaço para uma margem maior por
consequência do volume menor que é vendido. Isso para arcar com as despesas.”
Pelos dados
da Secretaria da Economia, ontem havia preço máximo de até R$ 7,10 o litro em
Carmo do Rio Verde. Só que o mesmo valor não foi confirmado pelo posto em
contato telefônico realizado pela reportagem. Diante de patamar alto, entidades
que representam as revendas têm reforçado que a contribuição do preço da
Petrobras para o que o consumidor encontra na bomba é de 33%. “É preciso ter
conhecimento de que o posto não define preço sozinho, define a menor parte,
cerca de 10%”, diz Márcio.
Procon
Goiás fiscaliza postos na capital depois de aumentos
O reajuste
do preço da gasolina levou o Procon Goiás a realizar operação de fiscalização
nos postos de Goiânia. Segundo o superintendente, Alex Vaz, mesmo que o aumento
tenha justificativa na elevação dos valores nas refinarias anunciado pela
Petrobras, o órgão decidiu verificar se na cadeia de venda tem algum abuso que
leva aos valores praticados na capital. A ação começou ontem e segue durante
essa semana.
No primeiro
dia, as equipes percorreram oito postos de combustíveis e todos apresentaram a
documentação solicitada no mesmo momento, o que seguirá para análise. A
intenção, como explica Alex, é verificar todos os elos, inclusive as
distribuidoras, para entender o reajuste já repassado ao consumidor. “Vamos
montar uma força-tarefa para analisar se há conduta abusiva com aumento de
preço sem justa causa, poderão ser autuados, multados ou ter medidas
judiciais.”
Apesar de
não existir um limite para a margem de lucro, o superintendente afirma que um
aumento desproporcional sem ter tido aumento de despesa pode caracterizar o
abuso. “Vamos trabalhar nesta análise, porque tem coisas que são do mercado.”
Os consumidores também podem fazer denúncia ao Procon Goiás se identificarem
algum valor abusivo pelo tele-atendimento (151) ou pela internet, por meio do
Procon Web (proconweb.ssp.go.gov.br).
Primeiro, as
equipes vão a campo e, quando não conseguem a documentação, notificam os
postos. Depois, o órgão irá divulgar se foi encontrada alguma irregularidade.
“A multa chega a milhões de reais, mas depende do capital social do posto.”
O presidente
do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado
(Sindiposto-GO), Márcio Andrade, avalia a ação como natural. “É uma praxe para
ver se o reajuste foi desproporcional, mas acho que poderiam ver os outros elos
da cadeia. Isso é o que a gente pleiteia. Quem garante que não há aumento
abusivo em distribuidora ou mesmo na Petrobras?”
Outra
fiscalização que ocorreu em Goiás foi realizada pela Agência Nacional do
Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Fizeram parte da ação, que
aconteceu de 9 a 12 de agosto, 12 postos de combustíveis em Águas Lindas de
Goiás. Um deles foi autuado por não identificar os fornecedores dos
combustíveis nas bombas, conforme divulgou ontem o órgão. Os fiscais
verificaram se as normas da agência – como o atendimento aos padrões de
qualidade – estão sendo cumpridas.
Fonte: O Popular
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