Preocupados
com as baixas vazões dos rios que abastecem o Oeste da Bahia, os agricultores
do cerrado decidiram suspender a irrigação em mais da metade da área agrícola
regada por pivôs.
Isso
significa que dos 120 mil hectares irrigados na região, cerca de 72 mil
hectares terão seus equipamentos desligados.
A medida,
cujo objetivo é adequar a água disponível aos múltiplos usos neste período
castigado por uma severa estiagem, começa a valer a partir do próximo mês de
julho e deve durar até o mês de outubro, quando são esperadas chuvas para
recarregar os rios e aquíferos da região.
“É
importante ressaltar que esta é uma iniciativa racional da categoria, e não uma
decisão imposta por autoridades, mesmo porque todos os irrigantes da região
estão legalizados, pois possuem outorgas concedidas pelos órgãos ambientais
competentes. O que queremos com isso é contribuir para minimizar os efeitos da
estiagem. Contudo, outros segmentos da sociedade que contribuem para a baixa
vazão dos rios, fazendo uso indiscriminado da água, precisam fazer a parte
deles”, explicou o diretor de Águas da Associação de Agricultores e Irrigantes
da Bahia (Aiba), Cisino Lopes.
Segundo
Lopes, a falta de informação tem levado a população a atribuir a
responsabilidade da crise hídrica à agricultura, o que é um grande equívoco.
“É claro que
a água retirada dos rios para a irrigação contribui, mas não em níveis
assustadores como se propagam. Tanto que nos rios Preto e Correntina há um
número bastante reduzido de pivôs, mas o nível de suas águas também está muito a
baixo da média. Temos que levar em consideração dois fatores importantes: o
ciclo natural de baixa vazão dos rios e o aumento da população e a sua
consequente demanda por água”, pontuou.
De acordo
com dados apresentados pelo diretor de Águas da Aiba, o consumo diário de água
indicado para cada habitante é de 150 litros, mas a média registrada tem sido
entre 180 a 200 litros/dia, ou seja, um desperdício de cerca de 30%.
Impactos na
Economia – A interrupção da rega visa contribuir com o meio ambiente, mas deve
trazer efeitos negativos para a região, como o desemprego e a falta de
abastecimento de alguns alimentos, a exemplo do feijão, que deixou de ser
plantado por falta de água para irrigar.
A
consequência disso será mais de 1 milhão de sacas a menos no mercado. Com a
pouca oferta, o preço deste alimento deve subir consideravelmente.
Para o
presidente da Aiba, Júlio Cézar Busato, este é um mal necessário: escolher
entre economizar água ou elevar a produção. “Propomos, por iniciativa própria,
deixar de irrigar aproximadamente 60% da área. Os outros 40% não podem ser
interrompidos por se tratar de culturas perenes, como o café; ou mais sensíveis
a falta d’água, como a produção de sementes. Essa atitude é um indicativo de
que praticamos uma agricultura responsável e sustentável. Nossa preocupação com
a água e com o meio ambiente é real, afinal de contas, se faltar água nós
também seremos afetados, pois vivemos aqui com as nossas famílias”, disse
Busato, confiante na mudança de cenário no próximo ano, com a chegada do efeito
la niña, que deverá normalizar as precipitações pluviométricas e
consequentemente as vazões dos rios.
Fonte: Ascom
Aiba
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