O deputado Federal
Giuseppe Vecci (PSDB-GO) caiu no grampo da Polícia Federal por agir em favor de
uma empresa contratada pela companhia de Saneamento de Goiás (Saneago) - alvo
da Operação Decantação por suposto esquema de financiamento de partidos com
recursos do PAC, do BNDES e da Caixa e pagamento de dívidas de campanha da
reeleição do governo Marconi Perillo (PSDB), em 2014.
Segundo a
PF, a empresa supostamente favorecida pela ação de Vecci, a JC Gontijo
Engenharia, doou R$ 1 milhão para o PSDB depois de receber valores relativos ao
contrato com a Saneago. A empresa havia doado R$ 1 milhão para o parlamentar
nos dias 30 de outubro e 4 de novembro de 2014, maior quantia repassada ao
então candidato à Câmara.
Decantação
foi deflagrada nesta quarta-feira, 24. A PF prendeu o presidente do PSDB em
Goiás, Afreni Gonçalves, e o presidente da Saneago, José Taveira Rocha,
ex-secretário da Fazenda de Perillo.
A PF também
grampeou diálogo entre o empresário José Cesário Lopes, da Gráfica Moura, e o
presidente da Saneago. Os dois conversam sobre uma dívida de campanha de cerca
de R$ 400 mil do governador, em 2014.
A malha de
grampos da PF pegou Afreni Gonçalves no telefone e em mensagens por e-mail.
Áudios evidenciam acertos entre o tucano e o diretor de Gestão Corporativa da
Saneago, Robson Salazar, para favorecer o pagamento da JC Gontijo, detentora de
contrato de empreitada com a estatal de saneamento da gestão Perillo.
A
interceptação da PF pegou um e-mail, em 28 de agosto de 2015, de Edson Filizola
para Afreni tratando das obras de ampliação da ETE de Goiânia e da obra de
Águas Lindas.
"Em
telefonemas realizados na sequência, Afreni Gonçalves e o deputado federal
Giuseppe Vecci intercedem junto ao diretor de Gestão Corporativa, Robson
Salazar, no sentido de que fosse liberado uma contrapartida da Saneago a
empresa JC Gontijo", diz relatório da Operação Decantação.
Para os
investigadores, "existem fundados indícios de que o investigado
(presidente do PSDB em Goiás) dá provimento ao núcleo político da organização
criminosa, dirige, age e interage na Saneago para beneficiar aliados políticos,
direcionar contratos, abreviar pagamentos e percutir dinheiro para o PSDB e
campanhas políticas".
O deputado
Vecci não estava sob monitoramento. A competência para eventual
investigação
sobre o parlamentar é exclusiva do Supremo Tribunal Federal. Ele caiu no grampo
da PF indiretamente, como em 28 de setembro de 2015, quando recebeu telefonema
de Afreni.
Nesta
ligação, Vecci pede para o presidente do PSDB "conversar com Robson
Salazar no sentido de que este pagasse José Celso (Gontijo), proprietário da JC
Gontijo".
Antes mesmo,
um áudio de 28 de agosto de 2015 pegou Salazar e Vecci, no qual o deputado
pediu para o diretor de Gestão da Saneago "receber José Celso Gontijo na
Saneago".
No dia 16 de
setembro de 2015, Salazar recebe outro telefonema em que o deputado tucano diz
"Tião Caroço e o Zé Celso estão esperando a contrapartida deles".
No mesmo
dia, o empresário José Celso Gontijo "conversa com Robson Salazar, diz que
já falou com Vecci e que tudo estava certo para a liberação da contrapartida da
Saneago".
Em 28 de
setembro de 2015, aponta a rede de grampos da PF, Vecci pede para Afreni
"conversar com Robson Salazar para pagar o José Celso". Em outra
ligação, o presidente do PSDB de Goiás conversa com Robson Salazar, que diz que
'está tudo certo'. No mesmo dia, Afreni em conversa novamente com o deputado
afirma que "o JC Gontijo já foi pago".
Para os
investigadores, "no contexto mais amplo no qual os fatos se inserem não se
pode afastar o entendimento de que os valores recepcionados pelo PSDB fora a
título de propina, ainda que sobe a forma de doação, porque disfarçadas do seu
real propósito".
Em nota
oficial, o deputado Giuseppe Vecci, do PSDB em Goiás, afirmou que não pediu
"pagamento não devido, indevido, nem além do que era devido". O
deputado enfatizou que pauta sua atuação, no exercício do mandato, "pelo
respeito institucional".
O gerente de
Marketing da JC Gontijo Engenharia, Marcos Sant'Ana, informou que a empresa
"não tem conhecimento" da investigação da Operação Decantação.
"Informo que não temos conhecimento da investigação e, por isso, não
podemos emitir qualquer tipo de posicionamento sobre o assunto."
Fonte:
Uol/Estadão
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