Municípios brasileiros enfrentam pior situação fiscal da década, diz Firjan. Na região o mais bem avaliado foi Iaciara/GO
Os
municípios brasileiros enfrentam a pior situação fiscal dos últimos dez anos,
segundo o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) referente a 2015, divulgado
pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Segundo o
economista-chefe da entidade, Guilherme Mercês, a crise municipal reflete o
cenário dos estados e da União. “Na verdade, essa deterioração fiscal foi
aparecendo em sequência nos níveis de governo.”
O índice
avaliou as contas de 4.688 prefeituras. Outras 880 não foram analisadas porque
não declararam as contas ao Tesouro Nacional dentro do prazo legal estabelecido
pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
De acordo
com o estudo, 87,4% das prefeituras brasileiras apresentam situação fiscal
entre difícil e crítica, com base nos dados de 2015. “Nove em cada dez
prefeituras estão em situação difícil ou crítica e quase um terço delas se
mostra em uma situação crítica, ou seja, à beira da falência”, acrescentou
Mercês.
Apenas 12,1%
das cidades têm condições consideradas boas e apenas 0,5% excelentes. As 30
cidades com nível excelente gestão fiscal estão distribuídas em vários estados
do país, o que, segundo Mercês, mostra que a “localização geográfica não é o
determinante de uma boa gestão fiscal e, sim, as atitudes dos gestores perante
o orçamento público”.
Melhores
O município
mais bem avaliado no ranking geral do IFGF é Ortigueira (PR), seguido de São
Gonçalo do Amarante (CE), São Pedro (SP), Paranaíta (MT), Bombinhas (SC),
Gramado (RS), Louveira (SP), Indaiatuba (SP), Cláudia (MT) e Matinhos (PR).
Segundo o
economista-chefe da Firjan, essas cidades têm em comum o fato de terem
conseguido atrair grandes empreendimentos, como indústrias ou obras, ou estão
voltadas para o turismo. No entanto, Mercê destacou que não basta ter uma boa
arrecadação para alcançar bons níveis de gestão fiscal. “Na verdade, essas
cidades, além de um grande potencial de arrecadação, conseguiram não
comprometer suas receitas com pessoal e ter alto nível de investimentos”, explicou.
Entre as
capitais, o Rio de Janeiro tem a melhor posição no ranking, “fruto,
principalmente, de uma arrecadação muito alta e de elevados investimentos”. Nos
últimos quatro anos, segundo o economista-chefe da Firjan, a capital fluminense
investiu mais de R$ 21 bilhões, sem comprometer seu orçamento com gastos de
pessoal. “Mostrou uma situação fiscal boa e ficou à frente de todas as capitais
do Brasil.”
Pessoal x investimentos
O IFGF é
composto de cinco indicadores: Receita Própria, que mede a dependência dos
municípios em relação às transferências dos estados e da União; Gastos com
Pessoal, que mostra quanto as cidades gastam com pagamento de pessoal em
relação ao total da Receita Corrente Líquida (RCL); Investimentos, que
acompanha o total de investimentos em relação à RCL; Liquidez, que verifica se
os municípios estão deixando em caixa recursos suficientes para honrar os
restos a pagar acumulados no ano; e Custo da Dívida, que corresponde às
despesas de juros e amortizações em relação ao total das receitas líquidas
reais.
O mais
importante para as prefeituras, segundo Mercês, é o binômio gastos de pessoal e
investimento. “Os dados mostram que as prefeituras que comprometem grande parte
do seu orçamento com gastos de pessoal deixam muito pouco espaço para a
execução dos investimentos. E o inverso também é verdadeiro. A grande
perversidade apareceu nos gastos com pessoal, onde quase 800 prefeituras no
Brasil já estouraram o limite de 60% da receita estabelecido pela LRF.”
Com o
crescimento dos gastos de pessoal, os investimentos caíram muito nas
prefeituras, segundo o levantamento da Firjan. De 2014 para 2015, o
investimento dos municípios diminuiu mais de R$ 11 bilhões. “Isso significa
menos investimentos em educação, saneamento básico, saúde”, listou o
economista.
Restos a pagar
O IFGF chama
a atenção também para a forma que os municípios estão usando para financiar
esse déficit, por meio da inscrição de restos a pagar. “Ou seja, postergando
despesas para os anos seguintes”, segundo Mercês. Em 2015, segundo a Firjan,
quase 1,5 mil prefeituras brasileiras terminaram o ano com mais despesas a
pagar em 2016 do que recursos em caixa. “Isto é, viraram o ano no vermelho, no
cheque especial”, comparou.
O índice
mostra ainda que grande parte dos 500 piores resultados do país está concentrada
nas regiões Nordeste e Norte. Segundo Mercês, a divisão mostra que as
desigualdades econômicas e sociais também se estendem à questão fiscal. “Aí o
problema com pessoal e com restos a pagar é muito evidente”. Na Paraíba, por
exemplo, mais da metade dos municípios estão acima do limite de gastos com
pessoal estabelecido pela LRF. Por outro lado, entre os 500 melhores
resultados, 227 estão na Região Sul, onde se observam gastos com pessoal baixos
e investimentos mais altos.
Goiás
No raking
goiano, os municípios mais bem avaliados são Água fria de Goiás, com 0,8424
ponto, seguido de Barro Alto, Aparecida de Goiânia, Itarumã, Senador Canedo,
Edealina, Iaciara, Santo Antônio de Goiás, Ouvidor e Mineiros.
Com
informações Agência Brasil
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