A Polícia
Federal afirmou nesta quarta-feira (24) que o dinheiro desviado da Companhia de
Saneamento de Goiás (Saneago) foi usado para pagar campanhas políticas,
propinas a servidores do órgão e até uma Organizaçã Social (OS) na área da
saúde.
A fraude
chegou R$ 4,5 milhões. Ainda de acordo com as investigações, a presidência e a
direção da companhia sabiam de todo o crime.
“A direção
da companhia sabia desses desvios e participava do esquema por meio de atos
administrativos, como aprovação de pareceres técnicos, que possibilitavam os
desvios de verba”, disse o chefe da CGU, Valmir Gomes Dias, que participou da
entrevista coletiva, na sede da PF, em Goiânia.
O atual
presidente da Saneago, José Taveira Rocha, e o presidente estadual do PSDB,
Afrêni Gonçalves, foram presos durante a Operação Decantação, suspeitos de
envolvimento no esquema.
Segundo as
investigações, a Saneago contratou uma empresa de assessoria, que fazia
licitações de forma a direcionar o resultado da seleção para que as vencedoras
fossem as empresas participantes da fraude.
Em troca, as
companhias repassavam dinheiro em forma de propina, pagamento de dívidas de
campanhas, repasse para OS e até coquetéis feitos dentro do palácio do governo
em nome do órgão.
"Há,
dentro da investigação, alguns elementos que possam indicar esse pagamento de
coquetel que ficou a cargo da Saneago há aproximadamente dois ou três
meses", disse o delegado da Polícia Federal, Rodrigo Teixeira.
A Secretaria
de Estado da Saúde de Goiás (SES) informou, em nota, que não foi citada na ação
e, portanto, "não tem nada a informar sobre a operação". O órgão
esclarece ainda que todos os repasses da SES às OSs estão publicados no site
institucional e na página de transparência.
Já a
assessoria de imprensa do Governo do Estado disse que não vai se pronunciar
sobre os coquetéis que foram promovidos no palácio e que teriam usado verba
desviada da Saneago.
Operação Decantação
Ao todo, são
cumpridos 120 mandados judiciais em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Formosa e
Itumbiara, em Goiás, além de São Paulo e Florianópolis (SC). Um dos mandados de
busca e apreensão foi cumprido na sede do diretório estadual do PSDB.
“A busca foi
para ter provas que liguem o partido ao recebimento de dinheiro da Saneago para
o pagamento de dívidas de campanhas políticas em 2014. O diretor regional do
partido está vinculado à Saneago, é diretor de expansão do órgão”, disse o
delegado responsável pelo caso, Rodrigo Teixeira. O valor repassado ao partido
é de cerca de R$ 400 mil, segundo as investigações. Entretanto, ainda não é
possível definir se o recurso foi para algum político específico.
Respostas
A reportagem
entrou em contato com o assessoria de imprensa do PSDB-GO, nesta manhã, que
informou que ainda não tinha um posicionamento sobre o assunto e que iria se
pronunciar mais tarde.
No entanto,
a assessoria do partido encaminhou uma nota, em nome do Governo de Goiás,
destacando que o órgão “apoia as investigações em curso na Polícia Federal e no
Ministério Público Federal e está inteiramente à disposição das autoridades
para quaisquer esclarecimentos”.
O texto
ressalta que “os procedimentos licitatórios realizados pelos órgãos, autarquias
e empresas da administração estadual são pautados pela legalidade e pela
transparência”.
Por fim, a
nota destacou que "o Governo de Goiás acredita na idoneidade dos diretores
e superintendentes da Saneago [Saneamento de Goiás S.A.]e tem a plena certeza
de que os fatos apresentados serão plenamente esclarecidos”.
Já a
assessoria de imprensa da Saneago informou, em nota, que a companhia
"aguarda a conclusão da operação da Polícia Federal para tomar ciência dos
fatos e, a partir daí, emitir um pronunciamento sobre o caso".
O órgão
ainda destacou por telefone, à TV Anhanguera, que a Operação Decantação não
afetará o fornecimento de água nas cidades em que a empresa opera.
Mandados
Cerca de 300
policiais participam dos trabalhos, que conta com apoio do Ministério Público
Federal e do Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle, e evitou um
prejuízo de quase R$ 7 milhões.
No total são
cumpridos 11 mandados de prisão preventiva, quatro de prisão temporária, 21 de
condução coercitiva e 67 de busca e apreensão na sede de empresas envolvidas e
do PSDB em Goiânia, além de residências e outros endereços relacionados aos
investigados.
Os mandados
de prisão temporária foram cumpridos contra Afrêni Gonçalves, José Taveira
Rocha, Robson Salazar e Nilvane Costa. Já os presos preventivamente são:
Ridavia Azevedo, Emanuel Peixoto, José Raimundo Gontijo, José Vicente da Silva
Junior, Luiz Humberto Gonçalves, Frederico José Lavres, Gilberto de Oliveira,
Rafael Ferreira Sá, Charles de Oliveira e Carlos Eduardo da Costa. Também é
procurado Eduardo Henrique de Deus.
Fonte: G1
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