terça-feira, 27 de setembro de 2016

Especialistas preveem alto índice de abstenção, voto nulo e fortalecimento de 'antipartidários'



Em eleições municipais o debate eleitoral gira em torno, normalmente, dos problemas do dia a dia dos cidadãos, como a falta de asfalto das ruas, a infraestrutura dos bairros e das cidades.

 Este ano, contudo, os temas locais têm disputado espaço com a repercussão das investigações da Operação Lava Jato, o impeachment da presidente Dilma Rousseff, a cassação do deputado Eduardo Cunha, e a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O resultado, segundo especialistas, é o aumento da desconfiança do eleitor em relação aos partidos políticos e na política como um todo. Estudiosos do processo eleitoral preveem alto índice de abstenção, crescimento do voto nulo e fortalecimento dos candidatos “antipartidários”.

“Pela experiência que eu tenho, dificilmente alguém vai votar pela escolha partidária. A população em geral está desacreditada dos partidos políticos. A tendência será a opção pelo voto carismático, na pessoa, que é o voto efetivamente pessoal”, avalia o professor de direito eleitoral da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marcos Ramayana.

De acordo com a professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cientista política e especialista em comportamento eleitoral, Helcimara Telles, pesquisas recentes mostram que, a pouco mais de uma semana das eleições, a maioria do eleitores, especialmente nos grandes centros, ainda não definiu seus candidatos. Comportamento diferente do verificado em eleições passadas.

“O que explica esse cenário de indecisão: primeiramente, há uma questão clássica no Brasil, que é uma baixa estruturação programática dos partidos. Ao mesmo tempo, temos uma coisa que é bastante conjuntural que são os escândalos midiáticos de corrupção e a disseminação bastante negativa do que é a política e a quase criminalização da política que recentemente tem sido oferecida ao público, sobretudo, pela Operação Lava Jato”, afirma.

Para ela, a “espetacularização” e a “criminalização” da política tem aberto caminho para candidatos “outsiders”, aqueles com estilo e discursos antipartidários, que participam das eleições sem o apoio de grandes partidos nacionais e têm como lema que não são políticos.

“Há um cenário de altíssimo desinteresse na política e as pessoas, no chavão, não querem políticos (nos postos políticos). Querem políticos que dizem que não são políticos. Do meu ponto de vista, tem a ver com a percepção alterada, reenquadrada e sobrerepresentada de que hoje o principal problema do Brasil seria a corrupção”, avalia Helcimara.

Classe Política

Já para a cientista política e professora da Universidade Federal de São Carlos (UFScar), Maria do Socorro Sousa Braga, os escândalos envolvendo políticos têm impactado diretamente na forma como a população avalia a classe política. “Isso é ruim. Temos uma campanha muito mais personalizada por conta dos problemas por trás dos partidos”.

Para Helcimara, inconscientemente, o eleitor descrente, revoltado, que pratica o “voto de protesto”, acaba trocando projetos de longo por outros de curto prazo. Ela ressalta que o enfraquecimento das siglas enfraquece também a própria democracia. [DA CASSAÇÃO]Além dos próprios partidos, a especialista atribui o atual momento de descrença dos eleitores na política à forma como Justiça e MPF têm atuado nos escândalos de corrupção.

Fonte: FolhaExpress

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