Número de aposentados é maior que trabalhadores com carteira assinada em Alvorada do Norte, Buritinópolis, Guarani, Iaciara, Divinópolis e São Domingos
Número de
aposentados é maior que trabalhadores formais em Buritinópolis, Alvorada do
Norte, São Domingos, Guarani de Goiás, Iaciara, Divinópolis e mais 26 cidades
goianas. Levantamento aponta cidades onde o número dos que recebem
aposentadoria é maior que o de quem tem carteira assinada.
São 17 horas
de uma quarta-feira e Evanildes Pereira Lopes, 60 anos, corta a grama do
campinho de futebol que tem no fundo de casa, em Buritinópolis, no Nordeste de
Goiás, próximo à divisa com a Bahia. Se não fosse pela aposentadoria, nesse
horário o policial militar reformado estaria patrulhando as ruas do município,
onde mora com a família desde 1993.
A conquista
do benefício veio em 2001, quando Evanildes, mais conhecido como Cabo Lopes,
passou a fazer parte do grupo que hoje soma 616 pessoas no município. O número
coloca Buritinópolis, cidade com 3.302 habitantes, em primeiro lugar quando o
assunto é a quantidade de aposentados pelo INSS (2,2) por trabalhador formal em
Goiás. O levantamento foi realizado pela Confederação Nacional do Comércio
(CNC), a pedido do jornal O Globo.
Além de
Buritinópolis, os maiores índices foram registrados por Santa Terezinha de
Goiás (2,1), Uruana (2,1), Alvorada do Norte (1,9) e Bom Jardim de Goiás (1,8).
Os dados de aposentadorias foram coletados em relatórios da Secretaria da
Previdência e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais). Goiás é o 20º
colocado no ranking nacional, com 12,6% de cidades com mais aposentados.
As outras
cidades do nordeste goiano com mais aposentados por trabalhador com carteira
assinada; São Domingos (1,5), Guarani de Goiás (1,3), Iaciara (1,1) e
Divinópolis (1,1).
Entre as características
que estes municípios têm em comum estão o trabalho informal e a administração
pública como uma das principais atividades econômicas. Em contrapartida, a
tranquilidade da cidade pequena chama atenção dos aposentados. “Cheguei aqui
quando a cidade era ainda menor. Morei, me adaptei e decidi ficar. Tem muita
paz aqui”, afirma Cabo Lopes.
A prefeitura
de Buritinópolis tem 207 funcionários efetivos. Além dos órgãos municipais, a
população trabalha em pequenos comércios da cidade e em fazendas da região. De
acordo com a prefeita Ana Paula Soares (PSDB), o principal desafio é o
desemprego. “A prefeitura não consegue absorver todas as pessoas que nos
procuram. Muitos saem para trabalhar em propriedades rurais de cidades
vizinhas. O melhor seria trazer uma indústria para cá, que gerasse emprego para
as pessoas. A região Nordeste de Goiás está esquecida”, afirma a prefeita.
Buritinópolis completou 27 anos na sexta-feira (26). Antes, o município fazia
parte de Mambaí.
Emprego
Prefeito de
Santa Terezinha de Goiás, cidade localizada no Norte do Estado, Antonio da
Penha (PDT) afirma que os principais empregadores do município são a
prefeitura, o comércio local e a pecuária. Santa Terezinha é a segunda colocada
no ranking das cidades goianas com mais aposentados por trabalhador formal e o
prefeito também afirma que o principal desafio é atrair indústrias para a
região. “Acredito que a pecuária e a agricultura seriam fontes de crescimento.
É uma cidade muito boa de viver. Estamos abertos para o microempresário e para
grandes indústrias também. Inclusive, temos interesse em doar terrenos para
elas se instalarem aqui”, diz o prefeito.
Com dois
aposentados para cada pessoa com trabalho formal, Uruana tem a agricultura como
principal atividade econômica e aparece ao lado de Santa Terezinha no segundo
lugar do ranking. Para o prefeito Cássio Gusmão de Oliveira (MDB), a
informalidade colocou a cidade entre as primeiras colocadas na pesquisa.
“Tínhamos indústrias de confecção que contratavam com carteira assinada, mas com
a crise elas foram fechando. No campo quase não se assina carteira. A
prefeitura tem quase 500 servidores, mas não entra na conta, porque não é CLT”,
comenta Cássio.
Estado
De acordo
com o secretário de Indústria, Comércio e Serviços de Goiás, Wilder Morais, o
objetivo do governo é regionalizar o desenvolvimento do Estado, de acordo com a
vocação de cada uma das regiões. Ele avalia que o número de aposentados maior
em determinados locais é natural. “Estamos fazendo um mapeamento de todo o
Estado. No caso das regiões Norte e Nordeste, são fortes na mineração. Estamos
levantado as potencialidades delas”, disse.
Fonte: O Globo/O
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