Depois que
foi demitida do último emprego que teve com carteira assinada, há cerca de três
anos, a técnica de enfermagem Lorena Borges França, de 35 anos, nunca deixou de
procurar trabalho. De lá pra cá, ela aceitou apenas ocupações temporárias como
babá e auxiliar de cozinha, mas todos sem registro. “Mas já faz cinco meses que
não consigo arrumar nada. Preencho fichas, vou a entrevistas e nada acontece”,
conta Lorena.
Para ela,
com tantos candidatos concorrendo a poucas vagas, as empresas estão exigindo
cada vez mais qualificação, apesar de pagarem um salário baixo, de pouco mais
de R$ 1 mil. “Ainda bem que ainda conto com a ajuda de meus pais e irmãos
porque tenho um filho de 15 anos para cuidar”, lamenta a trabalhadora, que
continua em busca de uma oportunidade.
Atualmente,
76 mil goianos já procuram emprego há mais de dois anos no Estado. Este número,
que era de 62 mil no quarto trimestre de 2018, foi embalado por um aumento de
2,5 pontos porcentuais na taxa de desemprego em Goiás, que atingiu 10,7% no
primeiro trimestre deste ano. Essa foi a segunda maior variação do País, atrás
apenas do Acre, que teve alta de 4,9 pontos, e a segunda maior taxa de
desocupação no Estado para o primeiro trimestre da série histórica, iniciada em
2012.
A população
goiana desocupada, estimada em 397 mil pessoas, teve um aumento de 32,3% em
comparação ao quatro trimestre de 2018, quando cerca de 300 mil pessoas estavam
sem trabalho, o que indica poucas efetivações após as contratações temporárias
para o fim de ano. Outro efeito do desemprego, o número de trabalhadores por
conta própria, atingiu o maior quantitativo da série histórica: 872 mil
pessoas.
É o caso da
confeiteira Kellen Tavares, que depois de ficar desempregada, há três anos,
começou a vender bolos por incentivo dos amigos. Ela acabou tomando gosto pela
confeitaria, fez um curso de certificação internacional em Brasília e, hoje,
além de fazer seus bolos, já ministra cursos em vários Estados. “Já me sinto
mais realizada empreendendo. Não preciso mais de carteira assinada”, garante.
O
superintendente do IBGE em Goiás, Edson Roberto Vieira, lembra que Goiânia e
Região Metropolitana apresentaram a menor taxa de desocupação do País no
primeiro trimestre: 7,2% e 8%. Isso significa que a situação é pior nos
municípios do interior. “Na capital, é mais fácil para a pessoa conseguir algum
trabalho por conta própria, com aplicativos, por exemplo”, diz. O resultado é
que muitos municípios estão perdendo população. Goiás também atingiu o maior
quantitativo de subutilização da força de trabalho na série histórica: 18,7%.
Enquanto a
cada grupo de 100 goianos, quase 11 estão desempregados, o número de
desalentados, ou seja, pessoas que já desistiram de procurar emprego, passou de
74 mil para 80 mil em 2019, e nem entram no índice de desocupação. “Com medo de
perder o emprego, muita gente passa a consumir menos, o que prejudica ainda
mais o mercado”, ressalta Edson.
Fonte: O
Popular
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