Tramita no
Senado a PEC 55 que impõe um limite aos gastos primários de todos os Poderes e
órgãos que integram a União pelos próximos 20 anos, o chamado Novo Regime
Fiscal.
Gastos
primários são todas as despesas realizadas pela União menos os juros. Ou seja,
com a proposta a União pretende impor um sacrifício de contenção de despesas a
todos os seus entes, menos ao capital especulativo, pois o pagamento dos juros
está garantido sem nenhuma imposição de limite.
Claro que a
dívida pública originada na corrupção, incompetência e privilégio devem ser
estancadas, ninguém é insano para achar o contrário. Porém, a União deve
envidar esforços para combater este tripé e não impor sacrifícios atingindo
diretamente os municípios e os seus habitantes.
Embora as
pessoas morem nas cidades, temos uma distribuição de receitas tributárias
absolutamente injusta, onde a União detém quase 70% da repartição, cabendo aos
Estados pouco mais de 25% e aos Municípios menos de 5% da arrecadação.
Esta divisão
faz com que os pequenos municípios dependam exclusivamente de transferências
voluntárias da União. E é nessa dependência econômica dos municípios com a
União que repousará o grande impacto negativo da PEC 55.
Dados
econômicos revelam que 83,4% do Orçamento da União, que compõem as chamadas
despesas obrigatórias, não podem sofrer cortes. Resta à União cortar as
despesas com saúde, educação, verbas destinadas à execução de políticas
públicas e do PAC.
Em outras
palavras, isso significa dizer que fora o desmonte da máquina pública, o
sucateamento do ensino superior, da falta de investimento em pesquisa, aos
municípios ficarão cada vez mais escassos os recursos destinados ao saneamento
básico, à política de tratamento de resíduos sólidos, aos programas de mobilidade
urbana, dos quais eles dependem exclusivamente dos recursos federais para sua
implementação.
O corte de
despesas desta natureza - para mim investimento - representará muito mais do
que 20 anos de congelamento, mas um retrocesso de progressão geométrica.
Um novo
pacto federativo é medida que antecede a fixação de limite de gastos pela
União, redistribuindo-se de forma mais justa as receitas tributárias. Somente
assim poderão os municípios atender a sua finalidade sem favores do Planalto.
Do contrário,
o congelamento dos gastos públicos levará os municípios à inanição,
constituindo-se a PEC 55 em mero instrumento de pagamento de juros e manutenção
de privilégios, garantido por força da própria emenda.
Texto: Rogerio
Paz Lima
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