Divinópolis de Goiás: 1º encontro da Reconstituição da História local aconteceu no Distrito de Vazante. Localidade apresenta fortes indícios de origens quilombola
Por Geórgia
Marques,
Aconteceu no
dia 04 de Novembro de 2016, no salão do Barracão do Povoado de Vazante, Distrito
de Divinópolis de Goiás, o 1º Encontro de Reconstituição da História Local. Com
o intuito de conhecer, discutir e apresentar 1ª Assembléia Geral de criação da
Associação Quilombola da comunidade, uma vez que a localidade apresenta fortes
indícios de origens quilombola por sua trajetória histórica própria, dotada de
relações sociais específicas, somada da preocupação da Superintendente de
Promoção de Igualdade Racial senhora Marta Ivone, viabilizou-se a assembléia
para reconhecimento dessas origens.
O primeiro
passo, após convocar a população local, assentamentos e zona rural para a reunião, foi organizar uma roda de conversa que possibilitou a coleta de dados através
de um levantamento prévio de informações sobre a ancestralidade e descendência
dos ali presentes através de relatos sobre a memória que carregam, em especial
dos moradores mais antigos. Alguns relataram não saber de onde seus pais
vieram, por exemplo, pois moram ali desde que se "entendem por
gente".
Durante a
roda de conversa foram esclarecidas algumas dúvidas sobre "o que é ser
negro no Brasil", "o que é ser quilombola", "o que é terra
devoluta", "quais são os direitos civis do quilombola", "o
que são cotas raciais", como também outros dos principais direitos
conquistados pelas lutas em prol da promoção da igualdade racial ao longo dos
anos. Foi ressaltado que, o reconhecimento de um Território Quilombola é uma
ação de Direito, apartidária e sem cunho religioso.
Ao final da
Assembléia foi elaborada uma Ata informando a importância e os motivos da
criação da Associação que ficou nomeada por Associação Quilombola da Vazante. O
nome foi alcançado por unanimidade dos votos dos então presentes que assinaram
a mesma formalizando e finalizando o primeiro momento da reunião.
O segundo
momento consistiu na busca do mastro na Paróquia local e sua levantada ao lado
do Barracão. Em sequência houveram algumas apresentações de cunho cultural
local, incluindo danças (sussia) e rezas cantadas e em latim.
É certo que
a visita da Superintendente de Promoção da Igualdade Racial e sua equipe,
disseminou a curiosidade dos participantes sobre assuntos relacionados à
ancestralidade, descendência e principalmente aflorou uma participação ativa no
âmbito do resgate cultural através de uma singela e calorosa apresentação de
Sussia, Folia, Reza e Terço em Latim.
As demais
dúvidas e esclarecimentos poderão ser sanados a partir do momento em que
comunidade alcançar a certificação e demarcação de Território Quilombola, tendo
assim sua Associação ativada poderá fazer usufruto de seus direitos instituídos
por lei.
No dia 05 de
Novembro foram realizadas algumas entrevistas e visitas. Entre as visitas foi
registrada em vídeo uma conversa entre a Pesquisadora Quilombola Georgia
Marques e a Superintendente de Promoção da Igualdade Racial Marta Ivone em
frente ao casarão do senhor Heleno, um dos casarões mais antigos da corrutela
que apresenta sua arquitetura totalmente preservada e segundo relatos, o mesmo
foi construído em 1831, pertencendo hoje à um morador da região. Discutiu-se
também outros aspectos das construções e árvores do local que são típicas de
quilombos.
Em frente ao
casão encontra-se um pequeno rancho, construído de adobe - construção típica de
quilombo. Foi visitada a residência de dona Lucina Lourenço, que relatou
brevemente sobre sua trajetória e de seus familiares na corrutela. Ao que tudo
indica, estes constituem uma parcela dos mais antigos moradores do povoado. Sua
casa foi a segunda a ser construída no local, seu esposo, irmãos e filhos
nasceram na região também.
Este evento
contou com a participação ativa da população que através de pequenas demonstrações
da reza, dança (sussia), com a Organização de Ursulino Gomes, Colaboração de
Dione Almeida, Apoio de Dione Almeida Assessoria e consultoria em Gestão
Pública e a Pesquisadora Quilombola convidada Georgia Marques, representando a
Universidade de Brasília (UnB).
Comentários
Postar um comentário